Produção cairá 600 mil toneladas
Colheita no Tocantins também vai atrasar nesta temporada
Volume iguala importações do Paraguai em 2017,
mas pode ser insuficiente para garantir renda.
A safra brasileira de arroz 2017/18, que está em plena colheita, será 605 mil toneladas menor do que a anterior. A redução de 1,9% da superfície semeada, para 1,944 milhão de hectares, e o atraso de 50% do plantio no Rio Grande do Sul e em parte do Tocantins mais o clima não tão favorável quanto na temporada 2016/17 devem se refletir numa queda em produtividade de 3,9%, para 5.978 quilos por hectare. Desta maneira, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou em janeiro uma colheita de 11,622 milhões de toneladas no Brasil nesta temporada, com retração equivalente a 5,7%. Os números ainda podem sofrer alteração de acordo com o andamento da colheita.
“Como o plantio no Rio Grande do Sul atrasou, vamos depender muito do que ocorrerá em termos climáticos em fevereiro e março, especialmente para estes 50% das lavouras que foram semeadas depois de 10 e 15 de novembro”, registra Guinter Frantz, presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz.
O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, lembra que as intempéries e o atraso geraram uma germinação desuniforme e também atrapalharam as etapas de manejo.
Exceto no Sul, onde os baixos preços da temporada passada foram o principal balizador da área semeada, as demais regiões também estão realizando cortes em áreas de sequeiro, substituindo o arroz por culturas mais rentáveis e de maior liquidez, como soja e milho. Na Região Norte, a segunda maior produtora de arroz do Brasil, a área plantada vai decrescer em torno de 1%, para 260,9 mil hectares. Acre, Amazonas, Pará Roraima, Rondônia e Tocantins concentram a produção que atende parte da demanda regional. Em Tocantins, as lavouras de sequeiro vão reduzir 12,1%, mas o irrigado deve se manter em 105 mil hectares.
No Nordeste, a expectativa é de incremento do sequeiro em 4,1% e do irrigado de 9,4%. No Maranhão, o plantio deve ser 6,5% superior à safra passada. A superfície com grão irrigado deve aumentar para 2,9 mil hectares. Sergipe, com parte da área irrigada, e Bahia, em abertura de áreas para soja, são os outros maiores produtores.
Questão de clima
O Centro-Oeste, terceira maior região produtora, vai reduzir a área em 9,2%, sendo 10,8% no sequeiro e 2,9% no irrigado, substituídos por soja. O clima elevará o rendimento para 3.089 quilos por hectare. Projeta-se produção de 414,9 mil toneladas, em queda de 15%. Em Mato Grosso do Sul, a semeadura aconteceu em 14,3 mil hectares para uma produtividade média de 6.100 quilos por hectare. Na Região Sudeste, a área plantada cairá 9,3%, se comparada a última safra. Destaca-se São Paulo, onde o tamanho da lavoura estabilizou em 9,4 mil hectares e se concentra no Vale do Paraíba. A produtividade esperada no irrigado é de 4.184 quilos por hectare.
FIQUE DE OLHO
Na Região Sul – onde se concentra a maior parte da produção do país e o cultivo de arroz é quase que totalmente irrigado, apenas um percentual pequeno no Paraná é cultivado em sequeiro –, a área deve sofrer pequena redução de 2%, quando comparada à safra passada. No norte do estado paranaense, os produtores fazem duas safras aproveitando o rebrote do arroz – soqueira – e chegam a até 250 sacas de 50 quilos por hectare. Santa Catarina deve registrar uma queda de 4,9% em produção, para 1,07 milhão de toneladas, por causa de uma retração de 0,5% em extensão, para 146,7 mil hectares, e de 4,4% em produtividade, para 7,3 mil quilos por hectare.