Cotações firmes e arroz novo sem referências
(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados, Planeta Arroz) O mercado de arroz em casca no Rio Grande do Sul manteve-se mais uma semana com preços firmes, demanda para grãos da safra 2020/21, mas em stand by para o “arroz novo”, na relação produtor x indústria. Há motivos de sobra: a demanda por “arroz velho” está centrada na busca, pela indústria, em resguardar a qualidade do estoque e a sua desconfiança de que a nova safra caia alguns pontos no fator “inteiros”. Os próprios agricultores têm se encarregado de vender esta imagem de uma safra “fraca de grãos” por causa da estiagem e do excesso de calor.
Os arrozeiros estão mais preocupados com a colheita e operações nas lavouras do que em comercializar estoques remanescentes, razão pela qual as tradings e corretoras nem estão buscando novos negócios para exportação. “Não é tanto uma questão de preços, o dólar parece ter estabilizado acima dos R$ 5,00 e os valores dispararam nos Estados Unidos, que está vendendo melhor do que no ano passado. É um movimento que compensa e manteria o Brasil competitivo. O problema é assumir um compromisso de venda e não conseguir levantar o volume de carga necessário com o arroz da safra 2020/21, que é um risco real e bem possível”, explicou-me um trader.
O arroz novo está sendo colhido, boa parte enviado para a indústria, onde é secado, armazenado e mantido “de molho”, com raras aquisições. Há movimento no arroz da própria indústria, pois a maior parte das empresas está adotando um regime de “stand by” para os negócios enquanto aguarda uma definição melhor do cenário. Seja da qualidade do grão desta safra, seja do volume a ser colhido ou, ainda, dos preços referenciais para acertar as CPR´s. Enquanto isso, poucas empresas fazem movimentos de compra.
Como postura tradicional do período de safra, o varejo segue comprando da mão pra boca. De um lado espera uma oferta maior, de outro percebe que não há movimentos de exportação neste momento. O que mudou neste cenário são alguns ruídos e demandas muito específicas ligadas à guerra da Rússia com a Ucrânia, e demandas específicas na Ásia.
A invasão russa à Ucrânia modificou o cenário internacional de preços do trigo e do milho, uma vez que os dois países são grandes produtores, ainda que estejam no período de entressafras. Como o arroz é sucedâneo do trigo em todo o mundo há uma expectativa de que as dificuldades logísticas e produtivas interfiram no mercado arrozeiro. Vale lembrar que na crise mundial de alimentos e crédito em 2008/09, os preços do arroz dispararam após a alta das cotações do trigo e do milho.
Os grandes exportadores de arroz da Ásia têm reportado altas significativas na venda do 100% broken (quebrados) nos mercados interno e externo. Tailândia e Índia têm realizado bons negócios com maior demanda da China, EUA e países asiáticos que estão usando este grão para substituir o milho e o trigo em rações. A ponto do 100%B estar praticamente igualando as cotações com o branco com 25% de quebrados nesta origem. Desta maneira, o mercado internacional do arroz, em especial no Mercosul, ainda está muito estudado. No Brasil, com baixa demanda. Argentina e Uruguai tiveram desempenho superior ao de 2021, em fevereiro.
A Bolsa de Futuros de Chicago apresentou uma semana de preços em elevação para os contratos de curto e médio prazos.
COTAÇÕES
Diante deste cenário, e com a colheita beirando 15% no Rio Grande do Sul com produtividades e condições muito variáveis, a cotações seguiram firmes e avançaram um pouco mais segundo o Indicador de Preços do Arroz em Casca (58×10) Esalq/Irga-RS, no estado. Depois de fechar fevereiro marcando uma valorização de 15,5%, e cotação de R$ 73,92 por saca – equivalente a US$ 14,37 pelo câmbio do dia 25 de fevereiro, o Indicador seguiu avançando e alcançou R$ 74,86 na última sexta-feira, valor equivalente a US$ 14,74 em dólar, acumulando 1,27% de avanço na primeira semana de março.
No mercado livre as cotações permanecem referenciadas em R$ 80,00 na Fronteira Oeste para o arroz “velho” e R$ 75,00 na Zona Sul para arroz “novo”, mas com baixo volume de negócios. Variedades especiais no Litoral Norte e na Fronteira chegam a ser negociadas até acima de R$ 80,00, mas sob condição de alcançarem mais de 60% de grãos inteiros. A expectativa é de que os preços se mantenham firmes até que fique mais claro o resultado da colheita gaúcha.
EXTERNO
Na Bolsa de Futuros, os contratos com vencimento no curto (março) e médio prazos (maio e julho), mantiveram a trajetória altista. Os poucos contratos posicionados para março marcaram média de US$ 16,120 por quintal (45,36kg) e máxima de US$ 16,495 na última sexta-feira. Os contratos para maio, o maior volume negociado na Bolsa de Chicago, alcançaram US$ 16,445 de média e máxima de US$ 16,810, enquanto para julho chegam a US$ 16,625, com máxima de US$ 17,00.
Pela cotação da sexta-feira, quando o dólar fechou em R$ 5,08, o quintal estaria cotado a US$ 81,89. Multiplicando pela saca de 50 quilos, equivaleria a R$ 90,26. A alta nos EUA dá um pequeno fôlego para a competitividade do arro brasileiro, que vem sendo seriamente afetada pela desvalorização do dólar.
PREÇO AO CONSUMIDOR
Os preços aos consumidores nas capitais pesquisadas por Planeta Arroz não apresentaram grande diferença esta semana em relação à última pesquisa. A média permanece entre R$ 20,00 e R$ 21,00 para o pacote de cinco quilos, do Tipo 1, branco, nas gôndolas, ou R$ 4,00 a R$ 4,20 por quilo. Em condições promocionais, pode chegar abaixo de R$ 3,00 por quilo.
5 Comentários
Dificil a situação do arroz , enquanto os custos se multiplicam todas as comodities acompanham esse aumento generalizado de custo e o arroz ficou pra trás inviabilizando a cultura , um saco de arroz que historicamente comprava 1 de adubo que agora vale até 300 reais o saco se é que vamos conseguir comprar fertilizantes, a conta não fecha . meu pai que tem uma longa história de lavoura sempre me disse que o arroz valia o dobro do milho e de 60 a 70% do valor da Soja e hoje a soja vale 3x mais que o arroz e o milho chegou a 112 reais ontem , não teremos alternativa a não ser usar a escassa agua pra irrigar soja e milho.
Exelete análise Cleiton vamos com tudo na soja aí quero ver ce o preço do arroz não sobe.
Muito boa análise Cleiton, teremos arroz bom de grão só em abril e começo de maio, se o frio não atrapalhar a rapa q sobrou pra se refazer com as últimas chuvas.
Mais tres meses de incerteza e de indisponibilidade de insumos e o preço bate no telhado. E a fome vai campear o mundo. Vamos esperar e ver.
Sou crítico de reportagens e comentários aqui na página, sou da indústria e todos sabem, mas essa publicação do Sr. Cleiton Evandro esta de parabéns, bem fundamentada e sem achismos.
Parabéns, que continue assim, por que aparece cada uma aqui, falando mais dos comentários de algumas figurinhas já carimbadas que comentam aqui no site, que não consigo deixar passar em branco e dou no meio mesmo, e não adianta ficar brabo, escreve bobagem tem que levar choque mesmo.
Boa semana a todos!!!