Arroz era moeda de troca e forma de pagar samurais no Japão do passado
Uma das peças chaves para a culinária do país, o gohan não é só comida para o povo japonês, ele faz parte da história, é a base de uma arte..
Um caminho estreito, coladinho nas casas. Moradores e trens urbanos convivem assim desde 1872. São 27 mil quilômetros de linhas férreas no Japão. A equipe do Globo Repórter chega em Kamakura, na província de Kanagawa. A cidade foi capital feudal do país de 1185 a 1333. Era o tempo dos xoguns – os líderes militares do Japão medieval. O imperador, em Kyoto, era só um símbolo. O temido clã Minamoto governava em Kamakura, protegido pelas montanhas e pelo mar.
Da cidade de Shimada, partimos rumo às tradições desse país. Em comum a todos os Japoneses está o gosto pelo arroz. Eles comem o dia inteiro, desde o café da manhã e nas refeições em geral. As crianças levam para o lanche da escola. Não é só comida, é parte da história deste país e de cada um deles. Dois mil anos de cultivo. O gohan – arroz cozido japonês – é a base de uma arte. Durante séculos foi moeda. Samurais eram pagos com arroz. E a riqueza dos senhores feudais se media pelas sacas no estoque.
Em Wajima, cidade costeira na província de Ishikawa, o arroz é plantado em terraços nas encostas, de frente para o mar do Japão. O senhor Domae é produtor e explica que os terraços não produzem tanto quanto os campos, mas a missão dele é preservar a tradição e passar para os mais novos. São 125 dias cuidando da plantação, e o senhor Domae colhe três toneladas de arroz por ano. Mas ainda falta uma fabulosa surpresa, que se revela à noite! Quem imaginaria um espetáculo assim: duas mil lâmpadas de led cobrem os terraços. Um encontro de tradição e modernidade. É o Japão do século 21.