Ivan Bonetti deve assumir o Irga
Engenheiro agrônomo, atual diretor da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, substituirá Guinter Frantz, que está desde março dirigindo o instituto praticamente pela Internet.
Ivan Saraiva Bonetti, engenheiro agrônomo e atual diretor do Departamento de Políticas Agrícolas e Desenvolvimento Rural da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapr/RS) deve ser o novo presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). As tratativas estão adiantadas no governo e o nome já tem o aceite da cadeia produtiva.
Ex-assessor parlamentar e chefe de gabinete do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) e do atual secretário da Agricultura do Estado, Luis Antonio Covatti “Filho”, na Câmara Federal, Bonetti tem bom trânsito no Governo do Estado e no segmento agropecuário gaúcho. A indicação de seu nome também joga água fria na fogueira das vaidades que estava se formando com a disputa, nos bastidores, entre outros nomes ligados ao setor, alguns com restrições no Conselho Deliberativo do Irga, entre os produtores e entre os funcionários.
Bonetti deve assumir em outubro, a menos que a política gere alguma reviravolta inesperada nos próximos dias. É o nome do secretário Covatti Filho, homem de confiança e que assumirá com respaldo do governo em busca de avanços estruturais no instituto que é fundamental para a orizicultura gaúcha, mas se despedaça sem recursos e sem liderança nos últimos anos, e sangra a perda de cientistas, extensionistas e a paralisação de pesquisas importantes para a lavoura.
“É uma decisão inteligente. Ainda que o setor tenha o desejo de ver um técnico como o professor (da UFSM) Enio Marchezan na direção do Irga, o momento exige um técnico com respaldo político, um administrador com interlocução direta com o secretário, para resolver os muitos problemas que afetam o instituto e comandar um projeto de revitalização do instituto do ponto de vista político e administrativo. Então, com a casa em ordem, será o momento de entregar para um técnico capaz de promover a pesquisa ao nível em que ela deveria estar”, reconheceu um influente conselheiro, sob a condição de anonimato. “É muito melhor que os nomes que estavam sendo postos como alternativa ao professor Marchezan, que novamente declinou do convite”, acrescentou.
Marchezan é um profissional técnico referencial, respeitado, com uma trajetória de décadas e um legado importante como pesquisador e formador de gerações de agrônomos arrozeiros e especialistas em pesquisas fundamentais para a orizicultura e os cultivos de terras baixas. Os conselheiros também explicaram que alguns dos nomes cogitados, frente à negativa de Marchezan, tinham o veto de parte do conselho. “A indústria deixou claro seu veto a alguns nomes, a lavoura a outros e os servidores também. O secretário tem avaliado bem o assunto, está por dentro e a sugestão de Bonetti foi bem aceita pelo seu trânsito e experiência”, agregou um dirigente setorial.
DESGASTE
O desgaste entre Guinter Frantz e o secretário da Agricultura, Covatti Filho, foi evidenciado desde a sua indicação. Frantz, bancado por parte do conselho para o governo de José Ivo Sartori (MDB), sob indicação da Zona Sul. Como alguns dos nomes indicados para a administração de Eduardo Leite não aceitaram o convite, acabou permanecendo com os mesmos apoios – que têm a influência sobre o ex-prefeito de Pelotas como argumentos. No entanto, Frantz nunca teve canal aberto com o secretário e desgastou-se com servidores e parte dos produtores. Para outro influente conselheiro, Frantz demonstrou inabilidade para separar críticas à sua gestão de críticas pessoais. “Ele pessoaliza as críticas, vê como ofensa. Isso não ajuda quando se tem que lidar com pressão política, relações de trabalho. Faltou um pouco de maleabilidade”, sentencia.
João Antônio, atual diretor administrativo do Irga, deve ser mantido no cargo e Ricardo Kroeff, funcionário de carreira do instituto, deve ser guindado à condição de diretor técnico – até como um desagravo, depois que a Secretaria da Casa Civil do governo estadual o substituiu em um cargo-chave da extensão rural por um nomeado político-partidário. Nos bastidores é dada como certa a indicação de Ivo Mello, atual diretor-técnico para o cargo de diretor Comercial e Industrial, vago desde novembro de 2018, como interlocutor da indústria e administrador dos problemas da Granja Vargas e da Barragem do Capané.
Mesmo dado como certo no conselho, nas entidades e no meio político, Ivan Bonetti preferiu não comentar a indicação e resumiu o momento informando que seu nome tem sido “trabalhado pelo setor produtivo”. Para sacramentar a situação falta o “ok” do governador Eduardo Leite, a construção de uma saída digna para o atual presidente e ajustes no plano de modernização do Irga e de garantia de repasses capazes de dar alguma autonomia e fortalecimento para o funcionamento da autarquia. O cargo de presidente do Irga tem um dos piores salários do segundo escalão do governo do Estado: cerca de R$ 7,5 mil.
1 Comentário
Virgem Maria, que politicagem braba é esse Irga e governo, agora está bem explicado por que as coisas não andam nesta autarquia, o jogo da politica, egos inflamados e a industria com seus interesses escusos, impedem que o instituto assuma seu verdadeiro objetivo, que é a pesquisa, ampla, extensionista e realmente direcionada ao produtor; elo inicial da cadeia produtiva do arroz.
Enquanto o Instituto for vinculado a governos, com nomeações indicadas por políticos será esta bagunça administrativa, fonte de arrecadação para o caixa único e completamente insatisfatória em seus objetivos de servir a classe produtiva!!