Presidente do Irga informa que não colocou o cargo à disposição
(Por Planeta Arroz) A informação de que o presidente do Irga, o engenheiro agrônomo Ivan Saraiva Bonetti, colocou o cargo à disposição do governo do Estado nesta quinta-feira movimentou as redes sociais arrozeiras. Segundo fontes ligadas ao dirigente e ao Progressistas, partido que o indicou ao cargo juntamente com entidades setoriais, a posição de Bonetti teria sido apresentada à secretária da Agricultura, Silvana Covatti, mãe do ex-secretário e deputado federal Covatti Filho, de quem o atual presidente era assessor, e à Casa Civil, onde o Irga encontra inúmeros empecilhos à liberação dos recursos da CDO, taxa de R$ 0,70 paga pelos arrozeiros na venda de cada saca de arroz.
No meio da tarde, Bonetti respondeu às perguntas de Planeta Arroz e não confirmou a informação de ter colocado o cargo à disposição. “Não confirmo, continuo no Irga”, resumiu.
Nomeado há cerca de seis meses, Ivan Bonetti viu na última semana o seu diretor técnico Ricardo Kroeff demitir-se do cargo. Kroeff é funcionário de carreira e a partir de junho permanecerá no Irga apenas atuando em um escritório do interior como extensionista e mediante redução de jornada e salarial, pois pretende cuidar de assuntos pessoais. A gerente da Divisão de Pesquisas, engenheira agrônoma Flávia Tomita, deve assumir a diretoria técnica.
A disposição de colocar o cargo de presidente à disposição do governo, segundo as mesmas fontes, ganhou mais força após uma tensa reunião dos diretores com o Conselho Deliberativo do instituto na terça-feira, quando o governo do Estado e os dirigentes foram duramente cobrados por ações que assegurem o retorno da taxa CDO para financiamento da pesquisa, extensão e estrutura do Irga, medida considerada vital para a entidade pelos próprios dirigentes.
A atual diretoria apresentou um plano de ação básico para tentar convencer o governo do Estado a repassar integralmente a CDO, que soma mais de R$ 100 milhões por ano, aos cofres do Irga. Ao mesmo tempo, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontou uma dívida que, corrigida, pode chegar a mais de R$ 250 milhões, como irregular por parte do governo estadual em prestações de contas. Não foi a primeira vez – e nem será a última – deste apontamento.
Nesta quinta-feira, segundo a versão de assessores próximos, Bonetti teria renovado os contatos com a Casa Civil, onde está o plano de recuperação da instituição, elaborado por uma comissão interna e perdeu a paciência com os argumentos de postergação do núcleo governamental. Ele teria levado a situação ao conhecimento da secretária da Agricultura – e informou aos dirigentes de departamentos do instituto – que a predominar a situação, colocaria o cargo à disposição, pois não estaria disposto a manter-se à frente da entidade sem que o governo do Estado desse o devido respaldo e demonstrasse real interesse em resolver o impasse.
Não é novidade que a nova diretoria do Irga, que assumiu com respaldo da cadeia produtiva e da base política do governo Leite, se vê impotente frente à falta de interesse do comando estadual, notadamente da Casa Civil, da Secretaria da Fazenda e da secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, em devolver os recursos dos arrozeiros que deveriam ser usados para o desenvolvimento da orizicultura.
Além de se depararem com uma burocracia paquidérmica, e em alguns casos o corporativismo, uma das razões da indignação de conselheiros e do quadro funcional – e na própria diretoria – teria sido a ingerência de políticos – e a ação ou omissão do próprio governo do Estado – na nomeação inédita de assessores da diretoria fora da sede, portanto em desvio de função, e contemplando candidatos não eleitos sem relação direta com a cadeia produtiva. Isso, para os conselheiros e servidores, foi mais uma clara demonstração de desrespeito a um projeto de recuperação da instituição octogenária.
No início da tarde, o clã Covatti e agentes do governo do Estado trabalhavam para demover Bonetti da ideia e mantê-lo na direção do instituto. Ele teria condicionado sua permanência ao andamento do projeto de recuperação do instituto, autonomia para a diretoria nomear os cargos de confiança e demonstração pública de apoio ao órgão por parte do governo estadual.
Bonetti abriu mão de um cargo de assessor na Câmara Federal, com salários próximos de R$ 25 mil, para receber R$ 7,5 mil como presidente do Irga, em função das promessas de apoio para o projeto.
Vale frisar, novamente, que além da informação oficial do próprio presidente do Irga de que não confirmava ter colocado o cargo à disposição, todas as demais informações são extraoficiais.