Arroz: com preços firmes, semana curta tende a deixar negócios lentos

 Arroz: com preços firmes, semana curta tende a deixar negócios lentos

Mercado se mantém com preços firmes. Foto: Robispierre Giuliani/Planeta Arroz

(Por Cleiton Evandro dos Santos / Revista Planeta Arroz) O mercado do arroz em casca no Rio Grande do Sul abriu com lentidão acima do normal nesta segunda-feira, ainda em função de muita gente estar de feriadão por causa do 15 de novembro, Dia da Proclamação da República. Em geral, as segundas são dedicadas às sondagens e reduzida efetivação de negócios e o mercado começa a se movimentar com maior intensidade a partir das terças, ao meio-dia. Apesar da lentidão e de uma comercialização que estará basicamente restrita a quarta e quinta-feira, os preços se manterão firmes pela conjuntura nacional e internacional que estabelecem a tendência de elevação das cotações. Os preços de abertura seguiram nos mesmos patamares de sexta-feira, com as empresas bastante recuadas.

Há demanda para exportação e intenso movimento no porto, com a saída de arroz. A operação de embarque foi facilitada pela séria quebra das safras de sequeiro na temporada, no Rio Grande do Sul, casos da soja e do milho. O mercado internacional se comporta de maneira mista. Enquanto na Ásia a Índia e a Tailândia, primeiro e terceiro maiores exportadores mundiais de arroz, mantêm preços estabilizados nas três últimas semanas, o Vietnã, segundo maior fornecedor global viu os preços de sua matéria-prima subir.

A expectativa dos traders da Ásia é de uma forte demanda neste final de ano, o que tende a elevar as cotações em face de novas perdas por razões climáticas apontadas pelos governos da região, em especial Índia, Tailândia, Bangladesh e Filipinas, além de diversos países da África. A Nigéria, um dos maiores importadores globais, viu os preços do arroz subirem 30% em duas semanas, o que poderá aumentar as exportações da Ásia e das Américas para países vizinhos, uma vez que boa parte do arroz ingressa no estado nigeriano pelas fronteiras terrestres.

Nos Estados Unidos as cotações se mantêm em estabilidade e em alto patamar, apesar da colheita recém ter sido encerrada. Menor volume de safra e problemas com o escoamento, pela baixa vazão do Rio Mississippi e a ameaça constante de uma greve ferroviária, bem como a ausência dos principais clientes do arroz beneficiado – Haiti, Iraque e México – geram lentidão nos negócios entre produtores e indústrias.

O México considerou que sua estratégia em adotar medidas como a retirada de taxas de importação sobre alimentos com origem na América do Sul, está dando certo para controlar a inflação. Depois de registrar uma alta de 0,65% em outubro, o governo mexicano comemorou o fato da compra de arroz na América do Sul, em especial no Brasil, ter ajudado a baratear em cerca de 3% a cesta básica do país. A derrubada das taxas é válida até 28 de fevereiro de 2023, e há novos embarques programados para novembro e dezembro.

A Costa Rica também anunciou que pretende fechar mais três barcos de compras no Brasil, sendo um em casca, um parboilizado e um de arroz branco. Tradings já estão negociando a operação, mas uma delas pode originar arroz da Argentina ou Uruguai.

Internamente, o mercado inquieto ajudou a desvalorizar o real, portanto, travar o dólar em valores mais significativos tornou-se, ainda que por pequeno período, uma boa estratégia para os exportadores.

SAFRA

A semeadura está praticamente finalizada em Santa Catarina, no Paraguai e no Uruguai, enquanto segue um pouco mais atrasada no Rio Grande do Sul e na Argentina. Neste caso, a estiagem prolongada em algumas regiões afetou o cronograma de plantio. Com a volta das chuvas no último final de semana, gerou-se a expectativa de retomada das operações e de um avanço mais considerável.

Alguns assistentes agronômicos já consideram que a área estimada pelo Irga, para o Rio Grande do Sul, de 862,5 mil hectares, poderá ser ultrapassada, mas em valor pouco significativo, em torno de três mil hectares, para aproveitar clima e semente. Isso está muito associado à disponibilidade de água e um clima favorável ao plantio. Mas, são exceções, pois os agricultores estão muito mais concentrados em segurança e estabilidade produtiva, lições que foram aprendidas à força, cortando na carne, num passado recente.

MERCADO INTERNO

Na última sexta-feira, 11 de novembro, o Indicador Cepea-IRGA/RS do arroz em casca (58% de grãos inteiros e pagamento à vista) encerrou o dia em situação de estabilidade (+0,03%) frente à quinta, cotando em R$ 81,65 a saca de 50 kg, equivalente a US$ 15,29 pela cotação do câmbio. Segundo o Cepea, parte dos agentes que adquiriu lotes de arroz em casca durante a semana se ausentou dos negócios na sexta. Além disso, as incertezas quanto aos desempenhos dos mercados interno e externo nas próximas semanas deixaram boa parte dos agentes do setor cautelosa. Em novembro, o indicador acumula 1,86% de alta.

Na semana passada, foi intensa a movimentação de indústrias do centro do país buscando arroz no Sul, algumas pagando até R$ 1,00 por saca acima das cotações médias para efetivar a negociação.
Uma das razões, segundo fontes ouvidas por Planeta Arroz, seria a insuficiência de produto no Paraguai, que só teria disponibilidade para novas vendas a partir do ano que vem. Até janeiro, apenas estaria embarcando o produto residual já negociado.

No mercado interno, a indústria conseguiu repassar parte dos custos, mas segue numa queda de braço bem mais forte com o varejo do que com o fornecedor de matéria-prima. O arrozeiro que ainda tem produto armazenado, e o volume já é baixo, mostra pouco interesse em vender, mas se a indústria chegar ao preço que ele deseja e combinar o pagamento para janeiro, por causa do imposto de renda, a operação é realizada.

Já no varejo, embora tenham ocorrido altas sistemáticas nos preços ao consumidor nas últimas semana, há forte resistência em remunerar o fardo de maneira a compensar os custos da indústria e assegurar uma margem razoável. Contudo, nota-se que compradores de grandes redes começam a demonstrar preocupação, enquanto pressionam pela manutenção ou índices mínimos de reajuste.

Este é o maior desafio da indústria de arroz no momento: compatibilizar os preços do fardo ao que pagou pela matéria-prima e tirar parte da defasagem que se instalou em meses que comprou “mais caro” do que vendeu, abrindo mão de parte de sua margem para manter posições nas gôndolas e manter o fluxo de caixa.

CONSUMIDOR

Por parte do consumidor, nota-se que o varejo já subiu substancialmente as cotações médias, que andavam na casa dos R$ 19,00 no primeiro semestre e hoje não baixam de R$ 22,00 para o pacote de arroz branco, Tipo 1, de cinco quilos. Isso ocorre nas seis capitais pesquisadas por Planeta Arroz.

 

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