Colheita concentrada embucha descarga de arroz nas indústrias da Fronteira-Oeste

Com isso, preços já caíram R$ 2,00 por saca na região de Itaqui e São Borja e o preço dos fretes aumentou.

Com apenas três empresas de grande porte numa das maiores regiões produtoras de arroz, os municípios de Itaqui, Maçambará e São Borja estão vivendo mais um drama em plena colheita. A região planta o arroz mais cedo do que a média do Rio Grande do Sul e o clima quente e seco favoreceu e concentrou a colheita, o que está gerando longas filas de caminhões para descarga à frente das indústrias.

Essa situação, aliada ao vencimento dos contratos de Cédulas de Produto Rural (CPR´s) a partir de 28 de fevereiro, que obriga o arrozeiro a entregar o arroz nas empresas e também à falta de armazenagem própria, acabou forçando uma queda de R$ 2,00 nas cotações regionais em pouco mais de uma semana.

Além disso, o frete aumentou mais de 50% porque os caminhoneiros alegam que passam até quatro dias na fila, inoperantes.

“É uma situação preocupante porque não só as cotações estão caindo, os custos estão subindo e estamos presos a um número pequeno de indústrias. E cada uma delas diz que a outra é quem está forçando preços para baixo”, afirma Fernando Silveira, presidente da Associação de Arrozeiros de Itaqui e Maçambará. Raul Borges Neto, do Sindicato Rural de Itaqui e Maçambará, complementa dizendo que essa morosidade no recebimento por parte das indústrias está levando muitos produtores e até a comunidade regional a acreditar em uma supersafra, o que não é verdade. “Estamos colhendo menos, numa área menor e em 10, 15 dias boa parte da colheita estará concluída”, avisa.

Silveira acredita que Itaqui, que reduziu mais de 20 mil hectares plantados em duas safras, não colherá 8 milhões de sacas de arroz. “Há poucas safras colhíamos 12 milhões de sacas”, argumenta. Para ele, a queda dos preços não reflete a conjuntura atual da orizicultura, que é de estoques muito baixos, produção em queda, dólar favorecendo as exportações e um grande equilíbrio entre oferta e demanda, o que deveria assegurar cotações estáveis ou em alta. “A gente sabe que a demanda será mais forte no resto do ano”, assegura. Segundo ele, as lavouras plantadas mais tarde, que ainda serão colhidas, têm problemas de produtividade por causa do frio do Carnaval, que pegou em cheio a fase de floração.

Pablo Muniz da Silva, ex-presidente da Associação de Arrozeiros de São Borja, explica que o tempo seco gerou a concentração maior da colheita este ano e o aumento das filas nas empresas, mas é algo temporário. “Tivemos uma redução de área, mas as produtividades devem ser normais na área plantada. As empresas têm trabalhado com uma preocupação maior com a qualidade, a separação do arroz por variedade e por tipo, e isso exige mais cuidado e tempo de secagem, limpeza, seleção”, reconhece. Para ele é uma situação normal, de redução dos preços na concentração da oferta, mas o ano deve reservar cotações mais elevadas.

QUESTÃO PONTUAL

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Azevedo Velho, considera que a situação da Fronteira Oeste é pontual. “É uma das poucas regiões com retração de preços porque a colheita está muito concentrada e muitas indústrias recebem nesta época o produto como pagamento do financiamento da lavoura. No Litoral os preços começaram a enfraquecer e reagiram, até com aumento. Infelizmente não tem como a Federarroz interferir no fluxo de recebimento do grão nas indústrias, mas entendemos que é uma questão pontual, pois a tendência é de elevação dos preços por causa de uma redução da oferta neste ano”, disse ele.

QUEDA DE BRAÇO

Para Alexandre Azevedo Velho, o mercado está vivendo um momento de queda de braço. “A indústria está procurando o piso de preços no pico da oferta, ciente de que será um ano de valorização do arroz”, avalia. Entende que a safra deve encerrar com valores entre 7 milhões e 7,1 milhões de toneladas do grão, em casca, com base na área a ser colhida, estimada em pouco mais de 930 mil hectares pelo Instituto Rio Grandense do Arroz. “O cenário não é de baixa, e o problema localizado na Fronteira Oeste é temporário, por causa da alta capacidade de colheita e a nossa baixa capacidade de armazenamento na propriedade e dependência do financiamento da indústria”, entende.

5 Comentários

  • Problema pontual que será resolvido quando os preços atingirem R$ 45, que é o valor que pagarão aos CPRs… Todo ano é essa lenga-lenga… Não se dão conta que o pessoal está parando de plantar arroz porque cansou de levar rasteira, jogo baixo… É por essas e outras que não acredito em lei da oferta e da procura no nosso setor… Todos os anos tem artificios para reduzir os preços. Ano passado foi a questão de risco de desabastecimento e eventual redução da TEC… Tudo conversa fiada. Não faltou arroz. O produtor precisa estar atento ao jogo de mercado… Tudo fake… Tem que saber filtrar!!!

  • Se deve tem q as lavouras de soja q não são irrigadas, tiveram problemas com estiagem. De modo q todas máquinas se concentram na colheita do arroz.

  • Pois é , infelizmente a lavoura de soja vai ter uma forte quebra na fronteira oeste, pela falta de chuvas. Apesar de tudo, o arroz ainda é a cultura mais segura para a região.

  • Arroz a R$ 45 é seguro prá quem mesmo??? Quem está irrigando a soja vai colher… Não adianta plantar a esmo e sem organização que não colhe mesmo! Apesar que o ano é atípico. Nem o pessoal do planalto vai colher. A seca é generalizada. Então não podemos generalizar!!! Ano normal a soja tem produzido muito bem por sinal.

  • É piada dizer que o arroz é seguro , seguro do quê? Ano passado enchentes e esse ano Frio , o pior é o custo alto que o torna inviável. Ja diminuimos 200 mil hct em 3 3 anos o dolar tá 4,50 e mesmo assim ja caiu para abaixo do custo. A soja é so irrigar e manter a produção que hoje tá 92 reais , isso sim qie é segurança.

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