Produção de alimentos crescerá 17% na América Latina e Caribe na próxima década

 Produção de alimentos crescerá 17% na América Latina e Caribe na próxima década

Soja deve liderar aumento na região; maior parte da alta virá do melhor rendimento

Relatório da FAO e OCDE indica que 53% da ampliação será a partir do avanço de cultivos e 39% da pecuária .

A produção agrícola e pesqueira da América Latina e do Caribe aumentará 17% na próxima década, com o cultivo de soja liderando a expansão, de acordo com relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicado na última terça-feira. Mais da metade deste crescimento (53%) será a partir da ampliação na produção de cultivos, 39% à pecuária e os 8% restantes à expansão da piscicultura, de acordo com o relatório “Perspectivas Agrícolas 2018-2027”.

Está previsto que a produção total de cultivos na região cresça 1,8% por ano até 2027. Cerca de 60% deste incremento se deverá a melhorias no rendimento, que aumentará cerca de 11% na próxima década, liderado pelos cultivos de cereais e leguminosas.

O estudo projeta que o uso agrícola da terra na região se expandirá em cerca de 11 milhões de hectares, sendo que a soja representará aproximadamente 62% desse crescimento. A previsão é de que o Paraguai expanda significativamente sua área de cultivo de soja, enquanto o Brasil fará o chamado cultivo múltiplo, ou seja, soja e milho em um mesmo terreno.

A produção de carne deve crescer 19% na próxima década, com exportações que aumentarão em quase 3 milhões de toneladas no mesmo período, o que representa crescimento de 31% em relação aos anos de 2015 e 2017 e expansão quatro vezes maior que nos últimos dez anos. Três quartos desta alta virá do Brasil. O setor de laticínios deverá ter alta de 18% no consumo.

No setor de pesca, é prevista importante contribuição da piscicultura no Brasil e no Chile, com ampliação da produção em 43%, o que manterá a América Latina como segundo maior produtor mundial de aquicultura, depois da Ásia.

Cotações da maior parte dos produtos deve cair
O relatório traz um alerta para regiões produtoras, pelas projeções para os preços dos principais produtos agrícolas nos próximos 10 anos.

O documento indica que as cotações da maior parte dos produtos devem cair em termos reais. Ou permanecer em níveis baixos. Na próxima década, é esperado menor crescimento na demanda global por commodities agrícolas e alimentos, fruto da expansão demográfica mais fraca, e melhorias contínuas de produtividade no setor.

Arroz, soja e carne bovina estão entre os itens com expectativa de recuo em valores reais. A desaceleração pela busca de carnes pode afetar a demanda por cereais e farelos usados nas rações. A boa notícia é que, como os grãos serão pressionados, os custos não devem subir, e as margens serão preservadas. O melhor panorama é traçado para os lácteos, com aumento do consumo per capita.

Expansão de 20% no mundo

No mundo, expectativa é de que a produção agrícola e pesqueira cresça 20% na década. O aumento será ainda maior nas regiões em desenvolvimento, como a África Subsaariana, Ásia Meridional e Oriental, Meio Oriente e Norte da África. Movimento oposto deve ocorrer nos países desenvolvidos.

De acordo com o relatório, a produção agrícola global cresce de forma constante e atingiu níveis recordes em 2017. Porém, a manutenção deste cenário envolve o incentivo do comércio agrícola, fundamentado em políticas específicas para o setor.

Durante a divulgação do relatório, o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, e o diretorgeral da FAO, José Graziano da Silva, ressaltaram a importância de adoção de políticas de estímulo à produção e ao comércio. Eles alertaram que, apesar da projeção de alta da produção, há tendência de queda da demanda mundial pelo declínio nas taxas de crescimento da população.

O relatório ressalta ainda sobre os problemas de insegurança alimentar, aumento da desnutrição e limitações no manejo de recursos naturais no Oriente Médio e o Norte da África.

Demanda por biocombustíveis

A demanda por cereais e óleo vegetal para a produção de biocombustíveis deverá permanecer praticamente inalterada nos próximos 10 anos, diferentemente do que ocorreu na última década. O destaque é para a expansão dos biocombustíveis para mais de 120 milhões de toneladas adicionais de cereais, sobretudo, milho. De acordo com o estudo, a falta de apoio dos países desenvolvidos aos biocombustíveis ocorre em oposição ao que há entre os em desenvolvimento, que devem estimular sua expansão. Segundo o relatório, o uso de cana-de-açúcar para a produção de biocombustíveis deve aumentar.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter