Arrozeiros uruguaios se reúnem com titular do OPP

Eles analisam possíveis ferramentas para elevar a área de cultivo. Governo uruguaio também divulgou números de área e produção da lavoura que são maiores do que prevê o setor.

Os produtores de arroz do Uruguai começam a trilhar o caminho, juntamente com o governo, para gerar ferramentas financeiras que possibilitem diminuir a incidência de endividamento e ampliar a área de cultivo para a safra 2020/21.

Representantes da Associação de Cultivadores de Arroz (ACA) se reúnem hoje com o diretor do Escritório de Planejamento e Orçamento (OPP), o economista Isaac Alfie, para continuar avançando. "Queremos dar um pequeno acompanhamento à análise do que entendemos que devem ser as ações do governo em questões financeiras, diante da nova safra", disse o chefe gremial, Alfredo Lago, ao El País.

Segundo Lago, o objetivo é ter o OPP como aliado, porque “o setor de arroz pode ser um catalisador para a economia uruguaia, se houver condições para recuperar a área. Parece-nos que eles estão indo para lá devido a uma série de ações que realizamos com o Executivo. Esperamos que, a médio prazo – e não além do final do mês -, tenhamos ações concretas por parte do governo, pelo menos na área financeira ", refletiu Lago.

A Associação de Cultivadores de Arroz enviou uma carta ao Presidente da República, Luis Lacalle Pou, declarando a necessidade de aumentar a participação do Banco da República no financiamento da safra, através de um novo empréstimo, o que levaria ao crescimento da superfície semeada.

Mais tarde, em 20 de maio, o sindicato realizou uma reunião com o subsecretário do Ministério da Economia e Finanças, Alejandro Irastorza, e com o presidente do Banco República, Salvador Ferrer. No âmbito desta reunião, convocada pelo governo, os produtores declararam qual era a situação e "como entendemos pela ACA que as ferramentas financeiras deveriam ser consideradas", disse Lago.

Uma saída é reestruturar toda a dívida causada pela situação negativa desses anos. "Especificamos o termo e canalizamos esse endividamento que é distribuído no mercado bancário, no setor e nos fornecedores, em uma única janela", explicou o chefe da ACA.

Endividamento

Essa canalização do endividamento, de acordo com a visão dos arrozeiros, “deve estar adequada à capacidade de pagamento do produtor, e relacionamos isso à possibilidade de a BROU concordar em gerar novos créditos para futuras semeaduras e, portanto, também o presidente da instituição entendeu”, acrescentou Lago.

O setor possui um passivo de cerca de US$ 60 milhões, além do Fundo Arrozeiro, que é de US$ 55 milhões estabelecidos. No final do mês, os produtores de arroz receberão US$ 60 milhões, que "são a soma dos últimos anos e precisamos que esse valor seja reorganizado em parcelas", disse Lago.

O que está claro é que, por mais que este seja um bom ano, ele não permitirá recuperar seis perdas e cobrir os buracos das dívidas contratadas para produzir. "É por isso que estamos pedindo um termo e uma maior participação da BROU no que é crédito ao setor", esclareceu o dirigente da ACA.

Hoje, a instituição financeira representa 30% do financiamento da safra, quando anos atrás representava 70%. As indústrias arrozeiras financiam a maior parte da área a ser plantada.

"A estratégia da ACA com a qual abordamos as autoridades é que seguimos esse caminho, uma maior participação do Banco República, que acabará gerando as ferramentas que permitem criar crescimento na área para a safra de 2021", disse Lago.

Pesquisa

Por outro lado, o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca publicou ontem a Pesquisa da Safra de Arroz 2019/20 e as informações não coincidem com os dados publicados pelo DIEA e a ACA. A entidade, com base na contagem de áreas plantadas, administra uma área colhida na temporada 2019/20 de 133.000 hectares, enquanto a pesquisa mostra pouco mais de 140.000 hectares, o que representaria uma área 3,2% menor do que a registrada na colheita anterior, quando foram plantados 145 mil hectares.

Os dados do governo indicam uma produção de 1.209.031 toneladas de arroz em casca, seco e limpo. “A diferença é grande e o DIEA está indicando um resultado de quase 70.000 toneladas a mais. Estaríamos oferecendo mais dois barcos de arroz que não temos”, disse Lago.

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