Foco no melhoramento

 Foco no melhoramento

Almeida: meta de mais produção e qualidade

 O desenvolvimento da nova cultivar de arroz vermelho da Embrapa visou a redução da altura da planta e o aumento da produtividade de grãos e do percentual de inteiros após o beneficiamento. O trabalho de pesquisa começou com a caracterização e o estabelecimento de uma coleção de acessos com potencial para melhoramento genético. Os cruzamentos realizados no programa de melhoramento genético de arroz da Embrapa possibilitaram a geração de dezenas de linhagens com características agronômicas, industriais e culinárias de interesse. Foram oito anos até a seleção e posterior registro da linhagem no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que resultou na BRS 901.

“É a primeira cultivar deste tipo – melhorada – disponibilizada a pequenos agricultores nordestinos que plantam ainda variedades introduzidas no período da colonização. Ela é mais produtiva e possui maior resistência ao acamamento, além de maior rendimento de grãos inteiros por ocasião do beneficiamento”, explica o pesquisador da Embrapa Meio-Norte, José Almeida Pereira, que com Orlando Peixoto de Morais, da Embrapa Arroz e Feijão (GO), falecido em 2017, liderou o projeto.

Almeida dedica-se ao arroz vermelho há 30 anos e é autor das primeiras publicações nacionais sobre o tema. Constituiu uma coleção de variedades, caracterizou-as e selecionou as consideradas de maior interesse para o programa de melhoramento da Embrapa. O fruto desse trabalho é a cultivar BRS 901 e outras variedades em fase final de desenvolvimento. A BRS 901 é indicada ao cultivo nos sistemas convencional e orgânico, em condições de várzea nordestina. Requer solo encharcado e lâmina d’água de cinco a 20 centímetros de altura, dependendo da fase de desenvolvimento.

Nas condições do Nordeste, aonde foi testada, o ciclo médio é de 124 dias, contados a partir da semeadura, 15 a 21 dias a mais que a da vermelho tradicional e da cáqui vermelho, predominantes no sistema de produção e utilizadas como testemunhas. A nova cultivar tem menor altura. José Almeida Pereira diz que embora apresente maior resistência à queda do caule, se for cultivada em solos com altos teores de matéria orgânica e que venham a receber elevadas doses de adubo nitrogenado, o acamamento pode ocorrer.

O problema também pode aparecer com densidade excessiva de sementes. Contudo, o pesquisador afirma que o novo material se sobressai diante dos demais nessa característica agronômica. Quanto ao período de dormência das sementes, uma característica comum ao arroz vermelho, a nova cultivar germina naturalmente em 10 a 20 dias mais cedo que as plantas tradicionais.

QUESTÃO BÁSICA
Segundo o pesquisador Carlos Santiago, da Embrapa Cocais, do Maranhão, não há diferenças entre o arroz vermelho e o arroz branco quanto ao manejo integrado. “Os ciclos das variedades são idênticos, e a necessidade de água e nutrientes também. A diferença entre elas é apenas a cor e o formato do grão, no mais, o que se aplica a uma lavoura de arroz irrigado, se aplica a uma de vermelho”, esclarece.

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