Safra gaúcha de arroz em 2017/2018 é afetada por atrasos e incertezas

 Safra gaúcha de arroz em 2017/2018 é afetada por atrasos e incertezas

Previsão é de diminuição de 3,6% na produtividade das lavouras

Por excesso de chuva, até outubro apenas 30% da área prevista havia sido semeada no Estado.

Com o plantio praticamente encerrado, produtores gaúchos de arroz não deverão ter muito o que comemorar na safra 2017/2018 e ainda tem muitas incertezas sobre a quantidade que será colhida. Parte da resposta depende excessivamente da luminosidade dos dias de março abril para compensar o atraso na semeadura.

Juntamente com o milho, a orizicultura é um dos fatores que deverá levar o Rio Grande do Sul a encolher o atual ciclo produtivo acima da média de brasileira. Em balanço divulgado ontem, o quarto levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a safra 2017/2018 aponta a queda total de produção gaúcha em 7,1%, ante 4,1 % nacional. E o arroz é um dos fortes integrantes do encolhimento por aqui.

Enquanto a quarta estimativa divulgada para o ciclo pela Conab mostrou uma redução menor para o milho (de 12% no estudo anterior para 9,5% no atual), o arroz confirmou retração de 2,1%. E agora sem chance de mudança, já que o período da semeadura se encerrou em dezembro, inclusive com prazo ampliado dentro do zoneamento agrícola, explica o diretor técnico do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Maurício Fischer.

O executivo explica que, neste ano, o atraso no plantio foi muito acima da média. "Por excesso de chuva, até outubro apenas 30% da área prevista havia sido semeada no Estado, enquanto o normal para o período seria entre 50% e 60%. Isso levará o início da colheita para o final de fevereiro ou até mesmo para o início de março. Um atraso de cerca de 20 dias", diz Fischer.

O maior problema do atraso, explica o diretor técnico do Irga, é que o estágio reprodutivo do arroz, que se benecia de dias mais longos de luminosidade, foi empurrado para muito além de janeiro, quando o sol ainda se põe mais tarde.

De acordo com a Conab, a produtividade terá queda prevista de 3,6%. "O problema é que apenas a cada cinco anos se pode dizer, em média, que março e abril são meses bons para o estágio reprodutivo do arroz. Ou seja, não é comum, e o produtor deverá contar ainda mais com São Pedro para não ter perdas maiores", alerta Fischer.

O ciclo atual também deve marcar a continuidade dos atuais baixos preços do grão, mesmo no período da entressafra, lamenta Fischer. Hoje, preço médio da saca está em cerca de R$ 35,00 ante próximo de R$ 50,00 no ano passado, calcula o diretor do Irga. "E os custos aumentaram. Como teve falta de chuva depois de outubro, os produtores precisaram banhar mais a lavoura, gastando mais em energia", analisa o diretor técnico do Irga.

Conab estima queda de 4,1% no volume de grãos produzidos no Brasil

Diretor jurídico da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federraroz), Anderson Belloli arma que a safra atual carrega incógnitas muito maiores agora do que em outros anos, especialmente sobre os custos. Isso porque, além do clima, a crise econômica e financeira enfrentada pelo setor levou o produtor a não aplicar toda a tecnologia de plantio que utilizaria normalmente. "Temos muito mais dúvidas sobre os resultados desse ciclo do que têm a Conab e o Irga. Essa redução de poder de investimento se reflete sobre o que será usado na lavoura e, consequentemente, na produtividade e nos custos médios", explica Belloli.

 

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