Identificam relação entre o peso específico dos grãos e qualidade das sementes de arroz
Foi possível verificar, em diversos casos, que quanto maior o peso específico, maior qualidade da semente foi obtida. As informações geradas podem ser utilizadas para melhorar a seleção e o manejo de cultivares.
Na produção agrícola, o estabelecimento da cultura é fundamental, pois afeta diretamente o estande das plantas a serem colhidas e condiciona seu desempenho ao longo do ciclo.
Diferentes autores mencionam que a eficiência de implantação responde a vários fatores, entre eles a qualidade da semente que é semeada e, principalmente, o seu vigor.
Dentre os fatores que determinam a qualidade estão genéticos, físicos, fisiológicos e fitossanitários, e sabe-se que o peso e o tamanho de cada semente afetam seu desempenho, sendo as sementes de maior peso aquelas que apresentam maior peso físico e fisiológico.
Mas nenhuma informação estava disponível sobre o efeito da gravidade específica na qualidade das sementes de arroz de cultivares locais de Corrientes.
Para tanto, uma investigação colaborativa entre pesquisadores da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNNE e do INTA Corrientes, teve como objetivo determinar a influência de variáveis morfométricas de sementes sobre parâmetros de qualidade fisiológica das mesmas em cultivares comerciais e experimentais de arroz.
TRÊS VARIEDADES COMERCIAIS
Para o estudo, foram trabalhadas três variedades comerciais: “EMBRAPA 7 TAIM”, “IRGA 424” (variedade mais semeada em nível provincial e nacional), “PUITA INTA CL” e também “PAC 103 ”(Uma linha promissora com genética FLAR – Fundo Latino- Americano para Irrigação de Arroz – em desenvolvimento dentro do programa de melhoramento genético da EEA INTA Corrientes).
A distribuição percentual de cada cultivar foi determinada nas 4 frações consideradas de acordo com o peso específico do grão: PE1 (peso específico menor que 1,14 gramas por centímetro cúbico), PE2 (de 1,14 a 1,18 g / cm3), PE3 (1,19 a 1,23 g / cm3) e PE4 (maior que 1,23 gramas por centímetro cúbico).
O peso específico foi determinado por uma metodologia em que se pega um líquido de densidade conhecida (método com sacarose: água e açúcar) e, neste mesmo fluido, avalia-se como o grão de arroz se comporta: se flutua é de densidade menor; se afundar, tem uma densidade maior e, se ficar no meio, tem uma densidade equivalente à solução utilizada.
QUATRO VARIEDADES
De acordo com os resultados observados, destaca-se que a hipótese de que quanto maior o peso específico, maior a qualidade da semente pode ser verificada em vários casos.
Os autores do estudo destacam que foi realizado um trabalho bastante detalhado, que além de avaliar quatro variedades de arroz, analisou diferentes parâmetros do grão como comprimento, largura, peso de mil sementes, poder de germinação, energia de germinação, tempo de emergência, estande e vigor da planta.
“Há muita pesquisa sobre arroz e é importante contribuir nesta linha com dados sobre cultivares locais”, disse a agrônoma Rosario Gomez Ibarra, principal autora do estudo realizado no âmbito de sua tese de pós-graduação na Faculdade de Ciências Agrárias da UNNE.
A obra teve a direção de Raúl Daniel Kruger, professor da FCA-UNNE e pesquisador do INTA Corrientes; e a codireção de María Laura Fontana, também professora da FCA-UNNE e pesquisadora do INTA; e a colaboração de pesquisadores do INTA, engenheiras agrônomas Luciana Herber e María Inés Pachecoy.
Os dados fornecidos pelo estudo podem ser usados para diferentes propósitos de melhoramento da cultura, como seleção de cultivares, programas de melhoria da qualidade da semente, e também podem evitar muitas análises da qualidade da semente e variedade da planta.
DETALHES DO TRABALHO
Em relação às observações mais técnicas do estudo, as conclusões destacam que a distribuição percentual das categorias de peso específico (PS) difere entre as cultivares.
As variedades PUITA e IRGA 424 apresentam maior proporção na fração de grãos PE2, de peso específico intermediário; enquanto as variedades TAIM e PAC 103 concentraram maior proporção na fração PE3, com maior peso específico, e mesmo com sementes PE4 (peso maior que 1,23 gramas por centímetro cúbico).
As variedades TAIM e PAC 103 constituem um grupo caracterizado por uma maior largura e, para o comprimento, foi determinado um gradiente crescente: PUITA, TAIM e IRGA 424 e PAC 103.
A análise particionada por cultivares mostrou que IRGA 424 se comporta de maneira diferente das demais, pois as sementes com maior peso específico apresentaram menor comprimento e largura.
O peso de mil sementes foi afetado pelo tipo de cultivar, destacando-se a cultivar PAC 103 pela maior massa e peso específico.
O estudo também determinou que a porcentagem de plantas normais, anormais e sementes não germinadas, bem como a energia de germinação e o estande da planta foram afetados pela gravidade específica.
A fração de sementes com PE1, de menor peso específico, apresentou pior desempenho em todos os parâmetros citados.
RELEVÂNCIA
O engenheiro agrônomo Gomez Ibarra destacou a abrangência do trabalho realizado como tese de pós-graduação e indicou que alcançou boa relevância no campo da produção de arroz. Enfatizou a contribuição do grupo de pesquisadores do UNNE e do INTA que participou do estudo que exigiu avaliações de campo e exames laboratoriais.
E reiterou a importância das informações geradas, uma vez que o uso de sementes de qualidade representa uma estratégia importante para melhorar a produtividade das lavouras, neste caso do arroz. Por fim, destacou que a produção de arroz, de grande relevância para a província de Corrientes, é uma cadeia produtiva com grande incorporação de inovações produtivas e espera que o estudo sirva para desenhar novas diretrizes de manejo nesse sentido.