Preço do arroz se mantém firme, apesar das notícias baixistas
(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) O mercado do arroz no Rio Grande do Sul se manteve firme na semana que se encerra, até expressando leve alta em algumas regiões. Isso apesar da desvalorização do dólar perante o Real, batendo em R$ 5,87 = US$ 1,00, o que reduziu a competitividade brasileira no mercado externo e, ao mesmo tempo, a confirmação de que o país está operando com balança comercial deficitária no ano comercial. Outra má notícia foi a redução, que deve entrar em vigor nas próximas semanas, em mais 10% da Tarifa Externa Comum para importações de terceiros países. O produtor segue resistente a realizar vendas na faixa de R$ 67,00 a R$ 69,00 livres que ocorrem em algumas regiões.
Mesmo a possibilidade de exportações que surgiu com a retirada de tarifas de importação pelo México, que por questões de logística e relações comerciais das tradings e operadores do mercado mexicano preferiram o arroz gaúcho ao restante do Mercosul, os agricultores resistiram a aceitar a oferta de R$ 74,00 no porto de Rio Grande, final. Deste valor desconta frete, CDO e taxa do Senar.
Boa parte da carga, diante deste cenário, foi fechada por produtores da Zona Sul, em função do menor valor do frete, entre R$ 2,00 e R$ 3,00, acaba em R$ 70,00 a R$ 71,00 líquido, o que é melhor que a média do mercado. O grão da Fronteira Oeste paga frete de R$ 6,00 com o reajuste da semana passada, o que dificulta a operação. Mesmo com três tradings operando no mercado, os produtores seguem com baixo interesse de venda. No final da semana as indústrias voltaram a sondar negócios e até elevaram um pouquinho as cotações para acompanhar as tradings que, em geral, operam de R$ 1,00 a R$ 2,00 acima do mercado interno.
Em Santa Catarina, apenas quatro empresas, das mais de 10 que se manifestaram com interesse de exportar, mesmo no sacrifício na esperança de recuperar preços para 90% do arroz remanescente, mantiveram-se firmes na proposta. Três delas, cooperativas. Não só o segmento industrial recuou, mas também os produtores não atenderam o chamamento de vender 10% em valores do mercado atual (em torno de R$ 69,00 a R$ 70,00) colocado no porto de Imbituba. Na verdade, todo mundo sabe, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, que é preciso exportar.
Mas, praticamente todos os produtores esperam que os outros vendam uma cota “no sacrifício”, para elevarem os preços para 100% de seu produto. O resultado é que segue todo mundo, produtor e indústria no mesmo barco, dependentes do mercado interno e do câmbio, que não mostra sinais de ajudar.
O varejo manteve-se com comprando dentro da média de suporte da demanda nacional. Voltamos aos patamares anteriores à covid-19, mas em alguns momentos com fraqueza. O impacto do novo modelo do bolsa-família já foi assimilado e não revelou diferencial no consumo. Fato é que a inflação, que é muito maior em outros alimentos, em especial as proteínas, consumiu a “gordurinha” que poderia sobrar pra ampliar o consumo de arroz. A média de preços aos consumidores brasileiros é de R$ 21,00 para o pacote de 5 quilos de arroz branco, Tipo 1.
A próxima semana deve trazer informações importantes. O Irga divulgará os números finais da safra, que deve ficar entre 7,7 e 7,8 milhões de toneladas, considerando que será descontada a área não colhida. Também deve ser confirmado o embarque do segundo barco de arroz em casca para o México, somando 60 mil toneladas a serem embarcadas em junho. Há mais expectativa de um barco de quebrados de arroz e outro com 20 mil toneladas, base casca, de arroz beneficiado para a Venezuela. Neste caso, trata-se de branco, Tipo 2, embalado em pacotes de 1kg.