Mercado e gestão dominaram debates no segundo dia de Fóruns na Abertura da Colheita do Arroz

 Mercado e gestão dominaram debates no segundo dia de Fóruns na Abertura da Colheita do Arroz

Moreira, Velho e Pereira: prioridade é conquistar mercados

Exportações do arroz, avanços na produção e empreendedorismo estiveram na pauta do evento em Capão do Leão.

O presidente da John Deere Brasil, Paulo Renato Herrmann, foi uma das atrações do Fórum Mercadológico da 30ª Abertura Oficial do Arroz, na tarde desta quinta-feira, 13 de fevereiro, na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS), Ajustar a oferta e adequar os custos de produção foi a principal mensagem do dirigente aos produtores do setor orizícola no evento promovido pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).

Para Herrmann, os produtores gaúchos devem ser cumprimentados pelo avanço da eficiência das suas lavouras nas últimas décadas. “Vocês são muito bons. Hoje são 180/200 sacos por hectare”, parabenizou. “Mas tem um negócio que está contra vocês, ninguém come mais arroz, principalmente os jovens. Está caindo o consumo em 25%. E aqui está o dilema de vocês. Produzem 10,5 milhões de toneladas”, alertou.

O presidente da John Deere Brasil destacou que o setor está nas mãos do comprador e possui custos complicados. “Se o consumo cai na ponta, temos que ajustar. Temos 10 mil estabelecimentos de arroz, 220 milhões de brasileiros comem o cereal. Pouco, mas comem. Quem devo agradar? Tem que ajustar a oferta e aqui tem um desafio: todos têm que ajustar e alterar também o custo de produção”, provocou, apontando ainda a importância da integração com outras culturas, em especial a soja. “A soja é proteína, é dólar, é porto de Rio Grande, é mercado futuro, vai mexer com toda a matriz econômica de vocês. É isso que vocês precisam. Ovos em diferentes cestas”, afirmou.

O tom da palestra ministrada por Herrmann foi ao encontro do discurso do presidente da Federarroz, Alexandre Velho, no evento, especialmente sobre o ajuste da oferta e a redução de custos. “Há dois anos estamos alertando sobre a importância da redução da oferta no mercado interno e, consequentemente, ajustada esta produção versus consumo. Hoje eu tive a satisfação de escutar aqui este posicionamento que veio nos dar força e apoio no sentido de levar adiante a abertura de novos mercados”, declarou.

Sobre vendas internacionais, Velho complementou que há muitos mercados a serem atingidos. “Já temos mais de 100 países como destino para o arroz brasileiro. Estamos viabilizando a questão da modernização que temos que ter no porto para termos uma competitividade maior e poder alcançar esses mercados”, explicou, adiantando que o Panamá, um importante destino, está próximo de ser atingido com o cereal e também estamos cogitando a Guatemala. Este é um tema fundamental, junto com o ajuste de redução de área, para nós levarmos o arroz gaúcho e brasileiro para o mundo”, afirmou.

No painel O Brasil e o Mercado Internacional do Agronegócio, os convidados foram o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, que observou os esforços do governo Federal para a abertura de novas oportunidades de negócios, e o deputado federal Alceu Moreira. O primeiro destacou que o foco do Brasil, em geral, deve se voltar para o mercado asiático. ”Nós, o Brasil, produzimos alimentação para 1,6 bilhão de pessoas enquanto que temos uma população de 200 milhões. Temos um superávit alimentar equivalente humano para cerca de 1,4 bilhão de pessoas”, declarou.

Já o segundo apontou que “não podemos perder mercado em nenhum canto do mundo. O Brasil tem em seu portfólio 14 produtos, sendo que seis deles o Rio Grande do Sul produz. Entretanto, falta estrutura intermediária dinâmica para negociar essas mercadorias e comercializar. Falta relação institucional pública do nosso país com outras nações para poder vender tudo isso para o exterior. Podemos expandir a venda de arroz para vários lugares do mundo, mas estamos morrendo de sede na beira da fonte porque a estrutura é acanhada diante da nossa produção”, afirmou.

No turno da tarde também houve a palestra do professor em Inovação em Agronegócios da ESPM, Antônio Filipe Muller, com o tema Inovação e empreendedorismo na cadeia do arroz: qual o caminho? Ele salientou a importância do produtor apoderar-se do conceito de empreendedor rural, estar focado em obter resultados.

Muller lembrou que o resultado de uma empresa implica em Gestão, Estratégia e Inovação. “Estamos finalizando a Era da Inovação, que começou em 2010, e agora está começando a Era da Transformação. Não podemos trabalhar sempre da mesma maneira e querer um resultado diferente. É preciso inovar e perseguir oportunidades”, afirmou, destacando que o produtor de arroz tem que explorar as suas possibilidades, buscar diferenciais para o seu produto visando um consumo maior.

Já a psicóloga Kátia Saraiva abordou Gestão de Pessoas no Agronegócio: plantando ações, colhendo sucesso. Pela manhã, ocorreu também a palestra Das lavouras para o mundo: abrindo portas para novos mercados foi outro tema abordado no segundo dia de palestras do evento. O palestrante, Rodrigo Velho, gerente comercial do Tecon Rio Grande, falou sobre a evolução do container que foi criado em 1956 e mudou a logística do transporte marítimo internacional. Salientou que o arroz é a carga número 1 do terminal de contêineres do Porto de Rio Grande, por isto a importância do segmento orizícola. “A mercadoria arroz carrega no porto de Rio Grande por ano, cerca de 30 mil contêineres de 20 pés ou 15 mil contêineres de 40 pés”, informou.

