Escassez de chuva no RS dificulta avanço na semeadura da soja
(Por Emater/RS) A escassez de chuva no Estado dificulta um avanço expressivo na semeadura da soja. No momento, o plantio alcança 93% da área inicialmente prevista. Na Fronteira Oeste, regional administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, mesmo com a ocorrência de chuvas em meados de dezembro, o baixo volume precipitado e a sequência de dias com grande insolação e temperaturas acima dos 30°C agravaram o quadro de déficit hídrico configurado na primavera. A semeadura não avançou devido aos índices muito baixos de umidade no solo.
Em áreas semeadas, as plantas estão com porte baixo ou encontram dificuldades para se estabelecer. As lavouras em floração apresentam baixo número de vagens, as quais se mantêm nas plantas com alguma dificuldade.
Na parte Norte da Campanha, a semeadura foi retomada com as precipitações ocorridas em 21 e 22/12, mas ainda há atrasos, como em Caçapava do Sul, onde o índice semeado é de 90%. Na parte mais ao Sul, em lavouras mais próximas do Uruguai, a situação é melhor. Observa-se o aumento de áreas em floração em cultivares de grupo de maturação até 5.5, implantadas entre o final de outubro e os primeiros dias de novembro. Nessa área, foram aplicados dessecantes; a prática fora adiada pela sequência de dias com ventos fortes e chuvas desde meados de dezembro, condições que promoveram uma significativa infestação de plantas invasoras, limitantes ao desenvolvimento da soja.
O uso de fertilizantes foliares também foi utilizado por parte dos produtores como estratégia para estimular o aumento do porte das plantas e o fechamento das entrelinhas.
Na microrregião Oeste da regional de Caxias do Sul, com a ocorrência de chuva, os produtores ficaram mais seguros quanto à germinação das plantas e retomaram a atividade de semeadura tendo em vista a recuperação da umidade do solo. De modo geral, as lavouras da região estão bem estabelecidas, apesar de algumas falhas na germinação e desenvolvimento lento em virtude da deficiência hídrica.
Na região de Frederico Westphalen, segue a preocupação com a cultura. Muitos produtores não finalizaram a semeadura por falta de umidade no solo. A falta de chuva vem afetando o desenvolvimento das lavouras, sendo que aproximadamente 80% da área está em enchimento de grãos e 20% em floração, com plantas menores do que o esperado para a cultura. A redução do potencial produtivo é estimada em aproximadamente 12%, o que pode se agravar caso não ocorram chuvas nos próximos dias.
Na regional de Ijuí, ocorreu um pequeno avanço na semeadura de soja nas áreas onde as precipitações de 20 e 21/12 foram em volumes suficientes para repor a umidade adequada no solo. Também foram realizados pequenos replantios nos pontos de menor densidade de plantas dentro dos talhões de cultivo e em pequenas áreas pontuais. As precipitações foram muito localizadas e contemplaram área pouco expressiva da área cultivada.
De maneira geral, o desenvolvimento da cultura está muito atrasado em consequência do déficit hídrico que se prolonga. As plantas apresentam caule fino, baixo número de folhas, folhas pequenas e senescência das folhas basais. As cultivares precoces, semeadas em outubro, se encontram em início do estádio reprodutivo, mais precisamente em floração, com tamanho das plantas muito pequeno – em torno de 20 centímetros de altura. O clima quente e seco proporciona aumento da incidência de tripés, sendo necessário controle. Os produtores estão enfrentando dificuldades para aplicação de herbicidas para controle de ervas devido às condições climáticas não ideais para a operação: temperaturas elevadas, baixa umidade no ar e no solo, além de ventos com velocidade acima do indicado para pulverizações.
Tem início a aplicação de fungicidas nas lavouras semeadas em outubro que apresentam maior área foliar. Também foi constatada ocorrência de tombamento de plantas em função da quebra da haste principal ao nível do solo nas lavouras de soja em que o estádio fenológico está entre V7 e V8. Na de Passo Fundo, a semeadura alcançou 98% do total projetado, e a área já semeada encontra-se na fase de desenvolvimento vegetativo, com algum prejuízo em virtude do déficit hídrico.
