Arroz marca leve alta de preços em pleno pico de safra

 Arroz marca leve alta de preços em pleno pico de safra

Arroz foi cotado a US$ 10,55 nesta quarta-feira, dia 20 de março

Indicação oficial de quebra, afirmações de baixa produtividade e colheita mais lenta do que o previsto ajudaram em mínimo avanço das cotações.

Terão as cotações do arroz em casca atingido seu piso? Esta é a pergunta mais ouvida na semana corrente dentro da cadeia produtiva, face a uma pequena reação iniciada pelo indicador de preços da saca de 50 quilos do arroz em casca no Rio Grande do Sul Esalq/Senar-RS. Em 20 dias de março, e depois de iniciar o mês caindo perto de 1%, o referencial acumula uma alta de 0,7%, com a saca de 50 quilos (58×10) cotada a R$ 39,58, o equivalente a US$ 10,55.

A resposta só virá, com certeza, nos próximos 30 dias, quando um alto percentual de lavouras estará no ponto de colheita. Há analistas que estão otimistas e acreditam que teremos um fenômeno raramente visto por estas bandas sulistas, com preços em evolução – ainda que lentamente – em plena colheita. Há quem acredite que os preços voltam a cair na medida em que as chuvas deem um tempo para as máquinas entrarem com mais vigor nas áreas prontas e haja a transferência de produto das lavouras para as indústrias. E voltem a subir depois, gradativamente, pela relação de uma oferta bastante enxuta para uma demanda relativamente estável na faixa de 11,5 milhões de toneladas.

A última previsão de safra divulgada pela Conab, de 10,64 milhões de toneladas, deflagrou a leve reação. As chuvas que passaram a ocorrer com maior frequência na Metade Sul gaúcha também atrapalharam um pouco as operações de colheita. A Região Central ainda tem lavouras em fase de florescimento e convive com temperaturas noturnas bem abaixo de 15 graus nos últimos dias. A afirmação, quase uníssona, de uma produtividade de 10% a 15% menor do que na safra passada, mesmo nas lavouras já colhidas, que tendem a ter as maiores produtividades, vem refletindo também no mercado.

Há um ano, com 20% das lavouras colhidas, se falava em áreas com rendimento de 9 mil hectares. Hoje essa média seria até uma tonelada inferior.

Outro fato pesado pela cadeia produtiva é o clima daqui para frente. Entramos no outono e as lavouras mais atrasadas tendem a sofrer com os frios noturnos, intempéries e chuvas que tendem a gerar atrasos. Para alguns produtores, a situação pode gerar uma concomitância das áreas de arroz e soja, ou pelo menos apertar muito o prazo para entrar nas áreas com as colheitadeiras.

Os próximos 15, 20 dias, serão decisivos para que se vislumbre de forma mais evidente o comportamento dos preços no pico de safra. A manutenção das cotações, ou até uma leve baixa, podem indicar preços ainda mais robustos do que os esperados no segundo semestre do ano safra.

No entanto, as vezes, no afã de que os preços subam, alguns discursos começam a não fazer sentido. Exemplo é a afirmação por algumas entidades de que há risco de abastecimento de arroz no Brasil para a próxima temporada ao mesmo tempo em que se tenta barrar importações.

Este é um discurso que não faz sentido para quem tem a responsabilidade de abastecimento, como é o caso do governo federal. É preciso ajustar a linguagem, em especial diante de números que também não fazem muito sentido e foram divulgados pela Conab, como o estoque de passagem. Com o desempenho das exportações do ano passado e a relação com os preços internos em queda, há duas explicações plausíveis. Ou o consumo nacional é muito menor do que se estimava ou o estoque era muito maior do que os apurados.

Exatamente aí, nos estoques e no consumo, estão as grandes incógnitas que poderão fazer diferença nos preços de comercialização ao longo de 2019.

PREÇOS

No mercado livre gaúcho baixo volume de negociação, com preços em torno de R$ 39,00 a R$ 39,50 na maioria das praças. Os produtores estão interessados nas operações de colheita do arroz e, em muitos casos, da soja. Quem “segurou” a comercialização do arroz no ano passado tende a ter fôlego para segurar um pouco mais em busca de melhores preços a partir de maio/junho. É informação corrente que as grandes indústrias estão abastecidas até maio e poderiam chegar a setembro com as CPRs, mas a estabilidade de preços dessa semana parece indicar que os estoques não seriam tão grandes assim.

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 39,00 para a saca de arroz de 50 quilos (58×10) comercializado no Rio Grande do Sul. A referência da saca de 60 quilos (branco, Tipo 1) é de R$ 84,00. O canjicão se manteve estável em R$ 42,00, mas a quirera registrou baixa de R$ 1,00, agora cotada a R$ 39,00 por saca de 60 quilos. A tonelada de farelo de arroz é cotada a R$ 420,00 a tonelada/FOB. 

PREÇO AO CONSUMIDOR 

Os preços ao consumidor ao longo de março registraram pequenas altas, com médias alcançando valor acima de R$ 13,50 na maioria das praças para o pacote de 5 quilos do Tipo 1, branco.

EXPECTATIVA

Os analistas de mercado adotaram posição mais segura nos últimos dias, diante da reação dos preços. De um lado, dizem que o pico da safra – a colheita já passa de 30% no RS – deve trazer maior pressão sobre as cotações, bem como o volume de CPRs, que gera certa acomodação da indústria. De outro, lembram que o clima se torna a cada semana mais adverso para a cultura, há perdas significativas e redução de área, uma oferta menor e uma demanda estável, que podem favorecer uma estabilidade até uma alta nas cotações em plena colheita. Unanimidade, somente a de que as próximas três ou quatro semanas deixarão mais claro o cenário de preços do arroz ao produtor ao longo deste primeiro semestre de 2019.

1 Comentário

  • Análise bem embasada e acurada, lembro-me de anos em que o casca teve altas em plena colheita (faz tempo), porém em anos com comprovadas quebras em produtividade e áreas perdidas afetadas por fatores climáticos, a indústria imediatamente ao se dar conta que o volume a ser colhido ficará muito aquém do alardeado pela mídia, acelera a reposição de seus estoques com aumentos sucessivos e rápidos no valor do saco.
    Dois pontos questionáveis (ao meu ver), deveriam ser melhor explorados pelos analistas e experts em sua s deliberações: a produtividade média do estado e as suas fontes de consulta, Irga, Emater, Ibge, Conab e etc não são nada confiáveis, explico: seus técnicos nunca vão ao campo na colheita, não explicam a metodologia usada para calcular a média e com certeza não consultam um número de produtores suficiente para embasamento correto em análise estatistica confiável. Como fazer um prognóstico próximo a realidade se os dados levantados não são confiáveis ???

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