Preços do arroz revertem queda e sinalizam valorização no segundo semestre
(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados) O mercado do arroz no Rio Grande do Sul apresentou leve recuperação nos preços nesta semana, em consonância com o que já havia ocorrido nos últimos dias de junho. Uma ótima notícia, considerando que até então as cotações vinham em decréscimo gradativo. Mesmo com a variação positiva na última semana, o mês de junho encerrou com um decréscimo de 0,9% no indicador de preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul Cepea/Irga. Até esta quinta-feira, os valores já haviam alcançado 0,8% de recuperação, alcançando referência de R$ 82,65, equivalente a US$ 16,68.
No final de junho a indústria registrou um avanço mais significativo do varejo nas compras de arroz, e com isso conseguiu obter alguma valorização pelo fardo. O bom volume de vendas externas realizadas até agora, tem sido importante neste movimento. Uma reação do dólar nos últimos dias também está gerando uma melhor expectativa das tradings e da cadeia produtiva para este início de segundo semestre para novos embarques e valorização dos preços internos. O anúncio, pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), de que a safra de soja americana será menor do que o previsto e, também, o clima adverso impactando o cultivo, gerou uma reação nos preços da oleaginosa nas últimas semanas.
Este fator impactou também a cadeia produtiva do arroz, na medida em que vários produtores trabalham com as duas culturas e muitos deles optaram por venderem o arroz que tinha alguma margem, e seguraram a soja para negociar no segundo semestre. Agora, a situação mudou. Houve oferta de soja, mas o agricultor segurou a oferta de arroz que registrou um aumento da demanda. Ao mesmo tempo, algumas tradings entraram no mercado oferecendo R$ 86/87 por saca, no Porto de Rio Grande, mas não conseguiram fechar aquisições de grandes lotes. Os arrozeiros recuaram.
Hoje, a referência de preços é muito mais definida em função deste recuo do que propriamente pela demanda. Ainda assim, há uma conjuntura que demonstra a prevalência de fatores de alta sobre a possibilidade de baixa nas cotações. Entre elas, destaca-se a menor safra em 25 anos, a disponibilidade dos estoques de passagem, entre os mais baixos dos últimos 10 anos, e um movimento de exportação até um pouco maior do que no ano passado ao longo deste semestre inicial.
MATO GROSSO
Outro fator que deve ajudar a valorizar o arroz gaúcho é a demanda do Mato Grosso. Os arrozeiros mato-grossenses colheram pouco e as indústrias estão enfrentando dificuldades no abastecimento. Houve algumas compras no Paraguai, mas como o grão do país vizinho paga 12% de tributos estaduais na entrada no estado, a tendência é de que as aquisições se voltem ao Rio Grande do Sul. Alguns bitrens já foram adquiridos e a tendência é de que este movimento aumente a partir de julho, para que as indústrias do Centro-Oeste consigam fazer frente à demanda dos seus clientes.