Efeito asiático é “marolinha” por enquanto no mercado do arroz
(Por Cleiton Evandro, AgroDados/Planeta Arroz) O tsunami provocado nos preços do arroz na Ásia com a volta da Índia como ofertante ao mercado internacional, o que gerou quedas de US$ 30 a US$ 76 por tonelada na semana que passou na Ásia, ainda não refletiu nos preços do grão no Brasil, no Mercosul e nem mesmo na América do Norte. Nos Estados Unidos, os preços já vinham mais baixos do que na temporada passada por causa do aumento da safra que está acabando de ser colhida. Ainda assim, nesta segunda-feira a Bolsa de Chicago operava em ligeira alta, indicando US$ 15.225 por quintal (cwt), que equivale a 45,36kg, ou US$ 335,65 por tonelada, nos contratos a vencer em novembro.
A variedade parboilizada com 5% de grãos quebrados da Índia foi cotada entre US$ 494 e US$ 498 (16.270 e 16.400 bahts) por tonelada nesta semana, o menor preço desde 9 de novembro de 2023. Na semana passada, os comerciantes estavam oferecendo arroz entre US$ 528 e US$ 534.
O arroz branco indiano quebrado 5% foi cotado entre US$ 490 e US$ 495 a tonelada esta semana.
O arroz com 5% de quebrados da Tailândia caiu para US$ 510-515 a tonelada, ante US$ 550-560 na semana passada, o menor preço desde junho de 2023, devido às flutuações do baht e à suspensão da proibição de exportação pela Índia. Os preços chegaram a US$ 500 no início da semana devido à desaceleração da demanda, disse outro trader.
O arroz quebrado de 5% do Vietnã foi oferecido a US$ 552 por tonelada na quinta-feira, em comparação com US$ 565 há uma semana, de acordo com a Vietnam Food Association. Os preços atingiram o menor nível em mais de um ano.
Balança comercial
Segundo o Cepea/Esalq, o preço médio do cereal adquirido do exterior atingiu recorde em setembro, de US$ 517,08/tonelada equivalente casca, o maior da série histórica da Secex (iniciada em 1997). Considerando-se a taxa de câmbio média, esse valor representou R$ 2.864,63/t (ou R$ 143,23/sc de 50 kg), FOB (Free on Board, origem), 4,81% acima do registrado em ago/24.
Em setembro, o Brasil importou 102,27 mil toneladas de arroz (equivalente casca), a menor quantidade desde dezembro/23, conforme dados da Secex.
Os embarques alcançaram pouco mais de 148 mil toneladas em equivalente casca em setembro/24, quantidade 9,76% inferior à de ago/24, mas 81,48% acima da de setembro/23.
Mercado Nacional
O mercado de arroz no Brasil segue com cotações lateralizadas, sem grandes novidades, exceto uma pequena retração no valor de repasse do beneficiado na semana passada. Hoje, segundo o Indicador de preços do Arroz em Casca Cepea/Irga, no RS, representa R$ 119,70, acumulando levíssima variação positiva de 0,16%. Em dólar, a saca de 50 quilos, à vista, equivale a US$ 21,92. Capitalizada, boa parte dos produtores aguarda o final da semeadura e uma elevação nos valores praticados.
Parte das indústrias saiu do mercado e está consumindo apenas estoques aguardando o ingresso de matéria-prima por valores mais acessíveis. Tradings estão fora do mercado, retornando apenas para negócios de oportunidade e alguns negócio pontual.
Até a última quarta-feira, o RS semeou 9,5% do total previsto de 948,5 mil hectares.
Se por enquanto o tsunami asiático se torna apenas uma marolinha no Brasil, a expectativa é de que na próxima safra traga ventos e cenários mais tempestuosos.
2 Comentários
O produtor é olho grande, toda semana quer aumentar o preço do arroz em casca, vai se ferrar ano que vem, vai vender arroz na safra a menos de 100,00. Cambada de olho grande.
Arroz entre 116 e 120 é um excelente preço, mas alguns cabeça de batata acham que tem que ser 150,00.
Pois é Claiton… Muito boa a tua análise!!! Eu só gostaria entender o que o pessoal está acreditando que vai acontecer ano que vem para estar aumentando área??? Governo intervindo no mercado, Preços mundiais caindo, Mercosul aumentando área, Previsão de Safra cheia, Custos em dólar subindo, preço da energia elétrica disparando… Percebo que o pessoal ainda não aprendeu com os erros do passado!!!