A 30ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz ocorre até esta sexa-feira, dia 14 de fevereiro, na Estação Experimental Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS). O tema este ano é “Integração Para a Sustentabilidade”. O evento é uma realização da Federarroz com correalização da Embrapa e Patrocínio Premium do Instituto Rio Grandense do Arroz. Informações sobre a programação podem ser obtidas em www.colheitadoarroz.com.br.

12 Comentários

  • Paulo Hermann foi perfeito… De que adianta produzir tanto arroz se o país não consome e pouco exporta… Soja é exportação certa… A China pode até fazer manha, especular, mas vem aqui e compra!!! Enquanto não tivermos um mercado que importe nossos excedente temos que reduzir 20% da área plantada! Isso é fato… A indústria também deveria lançar novas campanhas publicitárias para mostrar a importância do arroz integral na alimentação de jovens e obesos. Hoje o arroz branco é considerado um vilão para os diabéticos. E a realidade não é bem assim. Sabemos que o arroz, seja ele branco, paraboilizado ou integral é fundamental para a alimentação do brasileiro. Aliás arroz e feijão!!! Falta um trabalho mais forte na mídia para conscientização da população! Um carboidrato por refeição sempre foi permitido… Acorda Abiarroz… Vamos aumentar o consumo. Quanto a reduzir custos acho meio complicado. Estamos no limite.

  • Temos que procurar variedades com manejo mais barato , que levem menos insumos , menos irrigação e que tenham mais qualidade e portanto melhor preço, aí podemos colher menos que teremos o mesmo resultado só que colocaremos menos arroz no mercado e com mais qualidade.

  • Interessante o comentário do Sr Ricardo, variedades com manejo mais barato ??
    O que seria um manejo mais barato ? não colocar os insumos necessários para uma boa produtividade ?? não trabalhar bem o solo para colocar a semente ?economizando diesel ? deixar o mato a vontade ? irrigação intermitente ? colocar água uma vez por semana ? fazer benzedura contra mau olhado ? Seria interessante que ele especificar seu ponto de vista, talvez ele saiba de uma formula inovadora para se produzir arroz!!!

  • Todas as variedades tem manejo mais barato. Cabe ao produtor fazer este manejo. A conta é simples, plante menos, invista menos, colha menos, arrisque menos. Só assim terá preço melhor.

  • Interessante como o seu Carlos está atualizado, dá uma olhada nas variedades da Embrapa , tem variedade com ciclo mas curto que poupa irrigação, resistente a brusone que poupa fungicidas , que leva menos adubação pois se coloca muito até acama e que hoje já pega preço de arroz Premium por sua qualidade oi seja até 3 reais mais , agora já vai estar disponível CL pro produtor. Se atualiza sei Carlos.

  • Todo o segmento da produção de arroz no país está passando por grandes modificações, a união das entidades representativas Federarroz, Abiarroz, Abiap, IRGA, Secretaria de Agricultura do RS, etc.. estabelecendo um projeto comum torna-se indispensável para fomento de mídia esclarecendo a importância do consumo do feijão com arroz como o alimento mais completo, e tb estabelecendo compromisso das industrias detentoras das marcas de criar um código de conduta junto às empresas atacarejo ou supermercados, suas parceiras, para que não utilizem as marcas de arroz como ‘garoto propaganda’ vendendo abaixo do custo açoitando toda a cadeia, principalmente quando se trata de empresas de grande poder de mídia. Não vejo essas empresas queimando Coca-Cola, Antartica, Omo ou outras marcas poderosas, por que na semana seguinte ficam sem produto.

  • Gostei do comentário Fernando.
    Infelizmente os atacados e varejos, usam o arroz como isca .
    Infelizmente as indústrias arrozeiras aceitam isso.
    Infelizmente quem paga o pato são os produtores.
    Infelizmente a maioria dos produtores nem sabem disso.

  • Caro Ricardo, estar atualizado na tua concepção é não fazer uma análise de solo para uma correta adubação, é não usar fungicida, (não é só brusone que causa prejuízo ), usar variedades precoces que são menos produtivas, entre outras práticas regressivãs que tu defendes. Acorda cidadão, em breve serás atropelado pela tecnologia que está chegando a cada dia mais rápido, pois não são só as variedades recentemente lançadas, o manejo e a diversidade de insum os para aumentar a produtividade andam acolheradas e estão chegando a galope.
    Quem ficar agarrado ao passado ficará para trás, , talvez seja o teu caso! !

  • Pobre do seu Carlos tão atrasado, podia ter ido na Embrapa para ver o lançamento no primeiro ano da variedade Pampa CL que tem um ciclo menor que o Guri é resistente ao Brusone e que produz mais que o GURI , leva menos adubação que o RI e pega 3 reais a mais na indústria, variedade nova seu Carlos recém saída do forno , o senhor deve imaginar variedade de ciclo curto o Puitá , mas compara com o RI que tem um custo muito maior de irrigação, uma qualidade inferior e pega 3 reais menos , mas já tem uma de ciclo longo da Embrapa a Pampeira que está colhendo mais que o RI e tem alta qualidade de grãos agregando valor e também já está no forno o CL.
    Se atualiza seu Carlos , não fica agarrado a essas variedades do passado.

  • Caro Ricardo, com toda educação, desisto de argumentar contigo, faz bom proveito das tuas idéias, desejo sorte na tua produção com menos insumos e baixa produtividade.!!!

  • Pois é seu Carlos se você foi na abertura da safra pode ver que a discussão é sobre a importância de não colher mais de 7 milhões de toneladas ou seja não adianta colher mais que o preço baixa , se quer colher bastante é só plantar híbrido e gastar bastante por hct , o que importa é o resultado e hoje eu tenho a opção de manter a produtividade por HCT gastando menos e com produto de maior qualidade

  • Chega dessa briga.
    Ricardo vc tem toda a razão, mas não percebeu que o Carlos é da indústria.

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