Irga recebe 1,6 mil visitantes no Dia de Campo do Arroz
(Por Cleiton Evandro / Revista Planeta Arroz) Pela primeira vez nos quase 85 anos de história do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) ocorrendo no interior, o Dia de Campo Estadual do Arroz, ontem, na Estação Regional de Pesquisas, na Barragem do Capané, registrou público recorde superior a 1.600 visitantes. Com investimentos que se aproxima de R$ 5 milhões nos últimos anos, a estação de pesquisas do Irga na Região Central teve a sua estrutura testada e aprovada, mas a escolha dos temas e o nível de conhecimento transferido foi seu grande diferencial. “Temos nesta estação regional uma das referências do trabalho que chega lá na ponta, na lavoura, e a localização no centro do Estado também favorece o comparecimento de produtores, colaboradores, acadêmicos e técnicos das mais diferentes regiões”, reconheceu o presidente Rodrigo Machado.
O evento foi aberto oficialmente pelo secretário estadual da Agricultura e Pecuária, Giovani Feltes, com a presença de autoridades setoriais. Depois o secretário fez parte do roteiro observando as novidades apresentadas pelo Irga. Ele destacou o papel do organismo de pesquisas para o abastecimento e a segurança alimentar do país: “Mais de 70% do arroz produzido no Brasil são das nossas lavouras e o Irga tem um papel histórico importantíssimo que se reafirma para o futuro em eventos como este. As dificuldades têm sido superadas com muito esforço e dedicação, tanto dos servidores que estão atuando para gerar as melhores tecnologias, quando pelos nossos agricultores que têm enfrentado sérias adversidades climáticas”, enfatizou.
O clima, por sinal, foi tema central do Dia de Campo. “Arroz irrigado em sistemas de produção frente ao cenário atual de vulnerabilidade climática” foi a temática que permeou todas as apresentações e uma das discussões mais presentes no encontro entre produtores, técnicos, trabalhadores da orizicultura, professores e estudantes.
A gerente da Estação, Mara Grohs, que coordenou toda a organização do evento, comemorou o êxito. Inicialmente foi programada a capacidade para atender a 1.050 inscrições, “mas tivemos que ampliar pelo número de inscrições que já chegavam a 1,4 mil na véspera do evento. Muitos outros produtores fizeram a inscrição na hora”, explicou. “Seriam sete grupos percorrendo as estações tecnológicas e oficinas, mas foram tantos pedidos dos interessados que tivemos que ampliar”, reconheceu.
Quem participou teve muitas opções para receber informações das pesquisas realizadas pelo Irga e seus parceiros expositores. Foram quatro estações de transferência de conhecimento e cinco oficinas sobre tecnologias para o arroz, cultivos de rotação em terras baixas como soja, milho e sorgo (grão e silagem), drones e equipamentos de pulverização e irrigação e também os benefícios do grão para a saúde.
O Dia de Campo também servirá para apresentar a obra de cercamento da estação regional, cujos campos experimentais ficam logo abaixo da taipa da Barragem do Capané. “A expectativa era de já estar com toda a área cercada, mas a obra atrasou em função da burocracia que envolve os processos do Estado. Estamos com 90% da obra concluída e chegaremos a 100% até meados de fevereiro”, observou o presidente Rodrigo Machado.
A estrutura recebeu um novo e completo laboratório de análises de variedades e grãos para avaliar os resultados dos campos experimentais, uma colhedeira de parcelas, veículos, estrutura de irrigação, pivô central, cercamento, pórtico, implementos agrícolas, teve um novo galpão construído para abrigar maquinário. Além do apoio administrativo da sede, servidores do Irga de todas as regiões participaram efetivamente dos preparativos, recepção, orientação técnica sobre as pesquisas, transferência das tecnologias e demais atividades que tornaram este um dos maiores dias de campo da história do Irga.
A estatística final mostrou participantes de mais de 110 municípios e uma presença em 50% de produtores, 25% de trabalhadores da lavoura, 15% de técnicos e 10% de estudantes e professores.
O que foi apresentado
1) Potencialidades e desafios do milho irrigado em terras baixas
Com o objetivo de demonstrar manejos para o milho cultivado em terras baixas, a primeira estação técnica do Dia de Campo Estadual teve como foco a construção da produtividade de grãos do milho, abordando o material genético, adubação e irrigação bem como alternativas a produção de grãos, como silagem e a inserção de safra e safrinha. Existe diferença entre os genéticos de milho? Qual a importância da irrigação e drenagem para essa cultura? Qual a viabilidade econômica da produção de grãos versus a produção de silagem e safrinha de soja? Essas e outras perguntas serão respondidas pelos pesquisadores do Irga Tiago Sievert, Cleiton Ramão e Roberto Wolter.
2) Manejo da soja – aspectos químicos do solo
Destacar a importância da química do solo na construção da produtividade de grãos da soja foi o objetivo da segunda estação do Dia de Campo Estadual do Irga. O gerente da Dater, Luiz Fernando Siqueira, e o coordenador regional da Zona Sul, Igor Kohls, abordarão o diagnóstico atual dos solos de terras baixas e a interação do manejo químico da adubação, a eficiência da inoculação bem como a melhoria da fertilidade natural do solo com o uso de plantas de cobertura de inverno e os impactos do manejo cultural na qualidade do grão da soja. São os resultados mais recentes da pesquisa do IRGA sendo compartilhados nesta estação.
3) Manejo da nova cultivar de arroz, a IRGA 426 CL, e o contexto do arroz em sistemas de produção em terras baixas
O objetivo da terceira estação técnica do Dia de Campo Estadual é apresentar a nova cultivar de arroz do Irga, com a contribuição da nossa equipe de melhoramento, representada pela doutora Danielle Almeida, bem como discutir o novo sistema de produção de terras baixas, com ênfase na eficiência do uso da água e a adequação da área para sistemas mais sustentáveis, incluindo o manejo da entressafra como um fator determinante na sustentabilidade ambiental e econômica da propriedade, através da explanação do coordenador regional da Região Central, engenheiro agrônomo Enio Coelho e a pesquisadora Danielle Almeida. São dados gerados pela pesquisa do Irga junto com a extensão rural.
4) Manejo cultural do arroz vermelho e novas tecnologias de controle químico
Dentro do manejo da cultura do arroz irrigado, focando no controle de plantas daninhas, a quarta estação abordou como o produtor dentro da propriedade pode lançar mão de estratégias de manejo cultural para o controle do arroz vermelho com uso das tecnologias de manejo do solo e da palhada, pré-plantio, colheita no seco, irrigação, associação das tecnologias CL, Provísia e rotação com soja. Também foram apresentadas tecnologias de controle químico para essa que é a principal planta daninha da cultura do arroz.
OFICINAS
Cinco oficinas foram apresentadas durante o Dia de Campo do Arroz, promovido pelo Irga, nesta quinta-feira, dia 25, em Cachoeira do Sul:
Manejo da soja: aspectos físicos do solo
Ênio Marchesan, professor e coordenador do GPAI/UFSM
Uso correto de bioinsumos na produção de grãos
Emanuelle Junges, professora do IFFSul
Uso de drones para pulverização
Empresas do ramo
Benefícios do arroz para a saúde
Denise Cabral, nutricionista do Irga
Tecnologias para irrigação em sistemas de produção de grãos em terras baixas
Empresas de irrigação
Fonte: Irga