Com diálogo, arrozeiros e governo vão buscar alternativas aos leilões
(Por Cleiton Evandro, AgroDados/Planeta Arroz) Os representantes da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) conseguiram uma trégua de aproximadamente 10 dias, por parte do governo federal, para a realização de leilões de arroz importado. Este foi o primeiro dos resultados alcançados com a reunião da tarde desta quarta-feira, em Brasília, que reuniu a representação dos arrozeiros com os ministros Paulo Teixeira (MDA), Carlos Fávaro (Agricultura) e o presidente da Conab, Edegar Pretto, entre outros técnicos da companhia e do ministério.
O segundo avanço foi justamente a abertura de um diálogo que até hoje não existiu entre governo e setor. “Avalio a reunião como positiva, respeitosa e baseada na exposição de argumentos de parte a parte”, disse Alexandre Velho, o presidente da Federarroz. Ele foi acompanhado pelo seu vice, Robertito Ghigino, o diretor jurídico Anderson Belloli e o assessor Luis Carlos Pires, além do presidente da Câmara Setorial do Arroz, Henrique Dornelles.
Outro ponto importante, para os arrozeiros, foi a determinação de buscarem mecanismos alternativos aos leilões. “Explicamos que ao zerar a TEC, o governo já determinou um teto para os valores do arroz e, apresentamos dados do próprio governo explicando que a importação é desnecessária. No entanto, o argumento governamental é de que embora tenham caído em maio e mais 6% em junho, ao produtor, os preços do arroz ainda se encontram acima do desejável para dar acesso às comunidades mais carentes”, frisou o presidente.
Carlos Fávaro explicou que há determinação do governo em adquirir arroz para formar um estoque regulador. “Há tempos o governo brasileiro não adquire arroz para repor seus estoques. Desta maneira, as aquisições ocorrerão em algum momento”, afirmou. A Federarroz também alertou ao governo quanto aos riscos de baixa qualidade do arroz que poderia ser adquirido em países de fora do Mercosul, mas os representantes do governo frisaram que há um sistema de controle sanitário que estará atento a isso, no caso de compras externas.
Além de renovar os estoques, o governo pretende controlar preços do arroz a uma parcela da população, via subsídios, para conter o avanço da inflação dos alimentos e manter um patamar de preços acessível aos consumidores mais carentes. “Nosso desafio agora será construir uma proposta alternativa, tema que vamos discutir com cooperativas, indústrias e outros interessados da cadeia produtiva”, resumiu Alexandre Velho.
Os rizicultores também alertaram ao governo que uma queda dos preços que ameace a viabilidade da cultura poderá comprometer a semeadura da temporada 2024/25, que começa em 90 dias. “Sem renda, o produtor reduz área. É uma tendência natural. Neste caso, sem motivação, o arrozeiro vai buscar alternativas e o governo acabará numa real dependência de importações em médio prazo”, avisou o presidente.
1 Comentário
Na minha opinião o Governo não está nem ai para o produtor! Quer é reduzir os preços do arroz para os mais pobres e fazer marketing político para ganhar popularidade! De um governo que chama o agro de facista não se pode esperar mais nada… Precisamos aproveitar que o dólar está alto e exportar o que der de arroz! Se não temos preços remuneradores aqui, temos que buscar lá fora!