Índia projeta suas menores exportações em sete anos

 Índia projeta suas menores exportações em sete anos

Mercado do arroz não basmati praticamente parou

Demanda fraca, preços mais altos e liquidação de estoques antigos da China reduziram os embarques da Índia e devem ajudar Vietnã e Mianmar a aumentar suas vendas.

As exportações de arroz da Índia em 2019 devem cair para o nível mais baixo em sete anos, segundo autoridades do setor, por causa da fraca demanda dos países africanos e o fato de os transportadores absorverem a ausência de incentivos do governo, que sustentavam as vendas nos anos anteriores. A expectativa é de que os menores embarques hindus ajudem aos concorrentes como Vietnã e Mianmar a aumentar suas exportações, de acordo com exportadores indianos, mas também poderão forçar o governo do primeiro-ministro Narendra Modi a ampliar as compras diretas dos agricultores, apesar de estar realizando um esforço para liquidar as aquisições do ano passado.

Os estoques têm crescido e se acumulado na África, disse Nitin Gupta, vice-presidente da trading Olam India. “Boa parte das compras realizadas na Índia foram desviadas para Mianmar e China, já que os nossos preços estão fora da paridade com estes países”, acrescenta.

A expectativa era de que a Índia pudesse exportar de 10 a 11 milhões de toneladas de arroz no ano fiscal de 2019/20, que começou em 1º de abril, disse Gupta. A Índia exportou 11,95 milhões de toneladas de arroz em 2018/19 até 31 de março, registrando uma queda de 7,2% em relação aos 12 meses anteriores, apesar do governo ter incentivado as exportações de arroz não basmati por quatro meses.

CLIENTES

Os indianos exportam arroz não basmati principalmente para Bangladesh, Nepal, Benin e Senegal, e arroz basmati de primeira linha para o Irã, Arábia Saudita e Iraque. Nas exportações de arroz basmati, a Índia concorre com o Paquistão, enquanto nas exportações de arroz não basmati os rivais são a Tailândia, o Vietnã, Mianmar e, atualmente, a China.

Os incentivos do governo para as exportações foram temporários e suspensos em 25 de março, disse o presidente da Associação de Exportadores de Arroz (REA), BV Krishna Rao. O incentivo precisa ser restaurado rapidamente, disse ele, caso contrário, pode haver uma queda enorme no volume de embarques.

As vendas internacionais do grão no país em abril-maio caíram 30% em relação o ano anterior, para 1,58 milhão de toneladas, com os embarques de arroz não basmati retraídos em mais de 50%, para 711.837 toneladas, segundo dados compilados pela Autoridade de Desenvolvimento de Exportações de Produtos Agrícolas e Processados.

“Os embarques de arroz branco da Índia praticamente pararam, já que o Vietnã e Mianmar estão oferecendo produto similar por preços mais de US$ 30,00 por tonelada abaixo de nossas cotações”, disse Gupta.

“No arroz parboilizado, a Índia tenta competir com a Tailândia, mas não conseguiu reduzir as cotações de exportação devido à alta no mercado interno em reação aos preços mínimos elevados pelo governo”, afirma Himanshu Agarwal, diretor executivo da Satyam Balajee, maior exportadora de arroz da Índia.

PREÇOS INTERNOS

“A compra de arroz pelos governos central e estaduais elevou os preços no mercado aberto, dificultando a competitividade dos exportadores no mercado mundial”, acrescenta Agarwal.

O estado central de Chhattisgarh, um dos principais produtores de arroz, elevou o preço mínimo em 43% sobre o valor de 2018, para INR$ 2.500 rúpias por 100 kg, o equivalente a US$ 36,78 ou R$ 136,00.

FATOR CHINA 

Exportadores indianos disseram que a liquidação agressiva de estoques antigos pela China, maior produtora mundial de arroz, também atingiu o mercado asiático. “A China está exportando uma enorme quantidade de arroz de estoques mais velhos para os mercados africanos, que são nossos grandes clientes”, acrescenta Agarwal. (Com agências internacionais)

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