RS poderá aumentar em 1,2% a lavoura de arroz sobre a área colhida em 2020/21

 RS poderá aumentar em 1,2% a lavoura de arroz sobre a área colhida em 2020/21

Mesmo se confirmar área maior, expectativa é de média produtiva mais baixa. (Foto: Robispierre Giuliani)

(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) anunciou na noite desta quinta-feira, 30 de setembro, a intenção de plantio da safra de arroz 2021/22 e a expectativa é de um aumento de 1,2%, ou cerca de 11,5 mil hectares sobre a superfície efetivamente colhida em 2020/21, quando foi alcançada a maior produtividade média da história desta cultura no estado: 9.010 quilos por hectare. A diretora técnica do Irga, Flávia Tomita, destacou que a intenção apurada é de um plantio de 957.449 hectares com o cereal nas lavouras gaúchas, frente à uma colheita realizada em 945.971 hectares na temporada passada segundo relatório final de safra publicado em junho pelo instituto.

Sobre a área inicialmente estimada para a temporada passada, de 969.192 hectares, que não se confirmou, a projeção de tamanho da lavoura gaúcha no ciclo que está iniciando é 1,2% menor. Os números não são finais, apenas uma estimativa pois há variáveis como a época da pesquisa, o clima e até os preços e a dificuldade de abastecimento de alguns insumos que poderão interferir para baixo ou para cima até a conclusão da semeadura.

João Batista Camargo Gomes, diretor comercial do Irga, ressaltou esse ponto. Ele lembrou que a pesquisa que mobilizou todos os núcleos de extensão do interior gaúcho para cobrir os territórios de cultivo foi realizada até 30 de julho passado. Portanto, a projeção foi construída ainda sob uma condição hídrica em que as represas estavam com déficit significativo – entre 30% e 40% na maioria das regiões. Em setembro, porém, as chuvas foram muito favoráveis e a quase totalidade dos açudes e mananciais se recuperou. Essa, aliás, foi uma das boas notícias trazidas pela agrometeorologista Jossana Cera, consultora do Irga.

Segundo ela, a recuperação dos mananciais deve permanecer nas regiões arrozeiras gaúchas pelo menos até o final da primeira quinzena de outubro. Se para fins de irrigação é uma boa notícia, por outro lado mostra um comportamento de evolução do plantio um pouco abaixo do ano passado. Essa condição, segundo Flávia Tomita, torna mais “estreita” a janela de plantio e exige uma operação mais efetiva e assertiva dos produtores. Para novembro a previsão é de chuvas abaixo da média.

 

A área semeada no Rio Grande, até esta semana, estava entre 9% e 10% da previsão inicial, alcançando 92 mil hectares, ou pouco mais de 50% da superfície semeada na mesma época no ano passado. “Como temos até o dia 5 de novembro para realizar a semeadura dentro da época recomendada, e o avanço é muito dinâmico até pela área de resteva de soja e preparo antecipado, não dá pra falar em atraso. A velocidade de plantio pode ser recuperada até o início de novembro”, explicou Tomita, a primeira mulher a tornar-se diretora da autarquia de pesquisa e extensão.

 

Ainda segundo o levantamento, 560,5 mil hectares serão implantados sobre preparo antecipado, 175,4 mil sobre cobertura de inverno e outros 262,1 em resteva de soja, o que costuma ser fator positivo para o ritmo de distribuição de sementes e a produtividade das lavouras.

Jossana Cera, por sua vez, também explicou que atualmente a tendência é de que a safra ocorra dentro de uma condição climática do fenômeno La Niña de fraca intensidade, que tradicionalmente tende a ser benéfico para a cultura do arroz. “Nesta condição, costumamos ter médias de precipitações inferiores à média histórica e uma distribuição mais heterogênea”, observou. A meteorologista também destacou que caso a condição não se confirme, o clima ocorrerá sob condição de “neutralidade fraca”, que também indica volumes de chuvas inferiores à média. “Mas, a tendência, em mais de 60% e pelo histórico é de se confirmar um La Niña de menor intensidade”, reiterou.

CUSTO

A má notícia, que confirmou o que já era percebido pelos agricultores, foi a elevação substancial do custo de produção da lavoura de arroz, cujo valor final considerando despesas fixas mais desembolso poderá chegar a R$ 15 mil por hectare, conforme Camargo Gomes. De forma inédita, o Irga anunciou nesta quarta-feira um levantamento parcial de custo, que foi travado em agosto, levando em conta os procedimentos até a primeira fertilização com N no seco (ureia pré-irrigação).

A elevação, apenas considerando operações de lavoura, reformas e manutenções, sementes, tratamento de sementes, adubo (calcário, MPA e KCI, Formulado) adubação de cobertura (1ª aplicação), agroquímicos e transportes internos e salários, que representam 92,6% desta etapa dos custos, somou R$ 4.613,21 (equivalente a US$ 878,42 com cotação de US$ 1 = R$ 5,25). A alta é de 51,6% sobre os R$ 3.043,17 do ano passado, considerando exatamente as mesmas operações de lavoura.

Contando outras despesas (administrativas, seguro agrícola e assistência técnica) o valor sobe mais R$ 369,06 (US$ 70,27) ou 7,4% do total dos valores, chegando a uma demanda total de custeio de R$ 4.982,27 (US$ 948,70). Em 2020/21, estes itens representaram 27% dos custos de produção totais. “Ainda não estão computados dois fatores de alto impacto como a irrigação e a colheita”, lembrou o diretor.

Portanto, apenas sobre esse percentual de operações iniciais – até agosto – o custeio médio por saca de arroz pelo levantamento do Irga já teria alcançado R$ 29,99 (ou US$ 5,71 pela cotação utilizada que é a média de agosto/21 em R$ 5,2517). Considerando a média das últimas três safras, de 166,13 sacas ou 8.306,5 quilos por hectare, e confirmando a intenção de plantio, o Rio Grande do Sul poderá colher 7,95 milhões de toneladas, ou 570 mil toneladas abaixo do volume produzido em 2020/21. O preço médio de comercialização em agosto de 2021 foi de R$ 76,51 segundo o indicador de preços.

SOJA

A intenção de plantio de soja na safra 2021/22 confirma o sucesso do sistema de rotação do arroz com a oleaginosa e prevê um salto de 9%, para 408.124 sobre as 372.014 efetivamente semeada. Já sobre a intenção de plantio do ano passado, que foi de 355.299 hectares, seriam 15% de aumento. Confirmando-se a área estimada em arroz e soja, a oleaginosa ocupará o equivalente a 42,63% das várzeas anteriormente destinadas apenas à orizicultura. O domínio da tecnologia, cultivares mais adaptadas e os benefícios agronômicos e econômicos, são as principais causas desse avanço. O Irga ainda não faz levantamento quanto ao cultivo de milho em terras baixas, mas extraoficialmente a expectativa é de que a área também cresça nesta temporada e alcance entre 12 mil e 15 mil hectares.

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