Colheita sob protestos
Arrozeiros reclamam de prejuízos milionários, dívidas e altos custos.
Com prejuízos em sete das 10 últimas safras, recebendo R$ 12,00 abaixo do valor que desembolsam para produzir uma saca de 50 quilos e uma dívida estimada em R$ 3,5 bilhões, foi sob protestos que os arrozeiros gaúchos e catarinenses abriram a colheita do arroz 2017/18, na sexta-feira, na Estação Experimental do Arroz do Irga, em Cachoeirinha (RS).
Cerca de 2,5 mil arrozeiros acompanharam os discursos das lideranças setoriais, do governador José Ivo Sartori e de Neri Geller, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. Atualmente o preço da saca está em R$ 33,00 em Cachoeira do Sul, enquanto o custo de produção é apontado em R$ 45,21.
FOSSO COM ÁGUA
Com o clima tenso e a expectativa de protestos, um fosso com água e aparato de segurança separou os agricultores das autoridades. De Cachoeira, três ônibus e veículos particulares levaram cerca de 150 produtores e familiares ao evento, além da comitiva da Fenarroz. O diretor da Secretaria da Agricultura, Diego Cruz, representou o prefeito Sergio Ghignatti.
UMA PERGUNTA
Por que tanta vaia ao presidente da Federarroz?
Para os produtores, a vaia está associada ao fato do presidente Henrique Dornelles, em segundo mandato, não ter aceitado sequer discutir o endividamento do setor durante boa parte de seu primeiro mandato e agora pregar que os agricultores reduzam área. Também entendem que a entidade se distanciou dos produtores, estabeleceu pauta focada numa minoria de grandes arrozeiros capitalizados e criticou a competência dos endividados. Para os rizicultores que ouvimos, foi necessário que a Farsul e o Irga mostrassem as reais razões das dívidas e da falta de competitividade do arroz brasileiro para a Federarroz mudar o discurso. No entanto já era tarde.
>> O QUE DISSERAM
Clima tenso entre as entidades do arroz
FETAG
* O cachoeirense Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), foi homenageado e fez um discurso duro, muito aplaudido. Ele defendeu redução do ICMS, suspensão de importações de arroz do Mercosul e apoio federal para garantir um preço justo ao rizicultor cara a cara com o governador e representantes do Ministério da Agricultura. Também pediu a composição das dívidas para permitir que o agricultor supere a crise e continue produzindo alimentos.
TE MEXE, ARROZEIRO
* Juarez Petry de Souza, de Tapes (RS), representou o movimento Te Mexe, Arrozeiro. Citou as razões da crise, pediu solução para as dívidas, ajustes dos preços mínimos à realidade de custos da lavoura e que o governo, além dos leilões já planejados, adquira arroz e permita a importação de insumos. Petry enfatizou que o produtor não aguenta mais endividar-se e perder renda e patrimônio a cada ano. “A escravidão acabou”, disse.
* Lembrou o dano social gerado pelo prejuízo às economias de 153 municípios gaúchos que dependem dessa atividade. Pediu restrições às importações de arroz do Mercosul, apoio federal à exportação e anunciou uma grande assembleia arrozeira em Cachoeira do Sul no final de abril.
* As manifestações demonstraram a cisão entre os agricultores e a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). “Se 11% dos produtores de arroz plantam mais de 60% da área, não venham pedir que os 89% de pequenos agricultores reduzam as lavouras. Peçam para os grandes”, resumiu.
FEDERARROZ
* O presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, fez um rápido discurso, marcado pelas permanentes vaias dos arrozeiros, alguns entre os quais pediam sua renúncia. Ele defendeu a unidade do setor em busca de soluções e explicou que os problemas setoriais são mais complexos do que parecem.
GOVERNO DO ESTADO
* O governador José Ivo Sartori destacou a importância da orizicultura gaúcha para o Brasil, pois representa 70% da produção do grão, e pediu um estudo para avaliar a possibilidade de reduzir ou compensar as taxas de ICMS sobre o cereal. Também quer uma lista de exceções às importações do Mercosul, como leite, trigo e arroz.
