De olho no futuro
Novas ferramentas para controlar ervas daninhas resistentes a herbicidas estão a caminho da lavoura.
Os rizicultores do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Tocantins, que juntos produzem 85% do arroz do Brasil, têm plantado suas lavouras com um olho nas tecnologias disponíveis e outro no pipeline das multinacionais e centros de pesquisa. A expectativa é para o lançamento de mecanismos que permitam o controle das superplantas daninhas, resistentes a herbicidas, que estão fugindo ao controle dos sistemas de defesa nas plantações.
Os mecanismos de ação contra as ervas invasoras estão sendo gradativamente quebrados e a pesquisa não tem dado as respostas na mesma intensidade. “É cada vez mais difícil e mais caro encontrar novas moléculas de controle, o que nos leva à necessidade de manejar corretamente e usar com inteligência as ferramentas disponíveis, sejam químicas ou por manejo agronômico”, reconhece Paulo Massoni, pesquisador do Instituto Rio Grandense do Arroz.
Duas dessas pragas se destacam pelo nível de danos e a disseminação nas áreas de cultivo com características de resistência a herbicidas, o que torna ainda mais difícil o controle: arroz vermelho (Oryza sativa) e capim arroz (Echinochloa ssp).
O arroz vermelho resistente a herbicidas, principal erva daninha da orizicultura, já foi detectado em 57% das lavouras gaúchas. Em algumas regiões, as infestações estão disseminadas em 92% das áreas. O número de espécies resistentes é crescente e o manejo complexo por se tratar de planta que cruza com o arroz branco e adota suas características.
A estimativa dos produtores é de que apenas pela presença do grão vermelho, e outros inços resistentes a defensivos, os cultivos com maior grau de infestação tenham perdas médias de pelo menos 30% no potencial produtivo e um aumento de até 200% nos custos em herbicidas sobre a dosagem recomendada.
O arroz vermelho (e preto) é a causa de 61% das reprovações de lotes na indústria e gera a desvalorização do grão.
Paulo Massoni explica que o fluxo gênico é a principal causa da infestação no Rio Grande do Sul, pois conferiu características de resistência ao princípio ativo das imidazolinonas, que é a chave de sistemas como o CL (de Clearfield, da Basf) e o RI (de resistente às imidazolinonas) presentes em 90% das cultivares comercializadas com sementes certificadas no Sul do Brasil. O uso inadequado da tecnologia e a desobediência às regras de segurança também comprometem a tecnologia, segundo o cientista.