TEC segue na pauta do governo federal

 TEC segue na pauta do governo federal

Tereza Cristina, Bolsonaro e Guedes: sob pressão do varejo, atacado, indústria e consumidores

Possibilidade foi fortalecida com o aumento da pressão das grandes redes de varejo, indústria e dos consumidores até mesmo sobre o presidente da República.

Ainda que a Câmara Setorial do Arroz tenha demonstrado por maioria, inclusive com o apoio do Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul, seu desejo de que o governo não retire a Tarifa Externa Comum (TEC) de 12% sobre a importação do arroz beneficiado e 10% sobre o arroz em casca de países de fora do Mercosul, o tema não saiu da pauta do governo. Setores industriais, varejistas, atacadistas e tradings, além da forte pressão dos consumidores e Procons, continuam pressionando o governo federal para que adote medidas que permitam a livre concorrência de preços e as importações sem sistemas protecionistas frente à escalada dos preços internos.

“Se fomos ao México defender que eles retirassem suas tarifas de importação do arroz brasileiro com argumentos de livre mercado, como é que o próprio setor e representantes que estiveram no México, agora defendem exatamente o contrário quando é o Brasil quem precisa importar e deveria retirar as suas tarifas de proteção”, argumentou um representante da indústria, esta semana.

Na sexta-feira, a coluna do jornalista Lauro Jardim, em O Globo, fortaleceu a informação dada com exclusividade por Planeta Arroz há quase 15 dias, de que o governo pretende retirar a TEC do arroz – e outros produtos. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, desautorizou os seus subordinados que falaram sobre o tema, mas agora a demanda foi direcionada ao Ministério da Economia e ao próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, que costuma ser muito atento às demandas de seus eleitores e prometeu “falar com as grandes redes de supermercados”.

A questão é que as entidades supermercadistas já se manifestaram e o discurso é uníssono: é preciso importar e as tarifas tornam o produto internacional mais caro para o país, a indústria, o varejo e o consumidor final. O pedido dos segmentos – exceto o produtivo e as indústrias gaúchas – foi de retirada do imposto até fevereiro, mas com flexibilidade para a definição de cotas de até 300 mil toneladas.

“Importação já está ocorrendo, não porque se quer, mas porque é necessária frente à falta de oferta interna. O governo tem a pauta na sua mão, e é quem definirá se essas compras serão mais caras ou mais baratas para a cadeia produtiva e o consumidor final”, explica a diretora-executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Andressa Silva.

Na próxima quarta-feira, o Sindicato da Indústria do Arroz de Minas Gerais (Sindarroz/MG) terá reunião com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em Brasília (DF). O presidente da entidade, Jorge Tadeu Meirelles, estará acompanhado de deputados federais mineiros e outras instituições da área de alimentos do Estado, e a pauta será mais uma vez a retirada da TEC. “Temos audiências e ações em vários outros ministérios, mas por uma questão de respeito, vamos nos dirigir também à ministra da Agricultura mesmo sabendo de sua posição contrária até o momento”, frisa.

Segundo ele, no Brasil Central há escassez de produto, e o preço está chegando à paridade de importação de países como os Estados Unidos e a Índia, mesmo com a TEC.

Já existem pacotes de cinco quilos de arroz sendo vendidos acima de R$ 43,00 em estados como Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro. O preço por quilo, de R$ 8,60, é praticamente o valor de um fardo de cinco quilos em oferta há um ano. O tema tem sido pauta das reuniões do Ministério da Economia. Fontes da área de comércio exterior e do agronegócio dentro no ministério asseguraram que o tema tem sido debatido com real preocupação pelo impacto sobre a inflação e sobre o custo de vida.

“Quando sabemos que o auxílio social vai reduzir de R$ 600,00 para R$ 300,00 nos próximos meses, temos mais de 20 milhões de desempregados e que o governo não tem capacidade de dar suporte à população mais carente por período prolongado, uma explosão de preços da cesta básica é tudo o que o governo não quer, ainda mais nos produtos obrigatórios, que estão subindo mais de 100%. Haverá alguma medida, a questão é quando”, assegurou uma alta fonte do ME.

O ministro Paulo Guedes, procurado por empresários do ramo da alimentação teria se manifestado “preocupado com a disparada de preços”, e informado que “o governo está atento e poderá tomar medidas para liberalizar o mercado, uma vez que não dispõe mais de estoques públicos para interferir na comercialização”. O recado foi entendido pelos varejistas como a sinalização da retirada da TEC. O tema deverá ser discutido esta semana com o presidente da República.