* Reconheceu que o Irga merece mais apoio. Hoje, dos R$ 89 milhões por ano que os arrozeiros recolhem para o Irga, 65% vão para o Caixa Único do Estado e não voltam. O débito do Estado com o Irga beira R$ 200 milhões. Mas, enfatizou a situação de “penúria dos cofres públicos” e que o Estado agora está no caminho certo. “Olhem para frente e para cima que vocês vão prosperar”, sugeriu.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA
* Neri Geller, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, lembrou que foram liberados R$ 100 milhões para comercialização de 1,2 milhão de toneladas de arroz por meio de mecanismos federais, que podem ajudar a elevar os preços locais. Assegurou que pelo menos mais 200 mil toneladas serão adquiridas nos próximos dias e se comprometeu em buscar prorrogação de todas as parcelas de custeio e investimento vincendas em 2018 para 2019. Esta medida seria apenas para o crédito oficial. O problema é que 75% dos produtores gaúchos atualmente plantam com crédito das indústrias e fornecedores de insumos. Neste caso, a recomendação é a formação de grupos de produtores e renegociações em bloco.
Show do Irga em Cachoeirinha
Abertura da colheita reuniu entidades da cadeia produtiva do arroz e políticos, além de muita tecnologia
A programação da Abertura da Colheita do Arroz no RS, iniciada na quarta-feira, movimentou mais de 7 mil produtores em Cachoeirinha (RS), com atrações em tecnologia, máquinas, equipamentos, debates e palestras técnicas e sobre mercado. O Instituto Rio Grandense do Arroz e as inúmeras empresas públicas e privadas da vitrine tecnológica deram um show de estrutura e tecnologia para uma produção competitiva e sustentável.
Foram instaladas áreas com arroz, milho e soja na várzea com diferentes manejos de variedades, irrigação, fertilizantes, defensivos e outros insumos. A equipe do Irga organizou a estrutura de aproximadamente quatro hectares com lavouras experimentais. A equipe da coordenadoria regional de Cachoeira, capitaneada pelo engenheiro agrônomo Pedro Hamann, participou dos preparativos, das apresentações e também do acompanhamento dos grupos de produtores. Segundo Hamann, foi expressiva a participação de arrozeiros da Região Central.
Planeta Arroz na Abertura da Colheita
Técnicos da RiceTec com a 65ª Planeta Arroz no evento em Cachoeirinha /VALDIR BRITO
Só elogios no evento Abertura da Colheita do Arroz no Rio Grande do Sul, que ocorreu na estação experimental do Irga, em Cachoeirinha, para a 65ª edição da revista de circulação nacional Planeta Arroz. A publicação é da Casa Brasil Editores, uma das empresas do Grupo Vieira da Cunha (GVC). Uma das reportagens de destaque da edição aborda os desafios e soluções das lavouras de alto rendimento da Depressão Central gaúcha e destaca o lançamento de um híbrido de alto potencial da RiceTec. O lançamento oficial da edição ocorreu quinta-feira, com distribuição da revista a expositores e visitantes do evento, que encerrou na sexta-feira.
A Fenarroz também
Soberanas da Fenarroz com o presidente do Irga, Guinter Frantz /DIVULGAÇÃO
A Fenarroz também foi à Abertura da Colheita do Arroz. O presidente da 20ª Fenarroz, Francisco de Paulo Vargas Júnior, liderou a delegação com a rainha Eduarda Prade da Silva e as princesas Laura Alves e Laura Chaves Schmidt. A Fenarroz ocorrerá de 29 de maio a 3 de junho.
10 Comentários
Plantem sem Banco e sem Dinheiro de Industrias…..Reduzam 30% da Area…Construam Silos e parem de Depositar nos Engenhos…..Não vendam arroz abaixo do Preço de Custo…Acampem em Brasilia e peçam mesmos Benefícios de arroz Importado do Mercosul…Não dependam de Governos….
