Preços enfraquecem com aproximação da safra, importações e perspectivas de produção
(Por Cleiton Evandro, AgroDados/Planeta Arroz) Com as primeiras colheitas da Fronteira Oeste, Zona Sul e Campanha prestes a começarem no Rio Grande do Sul, o ingresso de volumes importantes de arroz do Paraguai no centro do país, os primeiros cortes no norte catarinense e no Paraná, o arroz branco importado da Tailândia entrando no mercado, o mercado neste ambiente gaúcho de negócios, que já vinha arrastado, apresentou um enfraquecimento nas cotações. No entanto, assim como boa parte do mercado altista era apenas nominal, sem negócios com volumes importantes, as referências atuais são muito mais “efeito psicológico” do que propriamente se traduzem em comercialização.
O indicador de preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul Cepea/Irga-RS, por exemplo, alcançou R$ 131,44 (equivalentes a US$ 26,82) e valorizava 3,66% no mês, no dia nove de janeiro. Na última sexta-feira a média indicada estava em R$ 123,13 (US$ 25,07) e recuava 2,9% no mês. Em 18 dias, portanto, as cotações caíram R$ 8,31 ou US$ 1,75. Os compradores têm optado por “testar” os vendedores, ou seja, a indústria abrem o mercado nas segundas-feiras sempre em patamar inferior à referência da semana que antecedeu. Boa parte dos produtores, aguardam. Outros, que reavaliaram a colheita e precisam “abrir espaço nos silos para a nova safra”, aceitam negociar com o temor de que as cotações caiam ainda mais com o aumento da pressão de oferta.
Nesta segunda-feira, a Depressão Central e a Campanha abriram mercado com a indústria oferecendo R$ 115,00 por saca do arroz 60×10, valores que reportam o comportamento de outubro do ano passado. Mas, é preciso entender que estas são referências de abertura da negociação. Volumes mais expressivos têm melhores cotações. E os produtores estão esperando fechar com quem oferece mais, ainda assim se notou um aumento do volume de negócios em pequenos lotes.
Boa parte das indústrias está abastecida até março, abril. E isso lhes dá segurança de agir no sentido de buscar uma oferta com preços inferiores ao que vinha sendo praticado. Por outro lado, o produtor que não tem todas as condições de segurar a colheita até o segundo semestre do ano, avalia suas possibilidades e, diante da necessidade ou da estratégia de comercialização, aceita vender alguma coisa.
No varejo não há grandes novidades. Os preços continuaram em elevação e o IPCA-15, de janeiro, registrou alta nas cotações do arroz ofertado aos consumidores. Deve-se entender, no entanto, que o grão que chegou agora às gôndolas, é aquele que foi comprado mais caro – parte em preços recordes – no final do ano passado. O pacote de cinco quilos do arroz branco, tipo 1, varia entre R$ 28,00 e R$ 40,00 a depender da marca e da região, com os preços mais comuns andando na volta dos R$ 30,00. São R$ 6,00 por quilo, nesta apresentação.
Na semana que passou, mais um barco de arroz em casca, com cerca de 27 mil toneladas zarpou do Porto de Rio Grande, rumo à Costa Rica. A carga, porém, havia sido adquirida em outubro/novembro do ano passado com uma média de R$ 102,00 por saca. Neste momento, não há movimento de exportação mais relevante porque as cotações brasileiras estão muito acima de qualquer referência internacional. Segundo um trader, hoje, para fazer negócios de volume no comércio internacional, o Brasil precisaria fazer chegar saca de arroz em casca, no porto, abaixo de R$ 100,00. Ainda que seja um grão de 56/57% de inteiros, não há lotes realmente importantes disponíveis no mercado.
Daqui pra frente, o produtor estará mais preocupado com os tratos finais à cultura e o apronto operacional para começar a colher. A expectativa, contudo, é de um primeiro semestre de preços estabilizados acima dos R$ 100,00, ainda que no caso do arroz sempre podemos ter surpresas e nem sempre elas são agradáveis. Uma delas, poderá ser uma colheita maior do que esperávamos. Na semana passada, no Dia de Campo Estadual do Arroz, promovido pelo Irga, muitos produtores disseram que apesar do clima desfavorável, há uma expectativa de colher próximo do volume esperado. As lavouras estão mais “sujas”, o controle de pragas, doenças e principalmente invasoras foi mais difícil, mas no visual boa parte das áreas apresentam um bom desenvolvimento. Mas, só vamos realmente constatar isso quando o grão chegar no silo.
1 Comentário
Só vale lembrar q não foi plantado nem 80% da área planejada. Muitos optaram não replantar pq não tinha mais semente disponível.