Abiarroz pede inclusão do arroz nas negociações internacionais do Mapa
Em reunião com a ministra Tereza Cristina, setor orizícola também manifesta apoio à reforma tributária e defende o fim da tabela de frete e da cobrança pelo escaneamento de conteineres.
A cadeia produtiva do arroz apresentou as suas principais demandas ao governo durante reunião entre a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e os 35 presidentes das Câmaras Setoriais e Temáticas do Mapa. Entre elas, a inclusão do produto nas negociações internacionais do Mapa, visando buscar novos mercados, especialmente os da China e da União Europeia; aprovação da reforma tributária, para acabar com a guerra fiscal; e o fim do tabelamento de frete rodoviário e da cobrança pelo escaneamento de conteineres.
As reivindicações foram apresentadas à ministra pelo presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Arroz, Daire Paiva Coutinho Neto, com a participação da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz). A reunião ocorreu nessa segunda-feira (3) e fez parte da programação da Conferência Nacional das Câmara Setoriais e Temáticas.
Recentemente, a Abiarroz reforçou ao Mapa o pedido de apoio para incluir o arroz na pauta da reunião da Comissão de Inspeção e Quarentena da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação (Cosban), objetivando a liberação dos requisitos fitossanitários para exportação do cereal beneficiado brasileiro ao mercado chinês.
A indústria do arroz também já manifestou preocupação com a oferta da União Europeia (UE) de uma cota de 50 a 55 mil toneladas/ano para exportação do produto pelo Mercosul. A Abiarroz lembra que pedido original do bloco sul-americano, apresentado em rodada de negociação do acordo UE-Mercosul, foi de uma cota de 400 mil t/ano.
México, Colômbia e Irã
Ainda em relação ao comércio exterior, a Abiarroz defende que o Brasil busque com o México, durante a negociação da revisão do acordo entre os dois países (ACE nº 53), a fixação de cota ou isenção de tarifa para exportação do arroz beneficiado.
A Associação Brasileira da Indústria do Arroz também solicita providências do Mapa quanto à prática de banda de preços pela Colômbia, o que compromete a competitividade do Brasil frente ao seu principal concorrente, os Estados Unidos.
Além disso, a entidade já requereu ao Ministério da Agricultura informações sobre a existência de acordo fitossanitário com Irã. Conforme a Abiarroz, o Brasil tem grande potencial para exportar arroz para aquele país.
Reforma tributária e fim da guerra fiscal
Outro assunto abordado com a ministra Tereza Cristina foi o apoio da indústria orizícola à reforma tributária. A Abiarroz já debateu com a Secretaria da Receita Federal, junto com o senador gaúcho Luis Carlos Heinze, a proposta de antecipar a reforma tributária para produtos da cesta básica. Isso, segundo a entidade, contribuiria para a isonomia tributária e o fim da guerra fiscal.
Como proposta para restabelecer a sustentabilidade da cadeia produtiva do arroz, a Abiarroz pleiteia a unificação das alíquotas (interna e interestadual) de ICMS para produtos da cesta básica, que poderia ser de 4% para o arroz, com vistas a resguardar a competitividade com o produto importado.
A entidade também se posiciona contra a concessão de regime especial (benefícios, incentivos, reduções de base de cálculo etc.) e pede a efetiva abertura econômica do Mercosul, a fim de aumentar a competitividade do produto nacional, permitindo a aquisição de insumos, máquinas e equipamentos em igualdade de condições com os parceiros do bloco.
Tabela de frete e escaneamento de conteineres
Na reunião, a cadeia produtiva do arroz reafirmou a necessidade de extinguir a tabela do frete rodoviário, instituída em 2018 pelo governo Temer. O tabelamento, enfatizou a Abiarroz, elevou os custos de produção do agronegócio, prejudicando a população.
A entidade, assim como os demais segmentos do agro, considera a tabela inconstitucional e uma interferência indevida do Estado no mercado, afetando a livre concorrência.
A Abiarroz pediu ainda o fim da cobrança do escaneamento de contêineres. De acordo com a entidade, o setor exportador vem sendo cobrado indevidamente pelo escaneamento desde 2014, o que onera a cadeia produtiva e tira a competitividade do setor.
A ministra destacou a intenção do Mapa de intensificar a participação das Câmaras Setoriais e Temáticas na construção das políticas públicas. Segundo ela, é preciso aumentar a efetividade desses colegiados, formados pelo setor privado e governo, e trabalhar os temas de forma estruturada. “Queremos desburocratizar e fazer as coisas caminharem.”
Tereza Cristina também ressaltou a necessidade da participação das câmaras na elaboração do Plano Plurianual, que estabelece os objetivos a médio prazo para a pasta.
6 Comentários
A Abiarroz está se mechendo pelos interesses da indústria de arroz. Pedindo inclusive, pelo que entendi, do livre ingresso de arroz do Mercosul, isonomia tributária sobre insumos e máquinas (reforma tributária da cesta básica)… Srs e Srs., mais uma vez vejo somente um setor da cadeia orizícola se organizando: a indústria!!! Não vejo os produtores brigando pelas questões do endividamento, não se fala mais em assimetrias do Mercosul, nadica de nada!!! Mas mesmo com isso os preços seguem subindo, mesmo com o dólar caindo, exportações lentas, produtor optando por vender soja! E isso é um claro indicativo de que a indústria está tentando adular ou pressionar o governo para que a entrada de arroz do Paraguai não seja quotizada! E mais uma vez eu pergunto: cadê nossas entidades de classe? Será que é somente eu que vejo as coisas com ceticismo? Eles estão brigando pelos interesses deles… Estão buscando competitividade e redução de custos! E nós?
concordo plenamente s.r Flavio enquanto não resolvermos as distorções da cadeia arros nada adianta para produtor
As renvidicações da ABIARROZ junto a Ministra são bem procedentes, menos no quesito abertura econômica do Mercosul, aí meus senhores, tem ”gato ensacado.” A desculpa de importação de máquinas com tarifas equalizadas esconde o artifício de liberação total de produtos como o arroz nosso de cada dia, sem salvaguardas para nossos produtores, mantendo o livre comércio como se encontra atualmente sem nenhuma tarifa ou cota de importação.
Indo então na contramão do pleito dos produtores, de solicitação de proteção da agricultura nacional contra produtos como grãos importados em nosso país autossuficiente. Previsto até mesmo no anais deste malfado Tratado.
Previsível atitude, estão receosos de perderem a mamata de comprarem arroz baratinho do Paraguai.!!
A indústria irá precisar importar arroz, pois se tudo der certo, ano que vem chegaremos ao tão sonhado 900 mil ha, rumo aos 250 mil em 2030.
E em 2049 vamos importar tudo da China, ou Paraguai tanto faz.
Deus te ouviu Inácio Chagas, e os produtores de arroz estarão todos bem de vida, plantando soja e a indústria pagando $ 5.000 dólares a ton de arroz casca do Paraguai ”infestado” de agrotóxicos proibidos até na China!!!
Ótimo comentário Carlos.
Para isso acontecer só depende dos arrozeiros…. Infelizmente.