Setor privado deve assumir financiamento rural

A medida era esperada por investidores e produtores em virtude de um projeto maior do governo de saída gradual do financiamento agropecuário.

A Medida Provisória do Setor Agropecuário, editada no dia 2 de outubro pelo governo federal, atende à demanda do setor privado por ativos de investimento de qualidade e de alta liquidez. A taxa Selic estabilizada faz com que investidores procurem por ativos de maior rendimento. Com essa medida e com outros instrumentos como CPR e CRA, o governo dá condições para o setor privado poder investir com segurança no financiamento de safras do agronegócio. A medida, que já era esperada tanto por investidores quando pelos produtores, vêm num bom momento, em virtude de um projeto maior do governo de saída gradual do financiamento.

O governo criou um ambiente para que possa sair do mercado como principal financiador do setor rural e passar esse desafio para o setor privado, visto que, em volume, o número de CRAs vem crescendo expressivamente nos últimos anos. Sobre a adaptação do produtor à transição de crédito federal para privado, ressalta-se que este já está acostumado com taxas subsidiadas. Agora, com a queda da Selic e o apetite para entrada no setor o financiamento do mercado privado não tende a ficar tão caro para o agricultor como antigamente.

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) elogiou a Medida Provisória do Setor Agropecuário (MP do Agro), pois traz inovações que facilitam o acesso do produtor rural a fontes de recursos financeiros alternativas. Apesar do apoio, a entidade destacou que o texto deve passar por algumas mudanças para contemplar todas as demandas do agronegócio brasileiro. O texto da MP deve ter alterações para proporcionar as pré-condições básicas para a formação de um mercado de crédito privado apto a atender o setor. O setor demanda recursos financeiros em volume e custo adequados, que chegam até o produtor via mercados financeiro e de capitais.

Assim como o agronegócio, esses mercados também passam por intenso processo de evolução tecnológica. As emendas propostas também servirão como marco divisório de discussões importantes, como a formação de um mercado de crédito privado adequado para o agronegócio e as políticas tributárias. A MP surge como uma medida para estimular outros instrumentos de captação de recursos privados para atender o setor. Há emprestadores dispostos a investir no agro, mas não o faziam por falta de liberdade para operar e segurança jurídica insuficiente.

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