Silos cheios, bolso vazio
Autoria: Deputado Federal Jerônimo Goergen .
A atividade agropecuária vive um momento bastante peculiar. A produção pujante no campo segue garantindo os sucessivos superávits na balança comercial do agronegócio. O produtor segue na sua atividade com competência e, mais do que isso, com muita insistência.
Hoje, vemos silos cheios, mas os bolsos vazios. A renda simplesmente desapareceu na atividade primária. Trabalha-se para pagar as despesas. O homem do campo foi aos bancos oficiais, às instituições privadas e também recorreu às cooperativas. Tudo isso para tentar acompanhar os elevados custos de produção, que cada vez aumentam mais. Em busca das linhas de custeio e investimento, o produtor se vê agora numa encruzilhada. Como fazer para continuar na atividade? Grande parte deles já esgotou todas as possibilidades de crédito, atolados em dívidas simplesmente impagáveis.
E a situação tem tudo para piorar. Vem aí o PRR, o programa de renegociação das dívidas do Funrural, passivo bilionário criado da noite para o dia através de uma nova interpretação do Supremo Tribunal Federal (STF). Estamos falando de um montante superior a R$ 10 bilhões. O Funrural é, sem dúvida, um saque na renda do produtor para manter uma máquina estatal completamente ineficaz. Por tudo isso, criamos na Câmara dos Deputados a Comissão Externa Sobre o Endividamento Agrícola, que tem como principal objetivo levantar os dados concretos do tamanho real dessa dívida. Precisamos trabalhar com celeridade e apontar saídas para a insolvência do setor, antes que os produtores desistam da atividade. Em breve teremos o lançamento do Plano Agrícola e Pecuário.
Hoje, milhares de CPFs e CNPJs estão negativados e sem condições de acessar os recursos que serão ofertados. O cheque especial já estourou, no cartão de crédito não há mais limite. Vamos jogar os agricultores nas mãos dos agiotas? Uma atividade de altíssimo risco exige planejamento e tratamento adequado. Há de se pensar numa nova política de juros para o agronegócio e a agricultura familiar, taxas que convirjam com a trajetória de queda da Taxa Selic.
Teremos que resgatar a capacidade econômica dos produtores, através de uma nova proposta de securitização. O governo federal também precisa atuar no controle da importação predatória dos produtores agrícolas e buscar mecanismos que ofereçam melhores condições de competividade no âmbito do Mercosul. A Comissão Externa do Endividamento já está percorrendo o país em defesa do produtor brasileiro. Afinal, são eles que garantem os bons números da economia, evidenciados agora com a retomada do crescimento do Produto Interno Bruto.
Em 2017, o PIB avançou 1%, após dois anos de retração. E a agropecuária foi simplesmente o setor com melhor desempenho na economia, com um crescimento de 13%! As divisas do Brasil estão mais uma vez garantidas graças ao trabalhador rural. Agora, precisamos devolver a capacidade de renda ao homem do campo.
2 Comentários
O Sr Goergen, tendo um cargo de tamanha representatividade e responsabilidade, não ataca o foco do problema. Os excedentes. (por pura aptidão e mérito do produtor, pesquisa e industria).
Ao invés de falar mau do UY PY e ARG e tentar barrá-los, porque não os copia?
A unica saída para o combalido setor da rizicultura Gaucha é o mar.
Para muitos produtores prorrogação não é solução. Somente uma ANISTIA como ocorreu alguns anos passados…por isso tivemos comida barata por muitos anos. Se isso não ocorrer os urbanos podem se preparar para ficarem magrinhos em vez de obesos como são agora!