Auxílio Brasil tende a aumentar demanda por alimentos

 Auxílio Brasil tende a aumentar demanda por alimentos

Alimentos básicos devem ser mais procurados pelos consumidores, com o Auxílio Brasil (Foto: Pilar Olivares/Reuters)

Olhando a situação atual, o economista Mauro Rochlin, do MBA da Fundação Getúlio Vargas, não vê impacto maior do Auxílio Brasil sobre a inflação, que tem subido por uma série de fatores e levado o mercado a rever suas projeções em relação, por exemplo, à taxa de juros básica da economia, a Selic.“Vai haver uma demanda mais aquecida de alimentos e produtos básicos, mas não acredito em impacto maior sobre a inflação”, diz ele.

O gerente de mercado da Bolsa Brasileira de Mercadorias, Carlos Widonsck, pondera que a inflação não é exclusiva do Brasil, mas atinge o mundo todo. Deve-se, em boa parte, à crise energética, com aumento de preços de petróleo, carvão, gás e fretes. No Brasil, diz, a crise foi amplificada pelas condições climáticas que afetaram a safra 2020/2021.

“O dólar deve se manter em patamares altos e não vejo cenário para aumento ou queda significativa no preço dos alimentos, mesmo com a entrada de uma supersafra, já que os custos aumentaram. Minha estimativa é de preços altos em dezembro e janeiro e uma arrefecida lá para fevereiro e março”, diz ele.

Furo no teto

O ponto polêmico em relação ao Auxílio Brasil está no fato do programa, que dobrará o valor pago hoje com o Bolsa Família, ser bancado, em parte, com um furo no teto de gastos públicos. A situação provocou reações do mercado financeiro e uma debandada de parte da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Mauro Rochlin, da FGV, pontua apenas que o problema de furar o teto de gastos é que, além de pressionar de forma recorrente as despesas do governo, sinaliza um compromisso muito frouxo com a política de austeridade. De qualquer forma, ele acredita em uma situação inflacionária menos dramática em 2022, com um índice por volta de 5% em vez dos atuais quase 10%.

Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) também é crítico do estouro do teto. Em sua visão, o cenário inflacionário atual foi gerado justamente pelo aumento do gasto público, ainda que tenha sido necessário no ano passado para evitar uma retração maior da economia brasileira.

Segundo ele, medidas que aumentam o endividamento vão gerar um problema maior lá na frente. “Não que o auxílio não seja oportuno, justo ou necessário, mas responsabilidade fiscal é lei, não se discute”, diz. “Anunciar um programa como esse agora, sem recursos para pagar, tem resposta imediata. Quando as pessoas receberem os R$ 400, o poder de compra já estará em R$ 350”, acrescenta.

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