Ressaca chega ao mercado, trava preços e amplia expectativa sobre a próxima safra

 Ressaca chega ao mercado, trava preços e amplia expectativa sobre a próxima safra

Produtores aproveitam as janelas de clima e aceleram plantio

Números da Conab ampliaram a preocupação com o abastecimento, enquanto produtores do Sul estão mais preocupados com o plantio.

O mercado do arroz no Brasil encaminha-se para o final da primeira quinzena, na próxima semana, dando sinais de lentidão e fraqueza no volume de negócios, com o varejo realizando compras menores, resistindo ao repasse de preços da matéria-prima e com os agricultores focados no plantio da nova safra e nos preparos finais dos terrenos. A área já semeada supera 25%, segundo o Irga.

As chuvas de setembro e do início de outubro ajudaram a recompor as barragens, mas não consolidam uma realidade em todo o Rio Grande do Sul. Institutos Meteorológicos demonstraram que as chuvas foram parciais e alcançaram volumes significativamente diferentes nas regiões arrozeiras gaúchas.

Com muitas empresas fora de mercado – e algumas de menor porte já projetando férias coletivas ou redução de turnos para aproveitar o travamento na “ponta final” da cadeia varejista, o indicador de preços do arroz em casca Esalq/Senar-RS, alcançou R$ 105,93 na última quinta-feira, praticamente estável. Em praticamente um terço do mês acumula 1,57% de valorização e, pelo câmbio na data, alcança equivalência de US$ 18,96. Em 24 de setembro passado, alcançou R$ 106,09.

A estabilidade está baseada, em primeiro lugar, no enfraquecimento da demanda, seguida do câmbio que seguiu enfraquecendo o real, do efeito psicológico das importações sem TEC de terceiros mercados (Índia, EUA e Guiana), que já somam perto de 250 mil toneladas, e da baixa disponibilidade de grão nas mãos dos rizicultores gaúchos.

Os números da Contribuição para o Desenvolvimento da Orizicultura (CDO) de setembro confirmam que o Rio Grande do Sul já beneficiou ou comercializou no ano safra (março de 2020 a fevereiro 2021) 5,4 milhões de toneladas dos 7,84 milhões de toneladas colhidos. Estima-se que mais de 2 milhões de toneladas, do volume remanescente, está com as indústrias e menos de 400 mil toneladas com os produtores. No ano civil, em nove meses, o RS já beneficiou ou comercializou 6,57 milhões de toneladas. O beneficiamento e saídas de arroz de setembro somaram 691.410 toneladas, após o recorde de 862.555 em julho. Com isso, a média no ano safra caiu para 731.304/mês.

Nos últimos dias cresceu a movimentação de negócios entre indústrias. Algumas, com maiores estoques, têm repassado produto para empresas menores. Isso se dá pela média do estoque, ou seja, as pequenas empresas – obrigadas a cumprir o preço de mercado – estão pagando às indústrias que formaram estoques com médias menores. Uma empresa, por exemplo, que comprou bom volume de arroz a R$ 60,00, R$ 70,00, R$ 80,00 e pequena parte acima dos R$ 90,00 tem fôlego agora para vender por R$ 100,00 a R$ 105,00. Em média, no Rio grande do Sul, a saca de arroz em casca está cotada a R$ 105,00, mas com R$ 110,00 a R$ 115,00 para grãos superiores e R$ 100,00 para o parboilizado.

SAFRA

A primeira estimativa da safra 2020/21 divulgada esta semana pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) trouxe mais uma preocupação ao setor. Apesar do aumento de área de 1,6%, a previsão é de que a próxima colheita seja menor em 2,7% do que a passada, caindo 400 mil toneladas para 10,9 milhões (base casca). Isso porque a expectativa é de uma queda na produtividade de mais de 4%. Vale lembrar que no RS, a safra passada registrou um recorde de rendimento por área.

BOATOS

A última semana foi marcada por muitos boatos de falta de qualidade do produto importado de terceiros mercados. No entanto, se trata de confusão com amostras recebidas ainda em julho – e não adquiridas – de arroz indiano parboilizado. No Brasil, apenas um pequeno volume de arroz indiano já chegou e os testes em laboratório e na panela deram ótimo resultado, consolidando-se como Tipo 1. Obviamente, como o Brasil tem um dos melhores arrozes do mundo, o produto indiano não é igual. Tem um pouco mais de barriga branca e gesso.]

Já o produto médio dos Estados Unidos, marcado pela diversidade de híbridos e variedades, também costuma ser inferior ao padrão médio brasileiro, mas ainda assim qualificado como Tipo 1. Nos Estados Unidos a primeira carga começa a ser carregada na Louisiana neste sábado. O que houve nos últimos dias foi a propagação de uma informação fragmentada, depois que um industrial informou que “se parte do arroz importado não desse Tipo 1”, ele “ainda usaria para parboilizado abaixo dos R$ 100,00 atuais da cotação nacional”. A memória seletiva, e o interesse de algumas pessoas, transformou em “toda a importação é para parboilizar”.

PREÇOS AO CONSUMIDOR

Na semana que passou, os preços do arroz ao consumidor não tiveram grandes mudanças, mesmo em início de mês. Isso, talvez, porque em setembro o valor médio do arroz agulhinha ficou maior nas 17 capitais pesquisadas pelo Dieese, com destaque para as variações de Curitiba (30,62%), Vitória (27,71%) e Goiânia (26,40%). A média de preços está entre R$ 26,00 e R$ 27,00, com mínimos de R$ 18,00.

1 Comentário

  • O óbvio da falta de qualidade do arroz importado mesmo antes de chegar, e só nas amostras já começou a dar problemas.
    Isto sem falar na falta de controle fitossanitário, fungos e bactérias a vontade!!

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