Melhor que o esperado
O que leva as exportações
acima do esperado no ano
comercial 2019/20?
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Com a reforma da Previdência Social se desidratando no Congresso Nacional, e por isso o câmbio com o dólar perto de R$ 4,00, as exportações de arroz do país iniciaram o ano melhor do que o esperado. No ano civil, que vai de janeiro a dezembro de 2019, o Brasil exportou 513 mil toneladas de arroz em quatro meses, enquanto no ano comercial, de março de 2019 a fevereiro de 2020, os primeiros 60 dias movimentaram 288 mil toneladas (em base casca) ao exterior. A situação deve se manter em maio, com muitos clientes africanos buscando os quebrados no Brasil, o primeiro embarque de arroz em casca para a Venezuela nesta temporada, a demanda por arroz branco e parboilizadonas Américas do Sul e Central e o início da movimentação de uma carga para o Iraque.
“No início do ano havia uma expectativa pouco otimista porque se esperava uma valorização do real, ajustes na economia e uma alta dos preços internos. As cotações subiram, mas o dólar também valorizou”, resume Cleiton Evandro dos Santos, analista da AgroDados/Planeta Arroz. Ele lembra que o Brasil é um exportador que depende de oportunidade, das condições internas e externas do mercado e da economia para estabelecer seus volumes e fluxos. “Isso quer dizer que quando há chance, temos que exportar”.
Nos dois primeiros meses do ano comercial, que vai de março de 2019 a fevereiro de 2020, o Brasil embarcou 288 mil toneladas em base casca e comprou 149 mil. O saldo é de 139 mil toneladas. Mantida a média mensal de 144 mil, o país pode repetir o embarque de 1,71 milhão de toneladas da temporada comercial passada.
Institucionalmente há uma série de ações sendo tomadas. Empresas brasileiras participaram em abril da feira Sial, no Canadá, e o projeto Brazilian Rice, da Associação Brasileira das Indústrias do Arroz (Abiarroz) e Apex-Brasil, trouxe importadores para reuniões em São Paulo e agendou uma rodada de negócios para Pelotas durante a Expoarroz.
No primeiro bimestre, destaque nas vendas para o Iraque, de arroz de alto padrão de qualidade (5% de quebrados) beneficiado, e do grão em casca para a Venezuela, embarcado em maio apesar da crise aguda no país vizinho. Vender 30 mil toneladas de arroz branco para o Iraque, mesmo que a preços abaixo do mercado internacional, representa uma vitória especial, pois ninguém esperava, e um desafio muito grande.
A exportação para a Venezuela, triangulada por uma trading chinesa, em negociação que envolve a compra de arroz pelos chineses no Brasil em troca de petróleo bruto, é muito positiva. “Se é a China quem paga, tranquiliza o mercado”.