Mesmo com nova safra dos EUA, México volta a buscar arroz no Brasil
(Por AgroDados/Planeta Arroz) Conforme antecipamos nesta terça-feira, em análise de mercado publicada neste site, mesmo com a nova safra dos Estados Unidos o arroz gaúcho segue demandado pelas américas, em especial a América Central e o México, no caso do produto em casca, Venezuela, Peru e Cuba, no caso do arroz beneficiado, com negociações já consolidadas para novos embarques em novembro. Boa parte destes países é formada por grandes importadores dos Estados Unidos, em especial, o México.
No final da tarde desta terça-feira, a Rice Brazil, representante da TRC, confirmou novo contrato para enviar mais 30 mil toneladas de arroz em casca ao México no mês 11 e abriu negociações para novas cargas. Apenas a TRC já exportou 272mil toneladas de arroz – base casca – para o México este ano. Considerando outras tradings o volume já se aproxima de 400 mil t.
A Federarroz comemorou e divulgou nota, enfatizando a negociação. A comemoração não ocorre por acaso. Depois de exportar praticamente 800 mil toneladas em quatro meses (julho, agosto, setembro e outubro, conforme line up de Rio Grande) e enxugar o estoque interno, havia o temor de que a nova safra norte-americana, que está terminando de ser colhida, interferisse nos negócios do Brasil nos mercados do continente americano. No entanto, uma condição de câmbio, associada à retirada das taxas de importação por parte do México sobre o produto brasileiro, igualou a nossa condição com a dos EUA e do Uruguai. E na competição por preço e qualidade, em relação aos EUA, o Brasil leva vantagem.
Segundo nota da Federarroz, o presidente Alexandre Velho considera que isto mostra que o mercado está se movimentando. “A demanda continua aquecida para o México e a América Central”, destaca. Para ele, a opção de negociar com as tradings por parte dos produtores e a resistência ao mercado interno pode fazer com que o varejo tenha um interesse maior de compra e aceite melhor o repasse das cotações. A disputa entre o produto que vai para o porto e as indústrias é acirrada, com vantagem para o mercado externo. O problema é que a indústria não está conseguindo repassar aos varejistas os custos da matéria-prima e isso afeta a liquidez e mantém a comercialização mais lenta do que o desejável, represando uma elevação dos preços ao agricultor.
Recentemente em agenda com o Ministro da Agricultura, Marcos Montes, a Federarroz solicitou apoio do governo para que se busque um acordo comercial para o arroz com o México nos termos que têm o Uruguai e os Estados Unidos, que permitem a comercialização do arroz sem taxas adicionais. A intenção é de que a medida, ora apenas favorecendo a exportação de arroz em casca para o território mexicano, contemple também o grão beneficiado.
A cadeia produtiva assimilou que em função das importações do Mercosul e dos volumes produzidos e estoques de passagem, o Brasil precisa exportar cerca de 10% do arroz que produz anualmente, como maneira de equilibrar oferta e demanda, neutralizar o impacto das importações e buscar preços internos mais atrativos ao agricultor. (Colaborou Nestor Tipa Jr.)