O dilema da Orizicultura gaúcha – Para nós, arrozeiros, refletirmos!
Autoria: Marco Aurélio Marques Tavares – Administrador de Empresas e Produtor Rural.
O cenário atual da orizicultura gaúcha é assustador e preocupante e, desencorajador para o próximo plantio.
A atual cotação média do arroz em casca no Rio Grande do Sul, segundo o Indicador Cepea/BM&F, em 5 de agosto, caiu para o patamar de US$ 9,70, retrocedendo em dólares, ao nível de mais de 8 anos atrás.
Em reais, está patinando, há semanas, abaixo dos R$ 34,00 (ontem:R$ 33,84) sendo a menor cotação dos últimos 3 anos. O mercado segue, em pleno início de entresafra, sem liquidez, interesse e com grandes dificuldades e riscos na comercialização.
Agravando a situação, os custos de produção para a próxima safra, apresentam majorações bem acima dos indicadores inflacionários, oscilando entre 5% a 70% (energia elétrica).
Sendo assim, o custo projetado pelas entidades representativas do setor, deverá ULTRAPASSAR a R$ 40,00. Entretanto, o novo preço mínimo divulgado para a safra 2015/16 é de apenas R$ 29,68, bem abaixo dos custos variáveis da lavoura (menos de 80% do CV).
A dificuldade de acesso ao crédito oficial, mesmo com alta expressiva na taxa de juros e “fartura” de recursos é imensa. As operações estão travadas, contingenciadas e burocráticas, dificultando o acesso a recursos e afetando o planejamento da lavoura, e que, com a escalada diária do dólar deverá impactar cada vez mais os principais insumos da lavoura.
Na esteira das dificuldades, some-se o efeito “El Niño” que naturalmente provocará transtornos no preparo das áreas (e já está) e na formação da lavoura e que naturalmente determinará maiores riscos e prejuízos à atividade produtiva.
O QUE FAZER?
Sou produtor de arroz a mais de 25 anos e, transitei recentemente,por mais de dez anos nas entidades setoriais e, portanto, temos experiência no ramo e de quem já enfrentou inúmeras crises, esta agravada pela situação dramática, quer politicamente, financeiramente e eticamente que o país vive.
Entendo que, mais do que nunca, a atual lavoura passa por uma RACIONALIZAÇÃO de despesas, contenção de INVESTIMENTOS, rigoroso PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO eficiente e acurado CONTROLE, em suma, uma GESTÃO com eficácia e desafiante da atividade.
Ou seja, a lavoura deverá ser “bem pensada”, isto implica em evitar áreas de RISCO, áreas de ARRENDAMENTO onerosas e de pouca viabilidade econômica, controle rigoroso de CUSTOS e avaliar o uso da SOJA em áreas mais dobradas, como alternativa de produção.
INSTITUCIONALMENTE,a busca por desoneração dos custos, agilização do crédito, a identificação de origem do arroz importado (previsto em Norma), uma política de exportação permanente e consistente e a implementação de mecanismos inteligentes para suporte à comercialização, são alternativas. E DE QUE “APESAR DOS PESARES”, abastecemos quase 70% o mercado consumidor nacional… VOCÊ inclusive!
3 Comentários
Muito oportuna as ponderações do sr. Marco Aurélio, são bem condizentes com o atual momento da orizicultura gaúcha. Reflexão e pés no chão.
Sou orizicultor há mais de 25 anos, o custo de produção calculado pelo IRGA em janeiro de 2015 estava estimado em R$39,00. Com os aumentos do dolar e energia, inflação, salários o custo de produção deverá estar entre R$ 7000,00 e até R$7500,00 inviabilizando totalmente a lavoura. Para cobrir os custos a R$33,00 seriam necessários de 370 sacos a 395 sacos secos por quadra. Isso é totalmente inviável. A média gaucha deve girar ao redor de 285 ou menos.
Qualquer negócio que se faça nessa área é mais rentável que o arroz, o arroz certamente dará prejuízo, quem quiser se matar que plante. Qualquer gado na mesma área dará um rendimento líquido, que é o que importa, superior em no mínimo 2 vezes a renda do arroz, mesmo que arrendasse a área com gado eu ganharia no mínimo o dobre. Se investir pesado, como se investe no arroz em adubação a lotação do gado poderia ser alta, há experiencia na região em que se irrigou a área deixando crescer as invasoras e o resultado foi excelente. Gente chega de sustentarmos a industria e o comércio, eles ganham sempre muito bem e nós arcamos só com prejuízos.
não é só no sul não é todo lugar negocio tá feio algum de vcs tem arroz para vender beneficiado ai wat zap 012 988571801