Dia de Campo da Região Central reuniu mais de 1.200 pessoas na UFSM
Evento foi promovido pela Coordenadoria Regional do Irga e o Grupo de Pesquisas em Arroz Irrigado da Universidade Federal e inovou na didática apresentada aos visitantes.
Se a inovação é uma das receitas para diversificar e buscar a sustentabilidade da lavoura arrozeira, transmitir as informações e resultados de pesquisas aos agricultores de forma inovadora e didática parece ser um caminho muito eficiente para transmitir o conhecimento, tecnologias e propor o debate para o futuro da lavoura. Foi assim, de maneira didática e inovadora, com linguagem simples e objetiva, que o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), por meio de sua coordenadoria regional, e o Grupo de Pesquisas em Arroz Irrigado da Universidade Federal de Santa Maria (Gpai/UFSM), promoveram com sucesso o Dia de Campo da Região Central, nesta quinta-feira, em Santa Maria (RS).
O evento contou com a presença de mais de 1.200 produtores, estudantes, técnicos e demais interessados que tiveram acesso a uma área exemplar de lavouras experimentais conduzidas pela equipe de graduandos, pós-graduandos, mestrandos e doutorandos comandada pelo doutor em fitotecnia e professor da UFSM, Enio Marchesan. O clima ameno e o sol encoberto pela manhã tornou o passeio pela área experimental muito aprazível.
ESTAÇÕES
Foram montadas cinco estações técnicas e cinco oficinas no campo. Pela parte da manhã, o roteiro incluiu: Manejo de Plantas Daninhas: abordando a resistência de plantas invasoras a herbicidas e suas causas e meios de reduzir o problema através do correto manejo do solo, dos defensivos e das culturas, com o pesquisador do Irga Paulo Massoni e o professor da UFSM Sylvio Henrique Bidel Dornelles; Semeadura direta em arroz e soja foi o segundo tema, desta vez abordado pela pesquisadora Mara Grohs, do irga, e o mestrando em agronomia Paulo Donato, do Gpai/UFSM, no qual foram demonstradas alternativas para a redução de custos no plantio, com foco no preparo do solo.
Em seguida, os grupos foram dirigidos para a estação: Soja: aspectos físicos e químicos do solo, em que mostrou os principais pontos de manejo da oleaginosa em terras de arroz. Os produtores puderam ver parcelas com diferentes tratamentos quanto a mecanismos rompedores de solo como o disco ondulado e escarificadores e haste sulcadora de maneira muito didática, sob a apresentação do extensionista do Irga, em São Pedro do Sul, Luiz Fernando Siqueira, e o professor da UFSM Enio Marchesan.
Na estação Manejo de Cultivares de Arroz, o extensionista Pablo Mazzuco de Souza e a pesquisadora Gabriela de Magalhães Fonseca apresentaram, conforme pesquisas realizadas, o correto manejo para as principais cultivares de arroz irrigado atualmente disponíveis no mercado, incluso o lançamento IRGA 431 CL. Segundo eles, o manejo pode ser determinante para a qualidade final do grão e o percentual de inteiros e até a baixa presença de defeitos.
Já a equipe de sementes do Irga trabalhou na apresentação da importância da qualidade deste insumo para obtenção de altos rendimentos nas lavouras. Depois do tradicional arroz-de-carreteiro preparado pela equipe de gastronomia do Irga, foram retomados os roteiros no campo.
o meio-dia haverá almoço, com o tradicional carreteiro do Irga e feijão, além de sobremesa arroz de leite, todos preparados pela equipe gastronômica da autarquia.
Oficina sobre aplicação de defensivos foi destaque
Foi sob forte calor e muito sol que os roteiros foram reiniciados na parte da tarde, incluindo as oficinas técnicas, com abordagem mais práticas de algumas operações. Numa delas, foi possível identificar causas e efeitos da fitotoxicidade provocada por deriva de defensivos entre arroz e soja, e também as tecnologias de aplicação de defensivos que são mais eficientes para cada caso, regulagem de bicos dos pulverizadores, e sistemas de produção. O tema, atualíssimo em momento no qual o Rio Grande do Sul discute os prejuízos de diversos setores com a deriva do 2-4-D, foi abordado de maneira didática através de um equipamento montado pelos pesquisadores do Irga, que permite visualizar o comportamento na aplicação.
Os produtores Ricardo Lara, de Cachoeira do Sul, e Rogério Pesarico, de Dona Francisca, apresentaram depoimentos sobre seus sistemas de produção, sendo que o primeiro utiliza integração lavoura-pecuária em área de 1,2 mil hectares e o segundo planta 48 hectares em sistema de arroz sobre arroz. Gargalos, potenciais, manejos diferenciados, controle de ervas daninhas e rentabilidade foram os principais focos destas apresentações. O manejo do nitrogênio em arroz foi a última estação de campo, seguida da oficina em ambiente fechado, da culinária à base de arroz, do Programa de Valorização do Arroz (Provarroz) promovido pelo Irga.
Avaliação
O professor Enio Marchesan avaliou o evento como um sucesso. “A receptividade à fórmula de apresentação e a repercussão dos temas propostos entre os produtores e técnicos foram excelentes. A participação do público perguntando, tirando dúvidas, observando detalhadamente cada ponto das pesquisas foi um diferencial”, diz o coordenador da área apresentada. Já uma das coordenadoras do evento, Mara Grohs, do Irga, considerou a estrutura do local e o nível dos experimentos, além da maneira didática com que se transferiu o conhecimento, pontos altos do evento. “Estamos todos muito cansados, mas felizes, pois entendemos que o esforço compensou”. A equipe de organização contou com cerca de 70 pessoas e os cronogramas de visitação funcionaram perfeitamente.
O reitor da UFSM, Paulo Burmann, participou do almoço e teceu elogios ao GPAI, ao professor Enio Marchesan, à parceria com o Irga. Ele também comemorou o fato de a comunidade regional reunir-se na universidade para obter mais conhecimento específico sobre as culturas do arroz e da soja. “Este é o papel de uma universidade pública, devolver em conhecimento os investimentos da sociedade”, frisou. Mara Grohs, ainda enfatizou o esforço e a união dos servidores do Irga e da UFSM, mesmo com ambas as instituições passando por período de dificuldades, para realizar o evento.
1 Comentário
A soja na Várzea pode ser rentável, pois mesmo colhendo 30-35 sc/ha não tem engenho sangue suga.