Irônico ?? Eu ??.. Supermercado de Minha Cidade (Camaquã)..Sal Cisne refinado R$ 2,75 Kg…..Arroz Tipo 1 Record R$ 1,89 Kg……ACORDEM…
Apesar do possível tom irônico, desta vez sou obrigado a concordar com as sugestões do Toninho Malvadeza. Sds
Momento é de união, vaiar o presidente da FEDERARROZ e não vaia rSartorr e pessoal do MAPA ficou estranho… inimigo errado na minha opinião, se virar politicagem ai temos que abandonar a atividade mesmo…
Voltando as idéias para melhorar o preco esta safra: governo impedir saída de arroz do RS até o preco em casca chegar no custo de produção, produzimos 70 por cento do arroz do Brasil, em no maximo 15 dias começa a faltar arroz lá em cima e quando falta … sobe
o rs detentor dos 70% do arroz brasileiro qualquer outro governador apoiaria a classe, so que um estado quebrado um governo que arria as calças para qualquer imposiçao federal e nao reage, nao coloca contra partida com seus produtos que deixa uma de sua maior fonte de riqueza que e o arroz que alimenta os brasileiros entrar em crise por pagar um preço injusto ao produtor com ate r$15,00 de prejuizo por saca e ainda aconselhando que diminuam area plantada e uma vergonha
acordem politicos gauchos, planegem o mercosul coloquem o arroz no preço justo ao custo de produçao para sermos competitivos em outros mercados
Só vislumbro duas saídas para evitar a quebradeira: 1. Pedir recuperação judicial ou moratória judicial (prazo: 6 meses a 3 anos) o efeito disso seria uma penca de ações judiciais (isso funcionou em 1995 e obrigou o governo a fazer a securitização e o pesa). 2. Já que o governo federal está mais preoucupado com a intervençao militar e reforma da previdência, todos os prejudicados deveriam se unir e criar um fundo para ir prá Brasilia de caminhão, tratores e colheitadeiras( trigo, arroz, leite, todos setores que estão mal) e protestar ordeira e pacificamente por um mês no mínimo com uma pauta bem definida e resumida (Federarroz, Irga, Farsul e Te Mexe Arrozeiro). 3. Quem planta com Financiamento Privado deve buscar reduzir area e capital tomado em 50% até conseguir pular fora de CPRs e agiotas. Seu Antonio Rodrigues tem toda razão. Falta a grande maioria de nossos produtores visão macroeconômica e profissionalismo!!! Avisados foram… A politicagem não vai salvar o pelo de ninguém… O que pode salvar são atitudes racionais, planejadas e coordenadas. Muita inteligência e calma nessa hora!!!
O pessoal tinha q pressionar para a aprovaçao da lei 7.590/2017 no Congresso Nacional que justamente disciplina a Recuperaçao Judicial para as pessoas fisicas!!! Se existe para pessoas juricas porque as fisicas em estado de insolvência não poderão receber o beneficio… Mas isso são soluções paliativas!!! Enquanto continuarem plantando demais, enquanto continuar entrando arroz do Mercosul as pencas, Enquanto o produtor plantar com dinheiro de agiotas, enquanto não exportarmos de 2 a 3 milhões de toneladas, nada irá mudar… Bolsonaro vem ai !!!
Boa noite reduzimos e o Mercosul vai importa da puta que pariu e colocar aqui no Brasil esse país tá fudido tem que matar de vez o setor primário e importa tudo de uma vez chega de sofrer com agricultura
Bom seu Regis então o Sr. siga plantando bastante e aguente no osso do peito! Se reduzir aqui o Paraguay vai vender mais caro prá cá e os poderão subir internamente!!! Isso em tese!!! Sai muito caro prá eles trazerem arroz do Vietnãm e colocar aqui em funçao do frete e armazenagem!!! O pessoal está sendo rotulado a não reduzir área em função dos grandes produtores… Vcs tem que entender que grande parte deles está muito capitalizada… 89% não está… Tem que se capitalizar para plantar ou parar!!! Não tem outra saída a menos que se consiga uma prorrogação substancial nas dívidas!!! Existe muita oferta e o governo sozinho não resolver o problema sem pressão!!!
Essa ladainha de abertura de colheita, já virou refrão , reclamações, protestos, cartinhas para governos e políticos nunca levaram a nada, é hora de medidas duras e resolutivas, o resto é papo furado !!!!!