Minimizando o impacto do El Niño na produtividade de arroz na safra 2014/15

Autoria: Valmir Gaedke Menezes – Federarroz.

Todas as previsões climáticas apontam a ocorrência do fenômeno El Niño para a próxima safra, em função do aquecimento das águas do Oceano Pacífico junto a costa do Peru. Entretanto, o que não se sabe qual será a intensidade deste fenômeno e onde será o centro do mesmo, pois historicamente o foco do fenômeno climático e aintensidadesão variáveis e diferem entre as regiões do Rio Grande do Sul. Lembrando que o centro de atuação do fenômeno pode ser em Santa Catarina, no Paraguai, Argentina e Uruguai.

No caso de ocorrência de El Niño no Rio Grande do Sul, sabe-se que produtividade e a produção de arroz são menores por causa da maior ocorrência de chuvas na primavera e/ou verão, com possibilidade de forte de cheias em algumas regiões e, é claro, menor radiação solar.Com as chuvas mais frequentes os dias úteis para as atividades de preparo do solo e semeadura serão bem menores.Além disso,nos anos de El Niñoa semeadura do arrozsempre atrasa.

Do ponto de vista de planejamento e atitudes, os arrozeiros devem se preparar para a possibilidade da ocorrência de um El Niño forte e a probabilidade de a sua lavoura esteja no centro dofenômeno.Desse modo, os produtores deverão:
– evitar a semeadura em áreas sujeitas a inundações;
– intensificar o preparo do solo (para aqueles que ainda não prepararam as áreas para o próximo ano) para que nos poucos dias úteis sejam dedicados somente a semeadura.
– semear toda a sua lavoura nos meses de setembro e outubro para que o florescimento das plantas de arroz ocorram no final de dezembro até o início de fevereiro, pois é quando se terá mais radiação solar em função dos dias mais longos;
– ter cuidados especiais com insetos e doenças, pois com a temperatura e a umidade relativas mais elevadas há condições favoráveis para o desenvolvimento dos mesmos;
– não reduzir os investimentos em tecnologia, embora saiba-se que nestes anos o retorno será menor. Mas sempre será maior do que nas áreas de baixa tecnologia, pois o impacto dos estresses causado pelo fenômeno é menor nas áreas com maior tecnologia, principalmente a semeadura na época recomendada;

Os produtores devem lembrar que o impacto dos estresses causados pelo El Niño não é mesmo para todos os agricultores. Os danos sempre serão maiores para os produtores com menor capacidade de gestão e tecnologia e, em especial, para aqueles que semeiam tarde (novembro e dezembro).

Para os arrozeiros que semeiam soja em solos cultivados com arroz é importante não semear áreas baixas com dificuldade de drenagem e melhorar a macrodrenagem da área e aumentar o número de drenos com envaletadeira. Além disso, antecipar o preparo do solo, semear cultivares menos suscetíveis ao estresse hídrico e cuidados especiais com pragas e doenças, principalmente a ferrugem asiática, são medidas recomendáveis. A semeadura em micro camalhões este ano pode fazer a diferença, não importa como eles sejam feitos.

Para finalizar, ressalta-se a importância do seguro agrícola que cubram danos eventuais por estresses do ambiente. Por isto, que além dos seguros obrigatórios, seria importante os agricultores fazerem “seguros” em grupos como muitos arrozeiros já fazem. Procurem informações junto a associações de arrozeiros que já utilizam este sistema.

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