Pib Brasi: Mais uma vez, o agro salvando a lavoura
Autoria: Por José Otavio Menten, presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS).
Mais uma vez, o agro impediu que o crescimento do PIB brasileiro fosse ainda mais desastroso. No primeiro trimestre, a agro cresceu 3,6% em relação ao trimestre anterior, graças, dentre outras, as safras de soja, arroz, feijão e algodão. Outros setores positivos foram produção de eletricidade, gás e água (1,4%), intermediação financeira, previdência complementar (1,2%), atividades imobiliárias e aluguel (0,9%), transporte, armazenagem e correio (0,8%) e indústria extrativa mineral (0,5%). Os serviços, setor de maior peso na economia, cresceram apenas 0,4%. A construção civil apresentou queda de 2,3%, a taxa de investimento foi de -2,1%, a indústria de transformação -0,8%, e o consumo das famílias -0,1%. Considerando o acumulado dos últimos 12 meses, o agro cresceu 4,8%, enquanto o PIB total foi de 2,5%.
O bom desempenho do agro não está sendo suficiente para evitar o pífio crescimento do PIB do Brasil. Considerando a variação no primeiro trimestre de 2014 em relação ao primeiro trimestre de 2013, o PIB brasileiro cresceu 1,9%, abaixo da China (7,4%), Peru (4,8%), Coreia do Sul (4,0%), Grã-Bretanha (3,1%), Japão (3,0%), Chile (2,6%), Estados Unidos (2,3%) e Alemanha (2,3%). O Brasil só superou o México (1,8%), África do Sul (1,6%), Portugal (1,2%), Rússia ( 0,9%), França (0,8%), Espanha (0,6%) e Itália (-0,5%).
As perspectivas não são animadoras para 2014. Certamente não será repetido o resultado de crescimento observado em 2013, de 2,5%, com o agro crescendo 7,3%. Mesmo com a estimativa do agro apresentar bom desempenho em 2014, não será suficiente para evitar que a economia brasileira cresça menos que seus principais competidores. O Brasil continuará a apresentar baixa eficiência e capacidade produtiva.
O agro deve continuar sendo o setor mais competitivo da economia brasileira, representando mais de 20% do PIB (cerca de 1 trilhão de reais) e com 41% das exportações e 25 a 30 milhões de pessoas trabalhando (cerca de 30% da população economicamente ativa). A produção de grãos deve atingir 191 milhões de toneladas em 2014, mantendo taxa de crescimento de 4% ao ano. A expectativa é de que, no próximo trimestre, o agro mantenha a tendência crescente devido ao término da colheita da safra de verão e inicio da colheita da segunda safra e de algodão.
Obs.: Temos foto do autor, caso precise.
Sobre o CCAS
O Conselho Científico para Agricultura Sustentável- CCAS é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.
O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.
Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.
A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.
2 Comentários
Falou e disse tudo:”que seu caráter de sustentabilidade, transpareca”, mas me pergunto? tranparecer mais pro meio ambiente ou pro produtor?
Sim, porque se o produtor segura o pib, vamos ver depois de diminuir 20% ou 50% da sua área de producão. Sim porque eu duvido que exista 5% de áreas respeitando o novo codigo florestal.
De fato, o título, muito bem escolhido, de que “mais uma vez o agro (está) salvando a lavoura” mostra o reconhecimento do sucesso e da eficiência das políticas de crédito, voltadas para o desenvolvimento do setor agro através dos financiamentos de custeio e investimentos nas diversas atividades específicas que compoe este setor. A estruturação do modelo de agronegócio como hoje é conhecido e reconhecido, começou entre os anos 60 e 70 – décadas atrás – com o VBC, com a assistência técnica reconhecida e associada ao crédito rural, com a viabilização da Embrapa e de institutos de pesquisda agro nos estados, com a criação e manutenção do Proagro e, atualmente, com as diversas linhas de crédito, cada vez mais específicas e especializadas conforme o agronegócio também vai se especializando. Estamos todos satisfeitos que o rural, o chamado agro, esteja respondendo tão bem aos estímulos e esforços, públicos e privados, que foram e estão sendo feitos nas últimas cinco décadas. Parabéns a todos: produtores, políticos, administradores, agrônomos e técnicos rurais. Parabéns a todo o Brasil e seu povo por este sucesso coletivo.