Na região de Pelotas, as áreas implantadas em outubro e meados de novembro estão com bom estande de plantas e desenvolvimento, embora venham sentindo os efeitos da estiagem. As lavouras implantadas a partir da segunda quinzena de novembro enfrentaram alguns problemas de emergência e desenvolvimento. Com as chuvas da semana anterior, o plantio da soja foi praticamente concluído, atingindo mais de 98% da área; assim, há poucas áreas a serem semeadas, e os produtores realizam o replantio onde ocorreram problemas de emergência da cultura. Até o momento, não há relatos de problemas fitossanitários expressivos nas lavouras.
Contudo, os produtores seguem preocupados com os prognósticos de baixas precipitações futuras. Na de Santa Maria, o plantio da soja segue paralisado pela falta de chuva e por conta de solos sem a unidade adequada; 95% da área está semeada. As lavouras estão nas fases de desenvolvimento vegetativo e floração e já sentem os efeitos do déficit hídrico.
Na regional de Santa Rosa, em virtude do tempo seco, o percentual da área semeada não evoluiu na semana que passou, permanecendo em 93% da área, sendo que 91% das lavouras estão na fase de germinação e desenvolvimento vegetativo e 9% se encontram na fase reprodutiva com a emissão de flores, crítica à redução da umidade do solo. De forma geral, observou-se o acirramento do estresse hídrico nas lavouras, principalmente nas regiões em que não houve precipitações na última quinzena.
Observam-se folhas murchas a partir da metade da manhã, denotando déficit hídrico no solo. As lavouras implantadas no final de outubro já apresentam as primeiras flores, ainda com plantas de porte menor que o esperado.
Essa condição deve impactar negativamente na produtividade dessas lavouras, já que não são previstas chuvas para os próximos dias, quando a floração dessas áreas deve intensificar. Nas áreas mais tardias, produtores avaliam as atividades de capina química já realizadas e as áreas que ainda devem receber a operação. As condições desfavoráveis para aplicação de agrotóxico frearam as atividades de capina, mas produtores ainda fazem aplicações de inseticidas e acaricidas para controle de tripes e ácaros que, em algumas lavouras, apresentam populações significativas. Áreas implantadas sem umidade suficiente para emergência das plantas apresentam estande de plantas aquém do esperado nas áreas germinadas e outras áreas ainda dependem de chuvas para a emergência.
Está em andamento o monitoramento de ferrugem da soja, com coletor de esporos instalado em 29/11 em área de 5,2 hectares de lavoura em Cerro Largo. Na última semana, foram identificados sete esporos de ferrugem da soja na lâmina; porém, a probabilidade de infecção nas folhas é pequena, uma vez que a umidade é muito baixa, e a temperatura, alta.
Na regional de Soledade, em parte do Baixo Vale do Rio Pardo e no Centro-Serra e em menor abrangência, no Alto da Serra do Botucaraí, ocorreram chuvas na semana anterior, possibilitando alguma retomada do crescimento e o desenvolvimento da cultura. Em muitas áreas ocorreram replantes e em menor percentual a semeadura, que alcança 90% de área.
Por outro lado, em municípios da parte Norte e Oeste do Alto da Serra do Botucaraí, o percentual de área por semear é elevado, acima de 30%, e muitas lavouras apresentam mortes de plântulas em virtude do solo seco. No geral, a soja segue com sinais de estresse, folhas com aspecto de murcha nas horas mais quentes do dia e altura de plantas abaixo do normal para a época, com parte delas entrando em florescimento, o que compromete a plena produtividade. Devido ao baixo teor de umidade do solo em muitas lavouras da região, ainda não foi realizado o manejo de plantas invasoras em pós-emergência.
Na de Porto Alegre, o plantio de soja alcançou 99% da área. As lavouras apresentam boa germinação e estabelecimento inicial, sem relato da presença de esporos da ferrugem asiática até o momento nas unidades de referência técnica (URTs) de monitoramento. No acompanhamento com manejo integrado de pragas (MIP) nas URTs de Camaquã, Cristal, Gravataí, Glorinha, Viamão e Palmares do Sul, não houve ocorrência de pragas a nível de dano econômico; apenas uma lavoura em Glorinha apresentou problemas com ataque de lagartas.
Em geral, a cultura vem apresentando boas condições de desenvolvimento.
Comercialização
De acordo com o levantamento semanal realizado pela Emater/RS-Ascar, a cotação da soja no Estado apresentou uma elevação de 2,35% em relação aos preços médios praticados na semana passada. A saca soja foi comercializada na semana pelo valor médio de R$ 168,47.