Ajuste pontual

Santa Catarina vai manter a área, mas deve colher menos

 

Alcançar a ótima produtividade na safra é o desafio desta temporada para os arrozeiros de Santa Catarina. O plantio 2021/22 aconteceu dentro da melhor época em praticamente todas as regiões, e já no fim de dezembro as primeiras lavouras que realizam dois cortes começaram a ser colhidas no litoral norte. Reginaldo Ghellere, da Epagri, considerou o desenvolvimento dentro da normalidade, com boa sanidade e nenhum relato de problemas severos de pragas e/ou doenças.

No entanto, as altas temperaturas registradas no estado em janeiro, com muitas lavouras em floração, preocupam, pois podem interferir negativamente no rendimento. A estimativa atual da safra aponta que área plantada no segundo maior estado produtor de arroz do Brasil se manteve estável, em pouco menos de 148 mil hectares. “A expectativa é de uma produtividade dentro da média, em torno de 8.280 quilos por hectares, pois é importante lembrar que na safra passada os números foram excepcionalmente superiores por causa do clima muito favorável”, lembrou a economista Gláucia Padrão, da Epagri/Cepa. Até o momento, a produtividade média é estimada com queda de 1,74% em relação à safra anterior.

Com a redução de 0,4% de área e 1,74% de produtividade, os especialistas da Epagri projetam uma produção total de 1,22 milhão de toneladas, com retração de 2,17%.

PREÇOS

Em Santa Catarina, os preços médios pagos aos produtores no mês de dezembro fecharam em R$ 62,50, confirmando uma redução de 3,92% em relação a novembro. Em janeiro, os preços começaram enfraquecidos, caindo abaixo de R$ 60,00 em algumas praças e refletindo a situação das cotações do Rio Grande do Sul, mas na segunda quinzena de janeiro, os preços começaram a apresentar leve recuperação com as notícias de quebras por seca nas lavouras gaúchas e perdas por altíssimas temperaturas afetando as lavouras em floração.

“A queda da renda da população em termos reais retraiu a demanda interna, que combinada ao menor volume das exportações em 2021, comparativamente a 2020, levaram ao aumento da disponibilidade interna e, consequentemente, ao enfraquecimento dos preços ao produtor. Entretanto, o comportamento observado nos últimos meses (julho a dezembro) tem se mostrado atípico, visto que nesse período, historicamente, são observadas as maiores cotações por causa da baixa oferta e preferência pela comercialização do arroz no primeiro semestre do ano”, explicou a economista.

Custo preocupa agricultores catarinenses

Apesar dos preços elevados para o arroz em casca em boa parte do ano passado sobre a média das últimas temporadas, os custos de produção também apresentaram comportamento crescente. Em outubro de 2021, o custo operacional efetivo fechou em R$ 69,63/saca de 50 kg. O maior peso na formação do desembolso continua sendo o arrendamento de terras, que representa 31% do custo operacional total, segundo explicou a economista Gláucia Padrão.

Levantamento realizado pela Epagri/Cepa indicou que cerca de 60% da área produzida do estado é arrendada, valor que aumenta gradativamente pela inviabilização da atividade devido, justamente, aos altos custos de produção. Os serviços mecânicos ocupam o segundo lugar nos componentes de custos e respondem por 26%. “A maior parcela corresponde à colheita, que, em sua maioria, é realizada de forma terceirizada”, observou a especialista.

Os gastos com insumos representam 23% do total nesta safra, e vêm apresentando trajetória crescente nos últimos anos. “Esse comportamento pode ser explicado pela alta do dólar, visto que a maioria dos agroquímicos são importados”, acrescentou Gláucia Padrão. O custo operacional para a produção de arroz em Santa Catarina em outubro de 2021 aumentou 6,18% em relação a abril, enquanto o preço recebido pelo produtor reduziu 0,37%.

NIVELAMENTO
Considerando esse total do custo operacional, o preço de nivelamento, ou seja, necessário para cobrir os custos de produção, em outubro seria R$ 74,42/saca de 50kg, enquanto o agricultor recebeu R$ 71,88/saca de 50kg naquele mês. “Isso resulta em uma margem bruta baixa e lucro operacional negativo, dificultando a permanência do produtor na atividade. Ao longo da série analisada, o período compreendido entre os meses de abril de 2020 a abril de 2021 foi o que apresentou melhores margens, o que permitiu ao produtor a capitalização e possibilidade de investimento nas safras futuras”, destacou a economista.

A expectativa é de que os preços dos insumos voltem a patamares normais nos próximos meses, assim que a oferta de matéria-prima voltar à normalidade. Contudo, com os preços ao produtor com possível queda por causa da oferta concentrada com a colheita, é provável que a margem do produtor continue apertada ou negativa para o primeiro semestre.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter