Reforço a caminho

Irga e Basf fecham acordo para desenvolver sistema Provisia no Brasil.

Uma das tecnologias mais aguardadas do mundo do arroz deve chegar no máximo em cinco safras às lavouras do Rio Grande do Sul. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e a multinacional de agroquímicos Basf assinaram contrato para disponibilizar à lavoura gaúcha o sistema de produção de arroz Provisia. O Irga pretende reduzir ao máximo este prazo.

Trata-se da conjugação do uso de variedades do instituto público resistentes a herbicida com o defensivo pós-emergente Provisia. No momento as regras de capacitação dos técnicos estão sendo pormenorizadas para que a fonte de resistência ao herbicida seja entregue à equipe de melhoramento genético do Irga, que irá agregar o gene às suas cultivares comerciais. Não se trata de arroz transgênico, mas de uma variedade que sofreu mutação.

Maurício Fischer, diretor técnico do Irga, destaca que o processo de introgressão do gene nas cultivares deve levar de três a cinco anos. “Estamos nos programando para utilizar o menor tempo possível para disponibilizar uma variedade de boa qualidade e com todas as garantias de eficiência à lavoura”, assegura.

Segundo ele, a meta é agregar esta característica a uma cultivar que seja resistente às principais doenças, tenha alto potencial produtivo e qualidade de engenho e de cocção.

O herbicida ainda não está registrado no Brasil, processo que será iniciado em breve. Além das variedades de maior expressão, o Irga pretende transferir o gene para materiais híbridos desenvolvidos em parceria com o Fundo Latino Americano de Arroz Irrigado (Flar). É uma das exigências da multinacional, que não quer ver suas tecnologias pirateadas.

O Provisia foi desenvolvido para uma rotação de princípios ativos na condução da lavoura de arroz e potencializará o sistema Clearfield. O sistema tem um controle de amplo espectro sobre ervas daninhas resistentes como arroz vermelho e capim-arroz, entre outras que afetam o rendimento da lavoura.

Os técnicos sugerem um sistema que envolva o plantio de Provisia, CL, soja e uma variedade convencional de arroz. O mecanismo permite alternar diferentes modos de ação de herbicida (ALS, ACCase) para o manejo sustentável de todos os tipos de arroz resistentes e gramíneas anuais.

Paulo Massoni, pesquisador do Irga, afirma que as plantas daninhas resistentes se tornaram um dos mais graves limitantes da produção e da renda na cultura do arroz.

A SOJA COMO ALIADA
A rotação de culturas entre o arroz e a soja tem sido uma arma eficiente usada nas terras baixas. O uso da oleaginosa permite a aplicação de glifosato, herbicida total que consegue vencer as ervas daninhas resistentes aos defensivos voltados para as gramíneas. A recomendação é usar a soja por dois anos antes de voltar ao arroz. No entanto, é preciso lembrar que o Rio Grande do Sul está plantando 275 mil hectares de soja várzea e 1,1 milhão de toneladas de arroz, em média, ou seja, nem todas as áreas estão aptas agronomicamente a receber soja, e algumas são arrendadas e o proprietário prefere receber a renda do arroz.

Além disso, é preciso tomar cuidado com a chamada “soja ruim”, isto é, lavouras de soja com má condução do manejo de plantas daninhas que acabam permitindo escapes e o desenvolvimento de plantas daninhas resistentes ao princípio ativo do glifosato, inclusive para o arroz. Estes escapes permitem às plantas sementar em condições de causar uma grande infestação e prejuízos na volta do arroz à área.

QUESTÃO BÁSICA
Para controlar as invasoras, os agricultores estão lançando mão de ferramentas agronômicas como preparo antecipado de área, retardamento do plantio para permitir duas ou três emergências das invasoras seguidas de roçadas, a mudança de sistema de cultivo, incluindo o pré-germinado, rotação com soja e até milho e uso de dois ou três cortes com manejo de invasoras são outras alternativas. Além disso, a pesquisa recomenda a rotação de grupos de herbicidas de diferentes princípios ativos em pré e/ou pós-emergência.

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