Concorrência do Paraguai preocupa arrozeiros gaúchos

Produtores de arroz tem problemas para lucrar em função do preço ofertado.

No Rio Grande do Sul, produtores de arroz já iniciaram a colheita do grão. A abertura oficial ocorreu nos dias 22 e 23 de fevereiro, na estação experimental do arroz, no município de Cachoeirinha, na Região Central do estado.

Atualmente, o preço pago pelo saco de 50kg de arroz é de R$ 34, porém, o custo de produção é de R$ 45. Portanto, o produtor gaúcho está pagando cerca de R$ 10 para produzir o grão.

De acordo com os próprios produtores, o preço que está sendo ofertado pelo grão não é suficiente para cobrir os custos de produção. Para piorar o cenário, a oferta de produto do Paraguai trouxe uma concorrência desleal no setor,

Jorge Divigi e sua família vivem da atividade há pelos menos 60 anos em Uruguaiana. Mesmo que a colheita comece nos próximos dias, o agricultor diz que, atualmente, o lucro não está compensando o invesitimento.

"Um ano extremamente difícil e sem precedente, né? Nunca se teve uma safra como essa. E a gente não tem condições de pagar todo o nosso investimento."
O Presidente da Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana e Barra do Quaraí, Roberto Fagundes Ghigno, conta que o preço teve um declínio de 30% de 2017 para 2018.

"O custo de produção da lavoura é bem acima disso. Estamos falando de uma média, cada um tem seu custo um pouco diferenciado. Mas a média do custo de produção está além disso. Teríamos que falar em torno de R$ 7 por saco de prejuízo hoje".

Outro fator que provocou a queda do preço do arroz foi a importação do produto, principalmente do Paraguai. Até 2016, o Rio Grande do Sul exportava mais do que comprava, porém, em 2017 a situação se inverteu.

Produtores de todo o estado estão indignados com a situação. Em Restinga Seca, mais de 1,5 mil agricultores protestaram contra a compra de mais de 1 milhão de toneladas de arroz no Paraguai.

Segundo os produtores, os insumos usados na lavoura do país vizinho, contra as pragas, custam sete vezes menos que no Brasil. E afirmam ainda que os impostos paraguaios são menores, tornando o produto mais competitivo do que o nacional.

Ivo Mello, coordenador regional na Fronteira Oeste do Instituto Rio Grandense de Arroz (IRGA), diz que a briga dos produtores é para obter igualdade de condições de produção, considerando os países do Mercosul.

"Nós temos um bloco econômico, onde esses produtos, como o arroz, têm livre comércio. E então, acabam por situações, particulares de cada país, fazendo com que a competitividade do produto tenha diferenciais", afirma.

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