A difícil missão de reconstruir

“O agricultor só tem uma saída: plantar ou plantar”.

O agricultor – e, por consequência, a agricultura – só tem um jeito de se reconstruir: trabalhando. As adversidades são muitas: clima, custos, dificuldades de acesso ao crédito, legislações limitantes para a atividade, tributação alta e em cascata. Ainda assim, há apenas dois caminhos a seguir. Plantar e protestar. É sob protesto que os produtores de alimentos do extremo Sul do Brasil buscam apoio do governo federal para pactuarem as dívidas contraídas por um fator alheio às suas vontades: o clima adverso em quatro das últimas cinco safras.

Os financiamentos, retirados um para pagar o outro, formaram uma bola de neve crescente, que chegou ao seu limite quando a safra 2023/24 gerou perdas no arroz, na soja, no milho e na pecuária em virtude do excesso de chuva e inundações. Todo o Rio Grande perdeu. A safra, sim, mas também as estruturas de produção, casas, máquinas e, talvez, o mais grave, o solo. Sem máquinas, sem casas e sem silos ainda se dá um jeito de plantar. Mas, sem crédito e sem solo, torna-se impossível.

O agricultor das terras baixas, atingido pelas inundações, vai plantar novamente. Quem não o foi, também. Até porque as previsões de clima são favoráveis, e os preços atuais são remuneradores. Mas cada um terá um custo diferente. E, alguns, só permanecerão atuantes uma porque não há outra saída. É plantar ou plantar. E protestar para buscar a sensibilização do governo federal, que ainda está longe de atender o básico das demandas setoriais.

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