Novas referências
Mercosul vive momentos
distintos, dependente
do consumo brasileiro
e do câmbio
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A produção e o mercado de arroz dos países ativos do Mercado Comum do Sul (Mercosul) vivem momentos distintos. Isso se deve às diferentes realidades econômicas, políticas, à infraestrutura e às regras de comércio sob as quais cada um produz e comercializa. Nos países vizinhos Argentina, Paraguai e Uruguai ainda há dependência do consumo do Brasil, em especial pelo Paraguai, e realidades diversas na formação de custos e preços.
No primeiro semestre de 2018/19 o Brasil teve preços domésticos baixos, entre 9,80 dólares e 11,50 dólares, em média. Isso tornou o país, que consome 12 milhões de toneladas e importa por ano quase um milhão de toneladas, forte exportador com baixo volume de compra no Mercosul. Ao menos 50% da oferta dos três países vizinhos se dirige ao Brasil.
Uma das diferenças é que enquanto as vantagens competitivas mantêm a produção paraguaia em alta, uruguaios e argentinos vivem dias difíceis e preocupantes quanto ao futuro do setor.
Maior fornecedor do Brasil, o Paraguai deve registrar aumento de área em 2018/19 para ao menos 163 mil hectares (5%). Em 2017/18 a superfície semeada subiu 11% e o país guarani colheu 961 mil toneladas. Apesar de vendas fracas no primeiro semestre, o Paraguai faz um esforço para buscar novos clientes e obteve uma vitória ao exportar 30 mil toneladas de arroz premium ao Iraque, o que exigiu grande mobilização logística.
ARGENTINA
Na Argentina o plantio aumentou na temporada passada, a 202,3 mil hectares. Foram colhidas 1,243 milhão de toneladas. A desvalorização do peso favoreceu negócios no exterior, mas o custo de produção, dificuldades em exportar e a concentração das áreas por grandes empresas têm sido fatores que indicam na próxima safra a manutenção ou queda de área entre 1% e 2%.
PRECEDENTES
Com seis safras acumulando prejuízos, um movimento pela valorização da agropecuária nacional e pedido para prorrogar financiamentos os arrozeiros uruguaios vivem a situação mais dramática do Mercosul. Após reduzir quase 4% a superfície semeada, a 156 mil hectares em 2017/18, se espera diminuição de 10%, que pode variar de 15 e 18 mil hectares, para o máximo de 141 mil hectares cultivados.
Alfredo Lago, presidente da Associação dos Cultivadores de Arroz (ACA) do Uruguai, registra que até julho 37% da safra do grão foram comercializados. “Perdemos competitividade pelo alto custo. Frente ao mercado internacional, as indústrias não conseguem repassar e valorizar o produto. Isso mantém um teto de preços que não remunera o agricultor e a situação se torna insustentável”, frisa. Nas primeiras safras o arrozeiro administrava as perdas com reservas das colheitas anteriores. “Mas, em seis anos no vermelho, não há mais economias”, acrescenta. Sua área poderá, pela primeira vez, ser superada pelo Paraguai.