Safra gaúcha deve bater em 8 milhões de toneladas

Projeção de 7,8 milhões de toneladas já foi quase alcançada com 89% da área concluída: 955 mil hectares e 7,54 milhões de toneladas. Só uma catástrofe resultaria na colheita de 350 mil toneladas em 120 mil hectares.

A colheita gaúcha de arroz vai superar a expectativa dos organismos oficiais, divulgada em fevereiro, de produzir 7,87 milhões de toneladas nesta temporada. Ao menos se confirmar – em sempre confirma – o relatório de colheita divulgado ontem pela Equipe de Política Setorial do Instituto Rio Grandense do Arroz aponta que com 89,1% das áreas já concluídas, a produtividade se mantém alta, e chegou a 7.899 quilos por hectare e 7,543 milhões de toneladas.

É praticamente impossível que nos próximos 120 mil hectares a área gaúcha tenha produtividade média abaixo de 5 mil quilos, salvo o caso de uma catástrofe. O rendimento médio vem caindo semanalmente, mas na faixa de 100 quilos.

O levantamento do Irga mostra que 955 mil hectares já estão colhidos, de um total previsto de 1,071 milhão. A estatística governamental também demonstra que a tecnologia utilizada pelos arrozeiros gaúchos é altamente responsiva ao clima, que melhorou depois do frio em fevereiro.

Os danos pelo atraso na semeadura e as baixas temperaturas, pelos números, foram superdimensionados. A expectativa agora é de que a estatística técnica do organismo não sofra interferências políticas, uma vez que é praxe a pressão de deputados federais ligados à orizicultura e até mesmo conselheiros tentarem interferir nos relatórios técnicos. Tapar o sol com a peneira é um erro que só prejudicaria ainda mais os produtores, que acabam se pautando por informações manipuladas por políticos, enquanto todo o resto da cadeia (pelo financiamento direto e a entrega a depósito, em especial) sabe exatamente os volumes envolvidos na colheita, inclusive com mapas regionais e por produtor.. 

OUTRO LADO

Por outro lado, os números também mostram que não fossem esses fatores, o Rio Grande do Sul poderia estar colhendo uma safra de quase 9 milhões de toneladas, o que seria a pá de cal para muitos produtores. Com este volume de produção, não haveria recuperação de preços, mesmo que esta só alcance um quinto ou um quarto dos agricultores.

A mudança de 110 a 150 mil toneladas colhidas a mais no Rio Grande do Sul não tem força para interferir de forma significativa no mercado. Talvez, atrasar um pouco mais a recuperação dos preços – fenômeno percebido desde a semana passada. Com isso, a expectativa também aumenta para o levantamento da Conab na próxima semana, em especial com relação ao comportamento em outras unidades federativas.

Os indicadores de colheita são apenas uma nova peça na composição do imenso quebra-cabeça que se formou nesta complexa temporada da orizicultura. O levantamento do Irga pode ser baixado em nossa área de downloads ou no site do Irga, na seção de safras.