Demanda para exportação, dólar e dúvidas sobre área plantada estabilizam preços

 Demanda para exportação, dólar e dúvidas sobre área plantada estabilizam preços

Semeadura ainda está muito atrasada no RS

(Por Cleiton Evandro dos Santos / Revista Planeta Arroz) – O mercado do arroz em casca no Rio Grande do Sul encontrou um patamar de estabilidade nesta primeira quinzena de dezembro, depois da forte queda (14%) registrada em novembro e de uma primeira semana que, ainda que pouco, mantinha trajetória de retração (em torno de 2%) das cotações. Depois de baixar a R$ 99,44 de média em quatro de dezembro, o indicador de preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul (58×10, 50kg), à vista, Cepea/Irga-RS voltou à casa dos R$ 100,00 a partir do dia seis, e permanece flutuando entre R$ 100,02 e R$ 100,45, ou entre US$ 16,43 e US$ 16,68. Até ontem, dia 12, marcava um recuo acumulado de 1,74% no mês.

Alguns fatores contribuíram para esta estabilidade. Por exemplo, a valorização do dólar sobre o Real, que manteve a moeda brasileira acima dos R$ 6,00, tornou o cereal brasileiro mais competitivo e ensejou alguma iniciativa das tradings em busca de novas compras e novos negócios de exportação. Negócios foram reportados na faixa de R$ 105,00 a R$ 107,00 para o arroz colocado no porto. Desconta-se de R$ 5,00 a R$ 7,00 de frete, dependendo da origem, e chegamos à média dos R$ 100,00. Muitas indústrias seguiram fora do mercado, algumas que realizaram pequenas aquisições, tiveram que atuar na faixa das tradings.

O produtor que ainda tem grão armazenado da safra passada, enquanto isso, está capitalizado e não mostrou interesse na comercialização. Com oferta mínima, tradings mais agressivas, indústria pouco participativa, evidentemente o mercado mostrou-se com baixa liquidez e os preços não tiveram forças nem para reagir de forma substancial – em direção aos R$ 110,00, por exemplo – e nem para cair em direção aos R$ 95,00 que muita gente já esperava.

O Brasil exportou 111,8 mil toneladas de arroz (base casca) em novembro, com receita de US$ 51,3 milhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior. O volume caiu 20% na comparação com o mesmo período de 2023. Também houve queda na receita, de 9,4%.

Em relação às importações, o Brasil comprou, no mês passado, 75,7 mil toneladas de arroz (base casca), com queda de 22,5% em volume na comparação anual. Houve desembolso de US$ 34,9 milhões, 18,1% menos que em novembro de 2023.

Com crescimento de 9,8% na área destinada para o arroz, estimada em 1,77 milhão de hectares, o plantio da cultura também avança e já chega a 86,6%. De acordo com o levantamento da Conab, é esperado um incremento de área tanto no cultivo do arroz de sequeiro quanto sob irrigação. Com isso, a produção está estimada em torno de 12,1 milhões de toneladas do grão. Segundo o Irga, o Rio Grande do Sul está chegando a 97% (916 mil hectares) da área estimada em 948,4 mil hectares a semear nesta safra.

A Federarroz considera que por questões climáticas, mas principalmente a dificuldade de acesso ao crédito e de recuperação das áreas afetadas por enchentes, os agricultores da Região Sul não deverão confirmar a previsão de semeadura. Ainda assim, a federação está buscando que o governo amplie os prazos do zoneamento climático, para dar mais segurança aos agricultores que fatalmente semearão fora da época recomendada.

A manter-se o cenário de baixo interesse de venda e de compra, com operações apenas pontuais, e face à queda no consumo nestes meses de dezembro a fevereiro, e como a colheita ainda está distante, espera-se preços ainda estáveis ao longo da próxima semana.

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