Preço do fertilizante registra queda de 30% em 45 dias
(Kellen Severo) Após a escalada de preços agravada pela guerra na Ucrânia, os valores dos fertilizantes finalmente começam a registrar queda. Segundo dados da Agrinvest Commodities, a ureia caiu 30% em 45 dias e o MAP recuou 9,7% no período. O recuo da demanda, que é sazonal e comum para esta época do ano, o atraso no plantio da safra norte-americana e normalização do fluxo de exportação da Rússia ajudam a explicar o movimento de baixa.
O fertilizante é um dos principais insumos usados nas lavouras do Brasil e mais de 80% é importado. A preocupação com o risco de abastecimento tomou conta do setor no início do ano com tensões geopolíticas no leste europeu, já que a Rússia é um dos nossos principais fornecedores. Os problemas logísticos e as sanções econômicas poderiam impedir a chegada do adubo aqui. O alívio para o agro do Brasil veio dos dados recordes de importação entre janeiro e abril deste ano, com mais de 10 milhões de toneladas importadas, aumento de 7% em relação ao observado na mesma época do ano passado, aponta relatório da Agrinvest com dados do Ministério da Economia.
Em abril, entraram mais de 3 milhões de toneladas nos portos brasileiros, contra 1 milhão e 800 mil em abril de 2021. Até o momento, a Rússia ficou em primeiro lugar como origem dos fertilizantes que chegaram ao Brasil, seguida por Canadá e China. As indicações que precedem a safra de verão 22/23 apontam para normalização do fluxo de oferta de produtos no mercado doméstico.
Além disso, alguns agricultores vão reduzir o uso de fertilizante em função dos altos custos. O resultado é uma aparente adequação entre a oferta e a demanda e baixo risco de apagão no mercado de adubo brasileiro.
Se isso acontecer, o Brasil tem plenas chances de atingir um novo recorde na produção de soja.
O próprio Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) já projeta patamar histórico de 149 milhões de toneladas de soja na próxima temporada brasileira.