USDA aponta aumento de produção, consumo, importações e exportações nos EUA

 USDA aponta aumento de produção, consumo, importações e exportações nos EUA

Na Louisiana a colheita já começou

Safra que está sendo colhida será 19,5% maior do que a atual, mas exportações crescerão pouco devido ao consumo interno, os preços e estoques mais amplos.

Um dos mais aguardados relatórios do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) dos últimos anos sobre a orizicultura daquele país: Estimativas de Suprimento e Demanda da Agricultura Mundial (Wasde), foi divulgado na última sexta-feira, dia 10 de julho, trazendo informações importantes para a cadeia produtiva do Brasil. As perspectivas para o arroz dos Estados Unidos de 2019/20 e 2020/21 são de aumento da oferta, maior uso doméstico e estoques finais reduzidos para 2019/20 e aumentados para 2020/21. As exportações vão aumentar sobre 2019/20, mas menos do que era previsto em junho.

O relatório ratificou a expectativa do mercado norte-americano para uma alta produtiva, depois que no dia 30 de junho o relatório de outro instituto do USDA, o NASS, havia informado uma previsão de alta na área plantada entre 15% e 17% nos Estados Unidos, com 23% de aumento na área de grãos longos no principal estado produtor, o Arkansas. A previsão é de que a lavoura de arroz dos Estados Unidos alcance 10,014 milhões de toneladas de arroz em base casca (ou 7,01 beneficiados) no total, com alta de 19,5% na oferta sobre a temporada que se encerra este mês. Já sobre a previsão de junho (9,810 milhões de toneladas) a alta é de 2,1%. Ainda assim, a colheita será 1,4% menor do que em 2018/19, quando somou 10,154 Mt.

Os Estados Unidos semearam área 15% maior do que na temporada que se encerra, 1,182 milhão de hectares. O aumento é de 2,46% sobre os números projetados em junho, que chegavam a 1,154 milhão/ha, mas ainda 1% abaixo do plantio de 2018/19, de 1,194 milhão/ha. A área colhida, será 16,2% maior, em 1,162 mil hectares, demonstrando que o clima desta vez foi mais favorável à cultura. Sobre a previsão de junho (1,138 mil/ha), cresce 2,1%, mas segue 1% menor do que na temporada 2018/19, que alcançou 1,178 mil hectares.

Em base beneficiado, a estimativa é de que o suprimento total dos EUA alcance 9,06 milhões de toneladas, o maior dos últimos três anos, no entanto este volume será diluído pelo aumento do consumo, a exportação e o ajuste do estoque inicial. Serão 3,11 milhões de toneladas de exportação, 1% abaixo da previsão de junho (3,14Mt), mas 3,6% acima de 2019/20 (3,0Mt) e 4,71% acima das 2,97 milhões de toneladas de 2018/19. O avanço de 110 mil toneladas em base beneficiado acaba sendo um volume que não assusta tanto o Mercosul, ainda que os Estados Unidos devam ingressar no mercado internacional no final de agosto, início de setembro, com ganas de recuperar o tempo e o espaço perdido. Essa condição põe ainda mais peso sobre o câmbio na disputa por mercados no segundo semestre.

O relatório também confirma que os Estados Unidos terá um volume de importação recorde nas duas temporadas, refletindo principalmente a forte demanda por variedades aromáticas asiáticas importadas e o período de baixos estoques de março a agosto de 2020. 

GRÃOS LONGOS 

É no comércio de grão longo-fino que os Estados Unidos competem com o Brasil e o Mercosul e dominam boa parte das posições nas Américas, Europa e Oriente Médio. A produção de grãos longos, em base casca, para 2020/21 é prevista em 7,341 milhões de toneladas, portanto aumentou 4% sobre a previsão do USDA em junho (7,055Mt). Sobre a safra 2019/20 (de 5,699 milhões de toneladas) a colheita será 28,8% maior. Isso demonstra que a expectativa dos Estados Unidos em evoluir no mercado de grãos médios e curtos, aos poucos, está amainando diante das dificuldades de relacionamento com a China e de ingresso nos mercados asiáticos. A área destas variedades caiu.

Ao mesmo tempo, este avanço nos grãos longos reflete o retorno de muitos produtores que haviam partido para outras culturas, em especial o milho que foi muito atrativo em função dos incentivos à produção de etanol nos Estados Unidos. Com a queda nos preços do petróleo e a expectativa de preços menores para o milho, muitos produtores que tiveram condições voltaram a plantar arroz.  

Contudo, apesar do salto de 1,340 milhão de toneladas na produção, o volume exportado, ainda em base casca, previsto em 3,176 milhões de toneladas, tende a ser menor do que o previsto em junho (3,221Mt) e pouco maior do que em 2019/20 (3,040Mt) e 2018/19 (3,003Mt). A alta, sobre 2019/20 é de 4,5% e sobre 2018/19 é de 5,8%. Os preços internos também tendem a cair. A média prevista para os grãos longos por quintal (cwt = 45,36kg) é de US$ 11,60 ao longo do ano, 20 centavos de dólar abaixo da previsão de junho, 40 centavos abaixo dos US$ 12,00 de média em 2019/20, mas ainda 80 centavos de dólar acima dos US$ 10,80 de 2018/19. Considerando os grãos curtos e médios, mais valorizados, a média do cwt dos EUA será de US$ 12,70.

Os estoques finais previstos aumentarão 500 mil toneladas, enquanto o consumo interno será 200 mil toneladas maior em solo estadunidense.

MUNDO

A produção global de arroz (base beneficiado) 2020/21 e o uso doméstico aumentarão 500 mil toneladas e ambos permanecem recordes, segundo o relatório do USDA. Com os suprimentos aumentando mais que o uso, os estoques finais mundiais 2020/21 alcançam um recorde de 185,8 milhões de toneladas, com China e Índia, respectivamente, com 63% e 21%.

O Wasde prevê que a produção mundial de arroz beneficiado em 502,63 milhões de toneladas para 2020/21, com avanço de 1,4% a safra de 495,23 milhões de toneladas em 2019/20 (7,4 milhões de toneladas). O avanço global representa aproximadamente uma safra brasileira.

As exportações mundiais de arroz beneficiado são projetadas em 44,89 milhões de toneladas para 2020/21, enquanto o consumo deve evoluir 500 mil toneladas para 498,5 milhões de toneladas. 

A China se mantém como o maior produtor global do grão, com a previsão de uma safra total de 149 milhões de toneladas de arroz em base beneficiado em 2020/21, seguida da Índia com 118Mt, da Indonésia com 34,9 milhões de toneladas, a Tailândia com 20,4Mt, e Vietnã com 27,2 milhões. A safra brasileira é estimada em 7,2 milhões de toneladas em base beneficiado, 190 mil toneladas acima da previsão dos EUA.

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