Resiliência em meio aos desafios
Mercado se mantém nas alturas apesar de muitos obstáculos
Ao longo de 2023 o mercado do arroz navegou por águas desafiadoras, mas foi capaz de demonstrar notável resiliência, segundo o analista Evandro Oliveira, da Safras & Mercado. Com estoques cada vez mais apertados, uma das menores
relações estoque/consumo da história, a cadeia produtiva enfrenta um cenário bastante promissor nesta reta final do ano safra, que termina em fevereiro e, mantido o cenário, deverá seguir testando o teto de preços. O clima adverso exige atenção
e torna-se importante componente no panorama de mercado pela elevação dos custos, alongamento da entressafra, difícil confirmação de 100% da intenção de plantio, além da provável queda nas produtividades.
“Em 15 de novembro estávamos com preços referenciais próximos de R$ 110,00 e US$ 23 dólares no Rio Grande do Sul, com picos de até R$ 125,00 no litoral norte, e subindo, mas o agricultor se manteve pouco interessado e a presença compradora apresenta-se ativa”, observou o analista. O dólar, que chegou a superar o patamar de R$ 5,20 no início de
outubro, trouxe um gradual reaquecimento das exportações, com destaque para os quebrados em outubro.
Naquele momento o retorno das tradings, que estavam fora de mercado, foi observado, aumentando as propostas e adquirindo bons volumes para exportar. As indústrias tiveram que tornar suas ofertas domésticas mais competitivas em meio a desafios para repassar custos e manter as margens ao vender o beneficiado ao varejo. As previsões apontam um pequeno ingresso de oferta apenas entre Natal e Ano-Novo, quando o Brasil deverá receber as primeiras cargas de arroz provenientes do Paraguai.
O Brasil superou o patamar histórico da média de outubro de 2020 (R$ 105,64), durante a pandemia de covid-19. “Uma redução nas cotações pode acontecer apenas com a colheita, em março de 2024”, alertou. Ocorreria pela pressão de oferta
de uma safra “normal”. No mercado interno, a indústria registra a quedano volume de pedidos das redes varejistas para dezembro, janeiro e fevereiro, caracterizada pelo baixo consumo. “Apesar das circunstâncias, as projeções apontam para a manutenção ou leve aumento no consumo doméstico de arroz”, disse Oliveira.
Esse cenário positivo se justifica em parte pelo contexto inflacionário global, que mantém o arroz a opção mais atrativa ao consumidor. “Afinal, permanece como o produto mais acessível na cesta básica, um alimento que oferece excelente relação entre custo e benefício nutricional e alimentar”, destacou.
SURPRESAS
Diante desses fatos, apesar da estimativa oficial um pouco exagerada, do acréscimo de ao menos 600 mil toneladas na colheita nacional, o cenário não deverá ser tão distinto em relação à temporada atual. “Iniciaremos 2024 com estoques apertados”, frisou. Recuperação produtiva no Mercosul poderia gerar maior oferta regional e leve aumento nas importações brasileiras, e projeções da taxa de câmbio favorável em 2024 e demanda aquecida abrem caminho ao avanço, também modesto, nas exportações. “O segundo semestre de 2024 reserva o potencial para surpresas adicionais aos preços, não
excluindo a possibilidade de alcançar patamares ainda mais elevados que os observados até o momento”, finalizou Evandro Oliveira, da Safras & Mercado.