Em busca da justa forma

Brasil corta quase 10% de área e 4% da safra atrás de equilíbrio

 

A busca por equilíbrio entre oferta e demanda e de preços que compensem a produção fez os produtores de arroz do Brasil reduzirem área, devendo ter a menor colheita em 20 anos, mesmo sob a condição climática de La Niña, na qual predominam as altas produtividades. Projeta-se que o volume da safra caia 4%, mas apenas porque o clima, com algumas variantes negativas, é predominantemente favorável. Segundo o levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em janeiro, o Brasil reduziu em 9,3% a sua superfície semeada, para 1,468 milhão de hectares. O recuo representou cerca de 130 mil hectares, ou quase o tamanho da lavoura de Santa Catarina.

Mesmo com um aumento de 5,8% em produtividade média (389 quilos/ha), a produção nacional deverá cair 4%, para 10,36 milhões de toneladas. Ou seja, pela primeira vez em muitos anos o Brasil vai colher menos do que consome. O ajuste em área e produção, no entanto, não oferece grande risco ao país graças a dois fatores. Os seus estoques privados e a certeza de que o país internará cerca de 1,2 milhão de toneladas da Argentina, Paraguai e Uruguai. Como o estoque de passagem é resultado apenas de uma presunção, a única certeza que temos é de que será menor do que o ano passado por causa da balança comercial positiva. Não há risco de desabastecimento. O que pode ocorrer é o Brasil importar mais do que o costume, em especial se o câmbio for favorável e as exportações mantiverem o ritmo de 2022.

A redução de área foi proporcionalmente maior no norte, chegando a -15,3%, mas como significa apenas 18 mil hectares, não faz tanta diferença. Já em termos reais, o sul gera o grande impacto da diminuição da lavoura brasileira, com praticamente 100 mil hectares de recuo, segundo a Conab, ou – 8,7%. Os três estados sulistas estão manejando uma lavoura de 1,029 milhão de hectares. A queda de área e a melhoria da produtividade é explicada, no sul, pela eleição dos melhores terrenos para a semeadura, dimensionamento da água para a irrigação, avanço da tecnologia com a entrada de novas sementes associadas a herbicidas capazes de vencer a resistência de plantas daninhas e o cultivo em área que volta da soja. São técnicas que no Rio Grande do Sul podem gerar um salto de duas toneladas por hectare.

NEUTRO
A expectativa dos meteorologistas é de que o Brasil permaneça até o outono sob efeitos do fenômeno La Niña. Há uma corrente que aponta indícios de que o clima se encaminha para um ano neutro. Mas, de maneira geral, a expectativa é de que as próximas três estações – outono, inverno e primavera – garantam a reposição das barragens e mananciais. E matem a sede dos solos.

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