A Câmara de Comércio Exterior e o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) têm agendas para debater o tema durante a segunda quinzena do mês. De qualquer maneira, a indústria brasileira e alguns varejistas já iniciaram as compras nos Estados Unidos e na Ásia, uma vez que o Mercosul tem pouca disponibilidade de grãos, forte demanda e está acompanhando os preços do mercado interno brasileiro.

9 Comentários

  • Se o governo compactuar com a industria e varejo, a população começará a comer arroz Asiático sem nenhum controle fitossanitário, impregnado de todos os tipos de defensivos aqui proibidos, de estoques antigos mal armazenados, transportados em navios com porões imundos e cheios de ratos.!!!
    Compraram arroz fedorento nas gôndolas dos supermercados!!!
    #não a queda da TEC

  • Vamos ver se os nossos deputados e entidades se movimentam e tomam alguma atitude. Como mostrado neste mesmo veiculo alguns dias atraz, o preço do arroz no Brasil ainda eh um dos mais baixos do mundo. Retirar a TEC agora seria mudar as regras no meio do jogo e traria um enorme prejuízo aos produtores que estao no começo da época de plantio.

  • Briga de cachorro grande. Abiarroz quer tabelar os preços. #nãoaointervencionismo… Se a Ministra liberar a redução da TEC estará ferindo de morte a concepção de livre e estará dando um passo ainda maior para a redução de área plantada com arroz no Brasil. Se fizerem isso realmente será o fim para nós produtores! Sei de muita gente que vai reduzir de 20 a 30% se isso acontecer… Ano que vem faltará arroz. Governos de esquerda fizeram isso até pouco tempo atrás… Comida barata em troca de votos! Industrias e mercados faturando bilhões e o produtor se endividando! Tranquem as exportações, mas não reduzam a TEC dai vocês vão ver quem é o lobo mau e quem é vovozinha!

  • A indústria sempre dizia quando arroz subia pq o consumo estava baixando e que eles estavam comendo mais massa! Então pq pararam de comer massa como substituto??? Essa gente faz muita ladainha! Sabem q esse arroz é prá exportação! E que estão perdendo dinheiro em não poderem exportar… Metade da ultima safra está por ai… grande maioria a depósitos nas industrias… Porque a Conab não faz um levantamento de estoques privados e não divulga??? Federarroz e Farsul deveriam se empenhar na transparência desses estoques! O produtor está mais informado! Vamos plantar soja se reduzirem a TEC! Não é ameaça. É promessa!!!

  • Sr. Carlos, ninguem ira comprar arroz fedorento, com pelos de ratos e mal armazenados, como o Sr. descreve, porque o nome da industria que esta empacotando estara em jogo Outra, se isto acontecer a dona de casa ira trocar o arroz por massa bem rapidinho. Vamos cair na real!!!!

  • Caro sr Ricardo,
    A dona de casa não trocará o arroz por massa, meio kg custa mais que 1 kg de arroz que compõe um pacote com um produto razoável. (as mais baratas quando cozidas viram uma pasta intragável ).
    Mais, nem os gringos mais fanáticos aguentam comer massa todos os dias, o arroz e o feijão, além de se completarem nutricionalmente, ninguém enjoa e são tradicionais na culinária brasileira.
    OK, vamos cair na real ????

  • Agora q indústria q financiou o produtor q detém mais de 80% da produção exporta e diz q tá faltando pra provocar essa situação pra retirarem a TEC e depois deitarem e rolar as custas do produtor , não caiam nessa, investiguem porque isso é uma manobra ardilosa e nítida. Onde alguns varejistas compactuam subindo absurdos nas prateleiras. Sds e avante a soja.

  • Sr. Carlos, avisei que jogo é o apito final e o governo fez gol nos 49 do segundo tempo!!! vamos cair na real!!!!!

  • Caro sr Ricardo,
    Segundo notícias de ontem, parece que o governo realmente vai ceder a ou já cedeu as pressões da industria e do varejo. E como sempre o produtor não tem o direito a uma remuneração justa, mesmo quando reduz área para tentar se equilibrar e equalizar a oferta, na tentativa de obter preços mais condizentes com a realidade de custos e de produção. Somos o elo fraco da cadeia, e quando temos algum alento, o setor forte e opressor da cadeia impõe-se como sempre para continuar sua ditadura de preços vis ao produtor.
    Lamentável e desalentador!!
    Os consumidores que se preparem para comer arroz de péssima qualidade, sem nenhum controle fitossanitário nos portos de chegada e com odor característico de mijo de rato!!!

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