Arroz contra a obesidade
Excesso de peso é maior onde se come menos arroz
Estudo japonês indica
menos casos em países
de maior consumo do grão.
Os níveis de obesidade são substancialmente menores em países que consomem grandes quantidades de arroz (150 gramas/habitante/dia), enquanto nações com menor consumo médio (14 gramas/habitante/dia) apresentam níveis mais altos de pessoas com sobrepeso. Este é o resultado de um estudo internacional que envolveu 136 países e que foi apresentado no Congresso Europeu sobre Obesidade (ECO) 2019, em Glasgow, Reino Unido, entre 28 de abril e 1º de maio.
A ligação entre o consumo do grão e a obesidade persistiu mesmo depois de levar em conta outros fatores de risco socioeconômicos e de estilo de vida, incluindo consumo total de energia, educação, tabagismo, produto interno bruto per capita e gastos com saúde.
Os pesquisadores estimam que mesmo um aumento modesto no consumo médio do cereal – até 50 gramas/habitante/dia – poderia reduzir a prevalência mundial da doença em 1%: 650 milhões de adultos com 18 anos de idade ou mais. “As associações observadas sugerem que há menos casos onde o grão é o alimento básico, portanto, a comida japonesa ou dieta à base do produto orizícola ajuda a prevenir o sobrepeso e seus efeitos nocivos à saúde mesmo em países ocidentais”, diz o professor Tomoko Imai, da organização Doshisha, da Faculdade de Artes Liberais de Quioto, Japão, que liderou a pesquisa.
Pessoas que ingerem níveis mais elevados de fibra alimentar e grãos integrais têm menor peso corporal e colesterol e taxas mais baixas de doenças não transmissíveis em comparação com pessoas com menor consumo. No entanto, o efeito do consumo do grão sobre o excesso de peso não é tão claro como gostariam os cientistas e exigirá mais estudos.
FIQUE DE OLHO
O médico e consultor do Irga, Carlos Adílio Maia do Nascimento, falecido em 2015, era um dos maiores defensores da lógica de que o arroz não engorda. Usava como parâmetro a média da estrutura corporal asiática, onde estão os maiores consumidores do grão no mundo. “Você não vê japonês, indiano, chinês, tailandês ou vietnamita gordo. É muito raro. E eles comem muito arroz. As mulheres asiáticas também só começaram a ter celulites depois que houve um salto na renda e no consumo de refrigerantes e alimentos ultraprocessados”, insistia em seus relatos e palestras em defesa dos valores nutricionais e nutracêuticos do cereal.