A lavoura de arroz e sua importância social

 A lavoura de arroz e sua importância social

Rafaeli: arroz tem alto valor social e econômico para os municípios

Autoria: Silvio Rafaeli – Arrozeiro e Prefeito de Tapes – RS.

Constatamos num Seminário de Arroz, na Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), a devida importância que devemos dar a essa centenária lavoura. O economista da Federação da Agricultura e Pecuária do RS (Farsul), Antônio da Luz, nos provou com números o que significa essa lavoura para os municípios e Estado.

Somente no Rio Grande do Sul a lavoura arrozeira tem um contingente de pessoas com carteira assinada com média salarial de dois mil e quinhentos reais por mês. Este  contingente é maior do que o do Exército no Sul do Brasil, região formada por Paraná, Santa Catarina e Rio grande do Sul.

É também maior do que o número de funcionários de três fábricas da General Motors (GM) em Gravataí (RS).

Isso, somente dentro da lavoura. Imagine os empregos e serviços indiretos: agrônomos, borracheiros, postos de combustíveis e TRRs, revendas de máquinas, equipamentos, insumos, tratores, peças, e etc.

Isso nos leva a uma preocupação social e econômica ainda maior, que é a substituição de áreas arrozeiras pela soja. Essa transformação do cenário agrícola na Metade Sul gaúcha nos encontra já num momento pra lá de difícil dos municípios gaúchos.

Imaginem todos ou grande parte dos produtores, migrando para a soja, onde não há geração de ICMS, pois ela praticamente não é industrializada ou vendida no mercado interno, especialmente em nossa região das Planícies Costeiras e da Zona Sul, Campanha e Fronteira Oeste. O grão vai direto da lavoura para a exportação.

E, como não exportamos com impostos, não temos esse mportante ingresso de receitas.

Mais grave ainda é seu impacto social e econômico na comparação com o arroz:para plantar cem hectares de arroz, são necessárias até quatro pessoas. Já no plantio de mil hectares de soja, 10 vezes mais, a mão de obra demandada é dos mesmos quatro trabalhadores. A pergunta que fica: o que farão os desempregados que vão resultar deste processo de conversão das várzeas em sojicultura? Para onde vão com suas famílias, onde buscarão renda? 

Podemos antecipar que certamente os municípios terão mais um grande problema social para resolver, e são mais de 132 cidades que estão exatamente nas regiões mais empobrecidas do Rio Grande do Sul e que têm na lavoura arrozeira e em sua cadeia produtiva uma de suas poucas e importantes fontes geradoras de emprego e renda. São municípios altamente dependentes do arroz.

Diante desta realidade a pergunta que fica é: o que precisamos fazer?

Ao invés de jogar a toalha, devemos buscar incansavelmente espaço no mercado internacional para exportar arroz!

Devemos, também, correr atrás de um seguro agrícola ideal, que assegure renda ao produtor e evite prejuízos. Este, se Deus quiser, está muito próximo de ser alcançado, pois temos notado muito boa vontade do novo governo neste sentido.

E, por fim, precisamos alavancar essa cultura que não pode viver a mesma decadência do trigo.

A classe política tem responsabilidade nesse processo.

Apesar dos benefícios agronômicos de uma rotação de cultura do arroz com a soja, estamos vendo um preocupante quadro de substituição. Arrozeiros tradicionais que simplesmente abandonaram a orizicultura para plantar soja graças à liquidez e rentabilidade da oleaginosa. 

Temos que, como nunca, pressionar para que subsidiem o seguro renda.

Só desta forma o governo federal não terá que ciclicamente se preocupar com renegociações e endividamento de todo um setor pela inviabilidade da política agrícola e pelo alto nível de riscos que um agricultor precisa assumir para alimentar o país.

Assim, o produtor de posse de uma apólice de seguro, poderá escolher onde financiar sua lavoura. Sem contrapartidas, sem penduricalhos.

E, principalmente, evitar de se ajoelhar na frente de um fiador.

Então: muita luta e muita perseverança nos espera.

Mas, estamos cheios de esperança também.

Ou é agora, ou nunca!

2 Comentários

  • Texto excelente e muito esclarecedor, Prefeito! Observações pontuais e objetivas sobretudo porque sintetiza claramente o contexto que experienciamos diariamente.
    Bom combate pra nós!

  • O estado do RS e o maior produtor de arroz no Brasil assim mesmo os prefeitos não sabem da falência da lavoura Arrozeira, um estado que produz 70,% do arroz Brasileiro e nem assim o governo estadual ajuda o setor
    Sílvio está na hora de parar secar as nossas barragens e transformalas em campo para pasto novamente e plantar soja esquecer o arroz

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